Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 28-30)
Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve."
O Evangelho desta 4.ª-feira nos apresenta o famoso grito do Redentor que, de braços abertos, exclama: "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e Eu vos aliviarei". O Senhor pronuncia estas palavras após os setenta e dois discípulos voltarem alegres da missão a que há pouco foram enviados (cf. Lc 10, 1-16): "Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome" (Lc 10, 17), dizem com grande satisfação pelos prodígios que Deus por meio deles operara. Jesus então exulta no Espírito Santo e, cheio de júbilo, dá graças ao Pai por haver revelado o Evangelho aos humildes e pequeninos (cf. Mt 11, 25; Lc 10, 21): "Sim, Pai, Eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado" (Mt 10, 26). O Senhor remata este seu discurso inspirado com a preciosa lição que o Evangelista Mateus fez questão de registrar: "Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração".
Cristo nos revela nesta passagem a razão de nossos cansaços, de nossa impotência diante dos fardos e das cruzes que vamos deparando ao longo da vida: é a soberba, o orgulho e o egoísmo que, fazendo peso sobre o nosso coração, tornam tudo o mais insuportável. Somos cheios de nós mesmos e, por isso, fazemo-nos rebeldes à vontade de Deus; somos como crianças mimadas e birrentas que, resistindo à educação às vezes rígida dos pais, se fecham à maturidade da vida adulta e aos desafios que um amor crescido e livre exige do coração humano. São sobretudo a falta de humildade e uma pretensa autossuficiência que nos afundam nas afobações do dia a dia, na impaciência ante as dificuldades, no desequilíbrio emocional, na canseira impensada a que, esquecidos de Deus, vamos a pouco e pouco cedendo.
Nosso Senhor, porém, nos convida a abandonar todas as nossas preocupações em seu amorosíssimo Coração: Vinde a mim, "e encontrareis descanso para vós." É nele, pois, que devemos depositar a nossa esperança, é lançando fora o jugo duma existência egoísta, fechada em si mesma, e tomando a peito o levíssimo fardo de amar a Cristo e por Ele tudo fazer que encontraremos repouso, porque os que "esperam no Senhor", diz o profeta Isaías, "renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar" (Is 40, 31). Coloquemo-nos na escola da humildade e da mansidão de Jesus; sejamos, sim, seus discípulos, como Ele nos pede no Evangelho de hoje, e aprendamos a pôr de lado a nossa altivez infantil, o nosso orgulho insensato, a nossa rebeldia ridícula: "Ó Jesus, manso e humilde de coração", clamemos todos os dias, "fazei o nosso coração semelhante ao Vosso!" Dai-nos, Senhor, o descanso dos que aprenderam a se esquecer de si mesmos e a viver tão-somente para vós!
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