Do ateísmo ao protestantismo e do protestantismo à fé católica. Conheça o testemunho do jovem Paulo que, com um coração inquieto, procurou a verdade e voltou para os braços da Igreja. "Deus está comigo. E descobri que, nesse tempo inteiro de lutas, idas e vindas, Maria também estava."

Olá, Equipe Christo Nihil Praeponere.

Apesar das muitas ocupações do Padre Paulo Ricardo, estou escrevendo esse testemunho na esperança de que chegue até ele, como mais um exemplo de conversão ao catolicismo. Minha história tem muitas reviravoltas e é uma prova da misericórdia de Deus e do amor de Maria.

Não cresci num lar religioso. Embora meus pais fossem católicos (não praticantes, infelizmente), nunca fui incentivado a conhecer mais sobre Deus e a Igreja. Ao longo da vida aprendi valores morais cristãos, mas não os identificava assim. Eram apenas "o certo e o errado". Aos 10 anos fiz a primeira Comunhão. Não me interessava. As formações eram "chatas, sem ânimo". Aquele falatório de "coisas que eu não tinha interesse em saber". Infelizmente, passei por essa fase sem compreender a importância do que vivia. Apesar do pouco ensino e incentivo religioso, os primeiros meses após a primeira comunhão foram de grande religiosidade. Em minha mesa de estudo havia sempre uma Bíblia infantil aberta no meio, em uma imagem linda, de uma paisagem com plantações e árvores, além de um lindo céu azul. No meio, um terço, que eu não sabia rezar, mas achava bonito.

Ainda assim, não era católico de fato. "Obrigação de ir à missa? Coisa de velho! O que importa é amar a Jesus"... Aos 13 anos, início da puberdade, um milhão de ideias entrava em minha mente. Estava no nono ano (antiga oitava série), e embora boa parte dos meus amigos não se interessasse por religião, filosofia etc, eu tinha uma aproximação pelas ciências humanas. Cresci lendo e ouvindo. Aos 13, comecei a ouvir demais. As influências de Antonio Gramsci faziam pressão em minha mente e eu, inocente, achava que estava adquirindo cultura. Lia sobre a Bíblia apoiar a escravidão, sobre Deus permitir tragédias, guerras, morte, desastres e fome, sobre a perseguição aos homossexuais, negros e mulheres na Idade Média e sobre as guerras travadas por motivos religiosos. "Mas, Deus não é amor? Como pode deixar que isso ocorra?". Relativismo puro, como veneno. Embora detestasse o socialismo/comunismo, detestava ainda mais as religiões. Igreja era coisa de alienado, escravo de padre e pastor. Deus ainda fazia sentido, religião não. Aos poucos, nem o Senhor estaria a salvo da metralhadora do meu neo-ateísmo.

Ateu aos 14. Compartilhava posts de páginas como se destruir a fé dos outros fosse o motivo de minha existência. Mal sabia eu, mas Deus estava me observando, sabendo que tudo ia mudar. Comecei a andar com más companhias. Desafiava meus pais. Num momento delicado, um convite me foi feito. Um grande amigo me convidou para um retiro de carnaval, de sua igreja. Era o ano de 2013, e pouca escolha eu tive. Fui meio desanimado, meio curioso. Evangélicos eram como alienígenas para mim. Não os conhecia e nem tinha curiosidade em conhecer. Quando cheguei na granja, um ambiente diferente do que eu imaginava. Nenhuma mulher com cabelo até os joelhos. Meninas de shorts e blusa. Rapazes de bermuda e camisa. Conversando, rindo, ouvindo música. Parecia que não eram religiosos. Divertiam-se. Estranho...

Passaram os dias e fui sentindo. Não era calor nem frio. Não era medo nem coragem. Não se pode descrever. Foi único e senti. Fiz amigos, descobri que Deus existe e que é misericordioso. A igreja evangélica me mostrou Seu amor e perdão. Mudei, enfim. Converti-me. Havia um clima de esperança no ar. E comecei minha jornada rumo à Igreja Católica.

