Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 7, 1-2.10.25-30)
Naquele tempo, Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente, mas sim como que às escondidas.
Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? Mas este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde é”.
Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”. Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora.
Neste capítulo 7 do Evangelho de São João, Jesus caminha para o seu maior sacrifício e entrega: a sua Paixão, e a controvérsia que vemos entre Cristo e os chefes dos judeus não poderia ser mais aguda e terrível. Ele, no Templo de Jerusalém, faz uma afirmação tremenda: “Vós não conheceis Aquele que me enviou, mas Eu o conheço” (cf. Jo 7, 29), dizendo algo sublime e extraordinário, mas, ao mesmo tempo, escandaloso.
No Antigo Testamento, a pessoa que mais esteve próxima de Deus foi Moisés. No Livro do Êxodo, Moisés pede para ver a glória de Deus, mas Ele responde que ninguém pode ver a sua Face e continuar vivo. Então, o Senhor coloca Moisés em uma fenda da rocha e cobre-o com sua mão enquanto passa, revelando sua bondade. Depois que Deus se retira, um resplendor da sua glória reflete no fundo da caverna, e Moisés sai com o rosto brilhando. Tudo isso foi dito para que percebêssemos que o maior acontecimento de revelação do Antigo Testamento não passou de um revérbero indireto da glória de Deus, que brilhou no rosto de Moisés, e, portanto, na Sagrada Escritura.
No entanto, é totalmente diferente do que Jesus nos apresenta e, para compreendermos o que Ele está dizendo, vejamos o Prólogo de São João: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1, 18), ou seja, foi Cristo que nos explicou quem é Deus. As palavras originais do grego são interessantes, pois dizem assim: “Eis ton kolpon tou Patros” (εἰς τὸν κόλπον τοῦ πατρός) — “o Filho está voltado para o peito do Pai” — , e “kolpon” (κόλπον) quer dizer “tórax”, “peito”, remetendo assim à intimidade.
Essa mesma palavra é usada pelo evangelista João para descrever a atitude do discípulo amado na Última Ceia, que colocou sua cabeça no peito de Jesus, assim como, metaforicamente falando, o Filho eterno está voltado para a intimidade do Pai. Essa é a grande diferença entre Jesus e Moisés, ou entre Jesus e todo o antigo Antigo Testamento; pois Ele é o Filho que viu e vê a Deus face a face, e é Ele quem nos deu a conhecer o Pai. Por isso, Jesus diz, no Evangelho de hoje, que eles não conhecem o Pai, uma vez que, apesar da revelação do Antigo Testamento ser real, é somente um revérbero da luz divina, uma lâmpada. Já a verdadeira luz que ilumina todo homem é Jesus, mas ela vem diretamente de Deus, porque Ele é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro”. Eis a nossa maravilhosa fé cristã. Cristo é Deus, portanto, Ele não veio falar de Deus por ter ouvido dizer nem por ser apenas uma das manifestações do Senhor na história, como dizem alguns teólogos modernistas. Jesus é o próprio Deus encarnado que veio nos revelar quem é o Pai, sendo o único caminho que devemos seguir. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Isso foi um escândalo para os judeus da época de Cristo e, por isso, eles o mataram como um blasfemo. Da mesma forma, também é um escândalo para o mundo moderno, que, por isso mesmo, tenta a todo custo destruir a Igreja de Cristo, matar a verdadeira religião, acabar com a verdadeira Revelação de Cristo. Mas a Igreja é a esposa que brotou do peito aberto de Jesus, o Filho Unigênito que vê Deus face a face na Eternidade.
Portanto, renovemos a nossa fé, especialmente neste tempo de Quaresma, e creiamos sem medo na santa Igreja de Cristo, o único que conhece o Pai e no-lo revela.
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Jesus é o próprio Deus encarnado que veio nos revelar quem é o Pai, sendo o único caminho que devemos seguir. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Já a verdadeira luz que ilumina todo homem é Jesus, mas ela vem diretamente de Deus, porque Ele é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro”.
"Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro”.Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
“Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”.(Jo 7,28-29)