Falou-se aqui, há alguns dias, que a pornografia está construindo a "cultura do estupro". É que os homens, imersos no universo do sexo pornográfico, olham para o ato sexual cada vez mais como uma "oportunidade". O que interessa é alcançar o clímax sexual, sejam quais forem os meios. Nessa lógica, as mulheres – que deveriam ser as suas companheiras de vida, respeitadas e amadas – se convertem em mero "instrumento" para a obtenção de um prazer fácil e passageiro.
Transformadas, assim, em objeto de satisfação do ego masculino, a sua dignidade e liberdade são abusivamente jogadas na lata do lixo – primeiro, na mente masculina, deformada pela constante exposição a material pornográfico; depois, na vida real, por meio de abusos concretos. Não existe fronteira que separe o território da pornografia do império da violência.
A pergunta é – e é este o tema deste texto: como solucionar esse problema? No mesmo artigo publicado em The Telegraph, falando sobre a ruína total da adolescência por conta da pornografia, Claire Lilley oferece uma sugestão perigosa para o problema. Para a ativista britânica, cabeça da NSPCC (sigla em inglês para "Sociedade Nacional de Prevenção à Crueldade com Crianças"), o governo deveria ser acordado "para assegurar que os jovens recebam lições claras sobre relações sexuais saudáveis".
A jornalista Allison Pearson, comentando a ideia de Lilley, faz notar, ironicamente, que, no enfrentamento desse problema, de nada adiantam "demonstrações de como colocar camisinha em uma banana".
As suas palavras acendem um alerta para o mundo e fazem recordar um ensinamento da Igreja para o qual o mundo virou as costas. Em 2009, durante viagem a África, o Papa Bento XVI foi questionado se o modo de a Igreja enfrentar a AIDS não era "irrealista e ineficaz", ao que ele afirmou que não se pode superar os problemas relacionados à sexualidade simplesmente com "a distribuição de preservativos". Ao contrário – dizia ele –, eles só "aumentam o problema" [1].
Escândalo! Quando o Papa ousou dizer o óbvio – já atestado inclusive por um especialista no assunto –, o mundo ocidental rasgou as vestes. Mas é isso mesmo. Não se pode simplesmente descartar "as verdades resultantes do conhecimento natural (...), mesmo que essas verdades sejam contemporaneamente ensinadas por uma religião específica, pois a verdade é uma só" [2]. Não é preciso ser católico para reconhecer que uma capa de látex não é solução nenhuma para a decadência moral da sociedade.
Também é muito fácil perceber por que distribuir camisinhas só faz aumentar o problema da degradação sexual. Sem "uma humanização da sexualidade", que renove o homem espiritualmente e "inclua um novo modo de comportar-se um com o outro" [3], a camisinha só torna mais fácil a conquista do prazer venéreo, sem que ele esteja ligado a nenhuma consequência. O preservativo é um material que diz: "Eu uso você, depois me levanto e vou embora". Pode até preservar o casal envolvido de ter um filho ou pegar uma DST, mas não preserva o casal da chaga do egoísmo, nem evita que o ser humano seja destruído em sua dignidade. É apenas uma solução aparente e externa para um problema muito mais profundo, que diz respeito à própria alma humana.
Qual a salvação, então? – alguém perguntará. – Aulas de "educação sexual"? – Absolutamente, não. Ninguém precisa "aprender a fazer sexo". Nenhum ser humano – muito menos uma criança – precisa ser exposto a professores "colocando camisinhas em bananas" ou ensinando a masturbação, sob o pretexto de "prevenção" ou conhecimento do próprio corpo. As pessoas não são descartáveis, sexo não é parque de diversões e, acrescente-se, escolas não são para isso.
O que o homem precisa é ser educado para o amor. É aprender de seu pai como se deve tratar uma dama e sustentar uma família; é receber de sua mãe como se deve ornar o próprio corpo e cuidar do seu lar; é ver na sua casa o sentido por trás de toda a sexualidade humana. Porque o homem não é um animal como qualquer outro. Para além de seu corpo, existe nele uma alma, alma esta que, sem amor, jamais poderá ser plenamente saciada.
A despeito de uma sociedade que considera "normal" vender o próprio corpo e de uma cultura que vulgarizou o sexo e esvaziou totalmente o significado do amor, urge resistir valorosamente, ensinando às crianças – principal e primeiramente dentro de casa – que o mundo real, criado por Deus, não é como ensinam os filmes de Hollywood ou as novelas da Rede Globo. Os jovens precisam descobrir, desde a mais tenra idade, a equação divina inscrita no coração do homem: sexo é sinônimo de família.
Por isso, a solução para o mal da pornografia e para a banalização da sexualidade só tem um nome: família. Enquanto os laços familiares não forem restaurados, não será possível tirar a humanidade do lamaçal de pecado e destruição em que ela se encontra. Que ressoe bem forte nos corações dos pais e educadores o apelo vibrante do Papa São João Paulo II: "Família, torna-te aquilo que és!" [4].
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