Nascido em Torre Hermosa, no então Reino de Aragão, de uma humilde família de agricultores, Pascoal trabalhou como pastor de ovelhas dos 7 aos 24 anos. Conta-se que ele recebeu uma visão de São Francisco e de Santa Clara ordenando a ele que entrasse para a Ordem Franciscana. Em uma data futura, ele acabou sendo admitido ao mosteiro dos Franciscanos Alcantarinos de Monteforte. Como irmão religioso, ele serviu em várias funções nos mosteiros da Ordem, mas sua atividade predileta era cuidar dos pobres e doentes, pelos quais ele frequentemente derramava lágrimas de compaixão e realizava milagres de cura.
A devoção à Santa Eucaristia era o tema dominante de sua vida. Seu primeiro biógrafo, Padre João Gimenez, que era amigo pessoal do santo, registra que Pascoal passava todo o seu tempo livre diante do tabernáculo, ajoelhado no próprio assoalho, com as mãos apertadas e firmes acima do rosto. Ele também conta que o santo se deleitava em servir a várias Missas sucessivas e que várias vezes passava a noite em oração diante do sacrário.
Durante uma viagem à França em missão, ele foi chamado várias vezes para defender sua fé na Santa Eucaristia. Para um frade, usar o hábito durante aquele tempo de guerras religiosas era um convite ao desastre, e ele foi muitas vezes preso, interrogado e maltratado pelos calvinistas huguenotes. Em uma das cidades, ele chegou a ser apedrejado e sofreu um ferimento no ombro que o afligiu pelo resto da vida.
Por uma coincidência, o exato "momento da partida desse santo homem para o Céu coincidiu com o de sua entrada no mundo. Ele tinha 52 anos naquele dia, Domingo de Pentecostes, ao amanhecer" de 15 de maio de 1592 [1].
Devido à grande quantidade de pessoas que desejava ver os restos mortais, o seu corpo foi transportado da humilde cela em que ele morreu para uma das capelas na igreja de Nossa Senhora do Rosário. Os fiéis que passavam em fila pelo caixão ficavam impressionados com a irradiação celeste de seu semblante e com o líquido perfumado que se acumulava em sua testa desde o momento de sua morte. Durante os três dias de exposição, "o óleo milagroso que destilava dos membros do santo fluía copiosa e continuamente" [2]. Conta-se que foram necessários guardas armados para controlar as pessoas, muitas das quais foram autorizadas a coletar o dito líquido em pequenos tecidos, que depois curaram várias doenças até então sem esperança de cura.
Também se conta que muitos dos que participaram do velório puderam testar a flexibilidade do corpo e abrir as pálpebras para ver os seus olhos, que eram de um brilho e de uma claridade incomuns.
Dos grandes prodígios e milagres que aconteceram em todos os cantos, talvez o incidente mais extraordinário que ocorreu durante esse período solene foi a miraculosa abertura dos olhos do corpo, um milagre visto por muitas das pessoas que lotaram a igreja.
Eleonora Jorda y Miedes, uma testemunha ocular desse fato, que até então sentia repulsa por cadáveres, relatou em seu testemunho:
"Dirigi-me ao Irmão Pascoal como se ele estivesse vivo, beijei as suas mãos e seus pés e vi as milagrosas gotas de suor em sua fronte. No fim, estava me sentindo tão bem ao lado daquele santo homem que, a fim de permanecer o maior tempo possível com a sua bendita companhia, resolvi não deixar a capela antes do fim da Missa Solene. Devo confessar, para minha vergonha, que dava mais atenção ao que estava acontecendo ao redor do santo homem que à celebração do Santo Sacrifício. Quando o vi abrindo os olhos no momento da elevação da Hóstia, fiquei tão estarrecida que soltei um grito. 'Mamãe, mamãe! — exclamei para minha mãe, que tinha vindo comigo — Veja, veja! Irmão Pascoal está com os olhos abertos!' Ela olhou e também viu os olhos do santo abertos.
Todos os que fomos testemunhas desse milagre tínhamos em mente uma só coisa: que, com aquilo, Nosso Senhor queria recompensar a extraordinária devoção de Pascoal à Santa Eucaristia, dando a ele uma vida nova, a fim de que, mesmo do outro lado do túmulo, ele ainda tivesse a consolação de adorar Jesus no Santíssimo Sacramento do altar." [3]
Na noite do terceiro dia seguinte à sua morte, enquanto era preparado um lugar para o corpo sob o altar da Imaculada Conceição, Pascoal foi revestido de um novo hábito, já que o antigo havia sido despedaçado pelos fiéis. Antes do enterro, o vigilante cobriu o corpo com uma grossa camada de cal virgem para consumir rapidamente a carne e para produzir um material lustroso, que ele achou que poderia parecer bonito em um relicário. Ele também agiu pressupondo que a cal destruiria rapidamente a carne, impedindo assim que ela emitisse qualquer odor desagradável — um fato que chocaria as pessoas e "mancharia" a reputação adquirida pelo corpo depois de tantas maravilhas.
O corpo permaneceu imperturbável nesse agente cáustico por oito meses, até que o provincial da Ordem, Padre João Gimenez, que ficara impossibilitado de assistir ao funeral devido a uma doença, visitou a urna do santo com o propósito de exumar secretamente o corpo. Quanto a esse incidente, ele relata que, em companhia de vários frades:
"A tampa foi levantada e, quando nos aproximamos do relicário, atestamos a presença da crosta de cal que escondia o santo de nossa vista. Eu não permitiria que ninguém mais tivesse a honra de remover essa crosta. Por isso, fui retirando-a, pouco a pouco, começando com a porção que cobria o seu rosto.
