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Texto do episódio
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Na estreia do programa intitulado “Parresia", nada mais justo que explicar o significado dessa palavra. Em grego, quer dizer franqueza ao falar, destemor nas palavras. Esse jeito se embasa na última frase do livro dos Atos dos Apóstolos quando diz a respeito de Paulo que ele “recebia todos os que o procuravam, proclamando o Reino de Deus e ensinando o que se refere ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade e sem impedimento." (At 28, 30-31)

A parresia, portanto, é uma característica da pregação cristã, pois este sabe que deve temer a Deus e não os homens. O contrário de parresia é o respeito humano.

O cristão deve temer a Deus, pois “o temor do Senhor é o princípio do conhecimento" (Pr 1,7), ensina a Sagrada Escritura. Por isso, ele não deve ter a preocupação de agradar, de jogar para a torcida, como se diz corriqueiramente. Diante dos olhos deve ter somente o desejo de agradar a Deus.

Em português existe a palavra “parrésia", que significa um atrevimento na oratória, ou seja, falar sem papa na língua. Ambos os sentidos estão interligados. E este site pretende oferecer justamente esse serviço: anunciar a palavra de Deus para cada um e para a Igreja sem a preocupação de agradar aos homens, sem tender ao politicamente correto.

A Igreja do mundo e em especial a do Brasil tem sofrido pela timidez. O cristão de repente foi tomado de medo e recolheu-se com medo de desagradar o outro ao anunciar a fé. O medo de desagradar, o politicamente correto implantou nos cristãos uma pusilanimidade, uma reserva, fazendo-o esquecer-se de sua vocação primeira, que é anunciar a Palavra com destemor.

A parresia está ligada à virtude humana da coragem. Esta, por sua vez, pode ser também um dom do Espírito Santo, a fortaleza. Ela é necessária para que a pessoa consiga realizar-se, ter coragem de viver, não esconder-se de si mesmo, e pode ser aperfeiçoada pelo dom da fortaleza.

Existe também uma outra ferramenta que pode ajudar a pessoa ter parresia: a santa ira. Ela é virtuosa, pois Deus quando criou o homem, dotou-o da capacidade de se irar, portanto, é um dom. Os Santos Padres dizem que Deus deu ao homem a santa ira como se fosse um cão feroz na porta da alma, assim, quando o inimigo se aproxima com a tentação, o cão late e o homem não se deixa levar pelo pecado. Trata-se, então, de um presente de Deus para que o ser humano consiga reagir ante o pecado.

Não existe um verdadeiro amor ao bem sem um proporcional ódio ao mal. É como uma mãe cujo filho é viciado em drogas. Se ela ama o filho de verdade, ela odeia as drogas, pois elas estão destruindo o seu filho. O ódio às drogas é expressão de amor ao filho.

Por isso, é importante que todos os cristãos mantenham acesa a capacidade de se expressar contra o pecado. Cultivem a santa ira. Caso contrário, estarão algemados e prisioneiros do politicamente correto. Isso significa uma guerra assimétrica, pois, o outro lado pode tudo enquanto os cristãos são bonzinhos, pacíficos. Felizmente, existem ferramentas legítimas que os cristãos têm o direito de utilizar: a santa ira e a parresia.

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