Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 18,1-8)
Naquele tempo, Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’ Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!’” E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”
Temos hoje a alegria de celebrar a memória de São Josafá Kuncewicz, um dos grandes apóstolos da unidade entre as igrejas grega e latina. Josafá nasceu por volta de 1580 em Volínia, no noroeste da Ucrânia, numa região historicamente marcada pela divisão entre católicos e cismáticos ortodoxos.
Filho de rutenos nobres e piedosos, Josafá ingressou com cerca de 20 anos no mosteiro da Santíssima Trindade, da Ordem de São Basílio Magno, onde a fama de sua santidade começou a difundir-se. Em 1609, foi ordenado presbítero e, em pouco tempo, nomeado arquimandrita de Vilnius e hegúmeno de seu mosteiro. Em 1614, foi sagrado bispo coadjutor da Arquieparquia de Polatsk. Exemplo de todas as virtudes e estrênuo defensor da fidelidade ao Sumo Pontífice, Josafá trouxe de volta à unidade da Igreja Romana muitos heréticos e cismáticos orientais. Sua atividade pastoral em defesa da unidade eclesiástica, porém, não deixou de suscitar o ódio de muitos dissidentes, que em 1623, na cidade de Vitebsk, invadiram a igreja em que ele acabara de celebrar a Divina Liturgia, lincharam-no a machadadas e lançaram-lhe o cadáver num rio.
Morto com apenas 43 anos, o corpo de Josafá foi encontrado pouco depois e é hoje venerado na Basílica de São Pedro, em Roma, cujos direitos ele sempre defendeu. O Papa Urbano VIII ornou-o com a honra dos beatos em 1643 e, em 1867, o Papa Pio IX o inscreveu por fim no catálogo dos santos.
A vida deste grande santo nos recorda com que firmeza devemos nós hoje, em tempos de um mal entendido ecumenismo, defender e amar a unicidade e a unidade da Igreja de Cristo. Por vontade de seu divino Fundador, a Igreja é una e única, sem fraturas internas nem mutilações externas: não há, fora da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, outra “igreja” no sentido pleno da palavra. Podemos, é verdade, reconhecer em algumas comunidades cristãs separadas de Roma a existência de certos “elementos eclesiásticos” que elas herdaram da Igreja de Cristo, quando a ela ainda estavam unidas (como os sacramentos entre os “ortodoxos”), ou dos quais se apropriaram, já que não lhes deram origem (como a Sagrada Escritura entre os protestantes).
Jesus quis que a sua Igreja fosse única e visível a todos, porque é ela, Corpo místico de Cristo, aquela videira que dá aos ramos a seiva da vida espiritual e o vigor da sã doutrina. Separados dela, não somos mais do que gravetos secos, sem vida, prontos para ser lançados ao fogo. Que o bom Deus desperte em nós o mesmo Espírito que animou o bem-aventurado Josafá a dar a vida por suas ovelhas, a fim de que também nós, mantendo-nos unidos à Santa Igreja Romana, mereçamos alcançar um dia o prêmio de que ele já goza no Céu.
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