CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®

A humanidade de Cristo e a plenitude da graça

Tudo o que se pode fazer é devido à graça de Deus. É ela que precede, alimenta e ajuda; que auxilia, acompanha e termina; e é por ela que são boas aos olhos de Deus as obras que Ele nos concede realizar.

Texto do episódio
450

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 5, 17-30)

Naquele tempo, Jesus respondeu aos judeus: “Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho”. Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus.
Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus: “Em verdade, em verdade vos digo, o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz também. O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados.
Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. De fato, o Pai não julga ninguém, mas ele deu ao Filho o poder de julgar, para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.
Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, pois já passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade, eu vos digo: está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. Não fiqueis admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão: aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação.
Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

Ontem, demos início à reflexão do Evangelho de hoje, quando vimos que Jesus curou o paralítico — que há anos se encontrava nesse estado, por ter tido preguiça em pedir ajuda a alguém — e, por tê-lo curado em dia de sábado, foi repreendido por fariseus enfurecidos. No entanto, Ele respondeu-os dizendo: “Meu Pai trabalha sempre, portanto, também eu trabalho”(Jo 5, 17). 

Vendo esse relato, fizemos uma reflexão a respeito da atitude de trabalharmos por nossa salvação; porém, essa nossa iniciativa deve acontecer com a “cabeça no lugar”. Ou seja, Jesus diz que seu Pai trabalha sempre, e Ele próprio também, mas conclui no final do Evangelho de hoje: “Eu não posso fazer nada por mim mesmo”(Jo 5, 30), declarando assim a sua total dependência do Pai.

Jesus, enquanto ser humano, declarou, no capítulo 5 do Evangelho de São João, que ninguém nada pode sem o Pai. Contudo, um pouco mais para frente, no capítulo 15, Ele diz na Última Ceia para seus Apóstolos: “Sem mim, nada podeis fazer”(Jo 15, 5). O que significam, então, esses dois “nadas”? Significam o primado da graça. Jesus, enquanto homem, tudo fez por meio da graça inesgotável de Deus, a tal ponto que Ele se tornou fonte da graça. O Espírito Santo presente em sua vida fez dele o Cristo, e por isso Ele estava inteiramente unido a Deus. 

Em nós, o Paráclito age derramando em nossos corações a sua graça para nos unirmos cada vez mais a Deus. Entretanto, com Jesus não existe “mais ou menos”: Ele é o próprio Deus que se fez homem; logo, está plenamente unido ao Pai Celeste através do Espírito Santo, de uma forma que não pode ser aperfeiçoada. A união dele é total, de modo que, quando a humanidade de Cristo — corpo e alma — age, é Deus mesmo que está agindo. 

Portanto, Jesus está dizendo no Evangelho de hoje que sua humanidade não pode fazer nada por si própria. Ele nos ensina também o primado da graça, que era tão abundante em sua humanidade que esta, unida ao Espírito Santo, pôde fazer prodígios e conceder-nos a salvação. 

Depois, Deus decreta que, a partir de Jesus, toda graça e toda salvação só chegará a nós, de alguma forma, através da humanidade de Cristo. É por isso que Jesus diz na Última Ceia: “Sem mim, nada podeis fazer”, porque Ele, tão unido a Deus, agora é um instrumento de salvação e, se quisermos nos unir ao Pai, precisamos antes de Cristo. 

O Espírito Santo e a sua graça levam-nos a realizar grandes prodígios, mas apenas se os recebermos através de Jesus. Junto a Ele, portanto, continuemos perseverantes, em especial nesta Quaresma, para que possamos receber o Paráclito em nossos corações e verdadeiramente amar o nosso Pai, que está nos Céus.

O que achou desse conteúdo?

Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Comentários dos alunos