Cecile Richards, a presidente da maior rede de abortos dos Estados Unidos, a poderosa Planned Parenthood, está preocupadíssima com os rumos de sua ONG aborteira agora que o governo Trump decidiu abrir fogo contra a "cultura da morte". Dias atrás, em um apelo desesperado por novas doações financeiras, Richards conclamou os defensores do aborto à "batalha de nossas vidas" contra o que chamou de "a maior ameaça aos direitos reprodutivos da mulher que esta nação jamais enfrentou".

A retórica é pulsante e não podia ser diferente. Acostumada a receber quase US$ 530 milhões anuais do Estado para abortar cerca de 324 mil bebês ao ano, a Planned Parenthood viu sua mina de ouro evaporar quando, no início deste ano, o presidente americano Donald Trump assinou uma medida contra o financiamento de ONGs pró-aborto que atuam em países de terceiro mundo. E as coisas devem ficar ainda mais complicadas nos próximos meses, caso o Congresso decida finalmente transferir os fundos, até então dedicados a ela, para outras clínicas de saúde feminina, que não praticam abortos.

É claro, portanto, que Cecile Richards não poderia assistir passivamente à derrocada da Planned Parenthood sem que fizesse algo para defender o chamado "direito à escolha" da mulher de matar ou não seus filhos. Escolhidas as armas, hora do ataque: "Lutemos contra as racistas, homofóbicas, xenofóbicas, transfóbicas políticas da administração Trump", disparou a líder feminista, repetindo os já conhecidos jargões da grande mídia contra o atual governo americano. E o objetivo é claro: construir um monstro luciferino contra o qual a Planned Parenthood possa posar de vítima e heroína ao mesmo tempo. Trata-se do expediente mais antigo dos revolucionários, que raciocinam não a partir do senso comum, no sentido aristotélico do termo, mas a partir do seu mundinho das ideias, ao qual todos devem se submeter.

Uma vez, discorrendo sobre o surrealismo dos esquerdistas, Gustavo Corção fez a seguinte colocação:

Não, a esquerda propriamente dita jamais lutou contra a injustiça ou pela justiça; mas freqüentemente lutou contra os que, por assim dizer, lhe fazem o favor de praticar certas injustiças. É melhor usar o termo próprio: as esquerdas aproveitam as injustiças, vivem das in­justiças, para manter em movimento os dois cilindros da motocicleta do progresso na direção da luta de classes. [1]

A descrição não poderia ser mais fiel ao que se pode observar no modus operandi da Planned Parenthood, especialmente na fala de sua presidente. Ao apelar para os jargões preconceituosos contra Donald Trump, Cecile Richards não está defendendo nem as mulheres, nem os imigrantes, nem os homossexuais. Ela está apenas se alimentando do impacto que essas palavras causam no imaginário popular para manobrar uma massa de inocentes úteis que assegurem o seu depósito governamental ao fim do mês. Não é com a injustiça contra negros e homossexuais que Richards está preocupada, mas com o "injusto" corte de verbas que o governo Trump lhe fez o favor de conceder.

É assim que Cecile Richards jura escandalizar-se com os, sim, deploráveis comentários de Donald Trump sobre as mulheres, mas nada diz de sua candidata, Hillary Clinton, ter achado graça no fato de seu cliente estuprador ter conseguido enganar o detector de mentiras. É assim que Cecile Richards, à la Monalisa Perrone, inventa um suposto racismo ou preconceito homofóbico de Donald Trump sem ele nunca ter dito qualquer palavra contra esses grupos sociais. É que "não há mais violenta paixão do que essa de ver realizada, materializada, e funcionando, uma Idéia emanada de nossa mente criadora" [2]. Trata-se da "vontade de poder", como diria Gustavo Corção: "uma paixão de impor ao mundo uma forma nova, uma Idéia" [3]. Não importa se essa ideia contraria a lei natural e a razão. A lógica é esta: se o remédio não funciona, mudemos o paciente. Vale tudo para manter a "cultura da morte". Até mentir.

Acontece que a International Planned Parenthood Federation, a multinacional da morte, foi criada em 1916, pela ativista Margaret Sanger, com um objetivo muito claro: dizimar as populações negras e de imigrantes por meio da esterilização e da promoção do aborto. Sanger, aliás, era muito querida entre os círculos da Ku Klux Klan, para a qual chegou a ministrar uma palestra, devido às suas posições eugenistas e racistas. Na sua visão revolucionária, negros, imigrantes e pobres seriam o tipo de "seres humanos que nunca deveriam ter nascido".

E enganar-se-ia quem pensasse que esse racismo é algo do passado, com o qual a Planned Parenthood não tem mais nada a ver. Recentemente, em outra daquelas séries de vídeos escandalosos sobre as suas, por assim dizer, políticas econômicas, um doador aparece oferecendo uma quantia generosa à instituição desde que esta se comprometa a realizar um aborto em um bebê negro. "Por qualquer motivo aceitarão o dinheiro", responde a atendente.

Desde o tráfico de órgãos à negação de exame pré-natal, é a isto, e nada mais, que se resume a tal saúde reprodutiva da Planned Parenthood: aborto. Eles querem abortar e vão inventar qualquer artimanha para continuar a sacrificar vidas inocentes noaltar do globalismo, do qual são um fiel aliado.

Cecile Richards tem razão, porém, quando afirma que os direitos da mulher estão em perigo. Certamente, a política pró-aborto da Planned Parenthood é um perigo grave à saúde da mulher, sobretudo se essa mesma ONG continuar a ditar as regras do jogo através do financiamento público. O seu currículo está aí para provar: uma fundadora eugenista, cujo objetivo era eliminar os negros dos Estados Unidos, e que encontra sucessores ainda hoje dentro da sua instituição, cumprindo engenhosamente cada item de sua cartilha antinatalista. Que caia logo a Babilônia!

*

No Brasil, que coincidência!?, uma nova lei quer agora criar um fundo para… o "Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres". Você já sabe onde essa história vai terminar.

Referências

  1. CORÇÃO, Gustavo. O século do nada. São Paulo: Record, 1973, p. 97.
  2. Ibidem.
  3. Ibidem.

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