Ó alegria celestial! À medida que eu tirava a máscara, as feições de nosso bem-aventurado irmão eram reveladas, cheias de ânimo e de vivacidade. Era de fato ele mesmo, milagrosamente preservado na carne, intacto da cabeça aos pés, até na ponta do nariz, que é normalmente a primeira parte a dar sinais de decomposição.
Quando levantei as pálpebras, parecia que os olhos se fixavam em nós e sorriam. Os membros estavam tão flexíveis que respondiam a cada movimento que fazíamos com eles. Nada lembrava morte, nem a presença de um cadáver: ao contrário, tudo respirava vida e trazia consolação e alegria para a alma. A linguagem humana é incapaz de retratar tal espetáculo.
De joelhos diante do relicário nós derramamos as mais doces lágrimas de nossas vidas. Tomei a mão do santo sobre a minha e, trazendo-a para perto de meus lábios, beijei-a ternamente. Um líquido cristalino como bálsamo destilou de seu rosto e de suas mãos. Quando todos os religiosos tinham satisfeito sua devoção, uma camada fresca de cal se espalhou sobre o corpo e, então, eu me dirigi ao santo nos seguintes termos:
'Aquele que por oito meses preservou-te tão milagrosamente sob esta cal, é poderoso o bastante para te preservar ainda, pelos muitos anos que hão de vir, e dar assim maior fulgor ao milagre, até chegar o tempo oportuno de transladar as tuas gloriosas relíquias a um sepulcro menos indigno de ti.'
Tendo restabelecido a urna em seu nicho, e reconstruído a pequena parede de tijolos, retiramo-nos em silêncio para preparar um registro desse primeiro reconhecimento do corpo." [4]
A segunda exumação foi realizada em 22 de julho de 1594. Os religiosos da comunidade encontraram apenas alguns pedaços de sua mortalha. O corpo, com exceção da extremidade das narinas e de alguns fragmentos de pele, continuava resistindo à corrupção, e descobriu-se que o pedaço de um ouvido e um dedo tinham sido anteriormente levados como relíquias. Também se descobriu que o corpo permaneceu sem apoio quando colocado em posição vertical.
A data da terceira exumação privada não é conhecida, mas um incidente ocorrido nessa ocasião é digno de nota. Um dos religiosos, em segredo e sem autorização, amputou ambos os pés do santo e levou-os consigo. Ao descobrirem o sacrilégio, os superiores ordenaram que os pés fossem devolvidos, sob pena de excomunhão, e eles foram imediatamente recolocados no caixão algumas horas depois. A mutilação acabou sendo vantajosa, no entanto, pois de seus pés foram retiradas numerosas relíquias.
Dezenove anos após a morte do santo, uma exumação oficial foi feita para o processo de beatificação. Na presença do bispo de Segorbe, do provincial, do postulante da causa, de alguns eminentes dignatários do país, de médicos, de cirurgiões e de um escrivão, os três cadeados do caixão foram abertos e as formalidades de costume foram observadas antes que o seu interior fosse revelado.
"Assim que a tampa foi aberta, uma fragrância agradável, parecida com um aroma de flores, emergiu do sepulcro. Com uma tesoura, o bispo começou a abrir o hábito do santo até a cintura, a fim de dar aos médicos a oportunidade de fazer uma avaliação do corpo, que já estava por dezenove anos fechado dentro do caixão. Os médicos e cirurgiões empreenderam aquele delicado procedimento com o cuidado e a reverência que eram esperados de cristãos sinceros. A tampa foi recolocada assim que eles terminaram, satisfeitos, as suas investigações. No dia seguinte, a comissão se reuniu mais uma vez para ouvir a leitura do relatório médico. A conclusão a que chegaram, baseada nos princípios da ciência médica, confirmava o estado milagroso do corpo:
'Nós, os médicos e cirurgiões abaixo assinados, afirmamos sob juramento diante de Deus e de acordo com a nossa consciência, que o corpo do irmão Pascoal Bailão é incorrupto, e que a forma de sua preservação é sobrenatural e milagrosa.'" [5]
Aos prodígios e milagres mencionados acima deve ser acrescentado outro: o dos curiosos "golpes" que procediam de seu túmulo e de suas imagens. As batidas eram interpretadas instintivamente de acordo com a sua intensidade e frequência, e eram normalmente aceitas como um aviso amigável. É desnecessário dizer que os barulhos incomuns instilavam nos corações dos agraciados uma intensa alegria religiosa e uma grande consciência da presença do santo.
Os estranhos barulhos foram escutados pela primeira vez quando um filho espiritual do santo, Antônio Pascal, começou a usar em seu pescoço um relicário contendo um pequeno fragmento de osso tirado de um dos seus pés. Primeiro, o menino sentia leves toques em seu peito, como se as relíquias estivessem vivas, e essas vibrações foram se tornando habituais. A quem quer que desconfiasse do milagre, era só o menino tirar o relicário e dizer devotamente: "Adorado seja o Santíssimo Sacramento do altar", e as batidas imediatamente se faziam ouvir.
A devoção ao Santíssimo Sacramento que Pascoal Bailão exibia tão devotamente durante a sua vida refletiu nos fenômenos e milagres realizados por ele depois de sua morte, os quais contribuíram em grande medida para um avivamento da fé e um aumento da devoção nos corações de muitos. Portanto, nada seria mais apropriado que Pascoal Bailão, canonizado em 1690, fosse declarado pelo Papa Leão XIII em 1897 padroeiro dos Congressos Eucarísticos e de todas as organizações dedicadas ao aumento do amor e da devoção à Santa Eucaristia.
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