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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10, 34 - 11, 1)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”. Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.

Celebramos hoje, com grande alegria, a Memória de São Boaventura, um dos grandes teólogos e doutores da Igreja que nos ensinam a amar Jesus. 

Ele, quando criança, adoeceu gravemente, de modo que, até mesmo seu pai, que era médico, não nutria esperança de que ele se recuperasse. Contudo, sua mãe, católica e piedosa, fez uma promessa a São Francisco de Assis, e dessa forma Giovanni — esse era seu nome de Batismo — foi curado. Depois, quando São Boaventura foi para Paris, o grande centro intelectual da época, conheceu pessoalmente os franciscanos e ficou fascinado por aquele movimento apostólico. 

O que atraiu verdadeiramente o coração de São Boaventura? Ele diz que, naqueles frades, enxergou o frescor da Igreja nascente e viu em São Francisco de Assis a realização do ideal cristão que é a configuração a Cristo. Dizer isso pode parecer pretensioso, como se fosse uma “coisa de franciscano”, mas temos um dado muito concreto: São Francisco de Assis, embora não fosse sacerdote ordenado, teve a graça de se configurar a Jesus de tal maneira que recebeu no seu próprio corpo os estigmas de Nosso Senhor. Portanto, na carne de São Francisco, São Boaventura viu que a união com Cristo nos transforma em Cristo. 

Uma das grandes contribuições da teologia de São Boaventura e da teologia franciscana é a centralidade da virtude da caridade. Enquanto em outras teologias se enfatiza muito a fé e as outras virtudes; na franciscana, predomina a vontade ardente, que se consome pela chama de amor a Cristo. 

Nós nos transformamos naquilo que amamos. Podemos ver claramente como a pessoa que se entrega ao pecado, à sujeira e às coisas mundanas, fica cada vez mais desordenada, tremenda e horrorosa de se ver e de se conviver. Por outro lado, uma pessoa que ama e se entrega a Jesus possui a graça de ter a ação do próprio Espírito Santo em seu coração, porque este, como uma chama de amor, vai consumindo a pessoa e unindo-a a Cristo de modo que ela pode dizer como São Paulo: “Vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). 

As pessoas que conheceram São Boaventura e deram testemunho sobre sua vida diziam que ele era um homem tão bom e afável que sua simples presença movia os corações. Logo, peçamos a intercessão de São Boaventura para que consigamos nos configurar a Cristo e verdadeiramente ser transformados por Ele. Boaventura pode não ter recebido os estigmas, mas pela bondade do seu coração também alcançou esse configurar-se a Cristo, sendo digno de receber a alegria inexprimível de estar face a face com Deus no Céu.


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