O interesse por teologia crescia imensamente. John Stott, Calvino, Lutero, Armínio, Paul Washer, John Piper, Dietrich Bonhoeffer. Era um mundo a ser descoberto. Com meu interesse e gosto pela leitura, fui em frente. Além da Bíblia, "Ouça o Espírito, Ouça o Mundo" era meu livro preferido. Eu era pentecostal clássico e os livros aos poucos me levaram para outro caminho. Através de amigos, leitura, debates em redes sociais e conversas, me aproximei do protestantismo reformado. Tornei-me calvinista, mas ainda pentecostal. Desejava muito passar a congregar em uma Igreja Presbiteriana, porém já havia arrastado minha mãe para o ambiente pentecostal e ela já se sentia em casa lá. As leituras, felizmente mudaram. De Stott para Lutero. De Lutero para Calvino. E então, de Calvino para Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.

Embora adorasse os dois pensadores, era anticatólico. Aprendi a ser contra o uso de imagens. Era contra a Bíblia. Purgatório? Uma heresia! Celibato? Alienação da Igreja! Maria? Uma mulher normal. Especial, mas normal. Meu pai, após a minha conversão, e posteriormente de minha mãe, passou a se interessar novamente pelo catolicismo. Virou mariano, como nunca havia sido. Brigas e debates em casa eram constantes. Eu queria que ele entendesse que só Jesus salva e que a Igreja fundada por Cristo era o cristianismo, não a Católica. Curtia páginas anticatólicas e tinha várias imagens deles em meu celular. O ódio, porém, teve o efeito contrário. Passei a me interessar por estudar o catolicismo. Queria entender que loucura era essa de se ajoelhar perante estátuas, rezar por quem já morreu e repetir orações. A tradição era linda, mas falha. Voltei aos livros, e as escamas de meus olhos caíram. Dessa vez, já conhecia a Deus. Foi a hora de conhecer a Igreja.

Sabia que havia um padre muito bem conceituado, que destruía Gramsci, Marx e o PT. Mas era padre. "Que pena, nem todos são perfeitos." Passei a ver seus vídeos sobre santos, Maria, intercessão, purgatório e suas críticas aos protestantes. Fui me incomodando. A verdade me incomodava. E quanto mais eu lia, ouvia e debatia, mais ficava incomodado. Decidi ir para a batalha. Pedi postagens, explicações e testemunhos em uma página cristã no Facebook. Criei amigos lá. Aos poucos, dúvidas iam sendo tiradas, e descobri que, de catolicismo, não sabia nada. Passei a querer ser católico. O amor de Nossa Senhora era tão lindo, mas me relutava a me entregar em seus braços. Orei, pedi iluminação. Estava decidido. No começo desse ano, fui a um retiro de carnaval. Aproveitei para conversar com amigos sobre. Felizmente, tive apoio e sorrisos como resposta a minha escolha. Antes do acampamento, porém, fui à Paróquia aqui do bairro, conversar com o Padre e me confessar. Conversamos, mas ainda não me confessei, afinal iria para o retiro evangélico. Era o grande desafio. Na volta, estava com mais certeza ainda. Relutei, devido a amizades que cultivei e que amo, mas Cristo me chamava. Era isso ou enlouquecer.

Fui me confessar e, enfim, me tornei Católico Apostólico Romano. Ou melhor, voltei para os braços da Igreja. Passei por muita coisa. Conheci pessoas, ouvi, falei, agi, critiquei e fui criticado. Errei e acertei. Desacreditei, me converti, estudei e voltei para a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Hoje, rezo o terço todo dia, leio a Bíblia (que descobri ser diferente do livro que carregava todos os domingos debaixo do braço para ir ao culto) e o Catecismo. Amo a Igreja e a Maria. Comecei a participar da Pastoral de Acólitos da Paróquia. A jornada? Dura, árdua. Ninguém disse que seria fácil. Mas, Deus está comigo. E descobri que, nesse tempo inteiro de lutas, idas e vindas, Maria também estava. Me olhando, protegendo, abraçando. Enfim, amando.

Que Nosso Senhor Jesus Cristo abençoe ao senhor, Padre Paulo Ricardo. Tens sido luz no Brasil. Oro pela sua vida e pelo seu trabalho. Seu, e de toda sua equipe. Que Nossa Senhora e São José o guiem num caminho de santidade e obediência.

Natal/RN, 14 de abril de 2015

Fiquem com Deus,

Paulo.

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