Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6, 1-6)
Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.
Celebrando hoje a memória de S. Paulo Miki e seus companheiros mártires, assassinados no Japão no séc. XVI, a Igreja proclama uma passagem da Epístola aos Hebreus em que o autor sagrado nos fala do testemunho de amor a Cristo que todos estamos chamados a dar. “Irmãos”, diz-nos o Espírito Santo por meio do hagiógrafo, “vós ainda não resististes até o sangue na vossa luta contra o pecado”. Com isso, a Igreja nos faz recordar que, enquanto peregrinamos neste mundo, a nossa vida é uma luta constante contra os nossos três principais antagonistas: o mundo, o diabo e a carne. Diante deles, um cristão ou sai mártir, vencendo a tentação e aderindo à Lei de Cristo, ou idólatra, pondo-se a serviço do demônio e sujeitando-se à escravidão do pecado. É evidente, contudo, que um mártir não se faz da noite para o dia. É por isso que Deus, para nos forjar o caráter e educar-nos na fortaleza, muitas vezes nos repreende e corrige, com uma dureza que pode parecer-nos excessiva e sem sentido, mas que manifesta toda a sua doçura de Pai, “pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho” (Hb 12, 6; cf. Pr 3, 11s). É, portanto, para a nossa educação, para nos fazer crescer na paciência e na constância, que o Senhor permite que soframos, e é assim que Ele nos trata como Pai. Com efeito, se Deus é amor, como Ele poderia não castigar? E se Ele é nosso Pai, por que motivo não nos corrigiria e imporia justos limites, a fim de nos tirar da infância e conduzir-nos à plena maturidade (cf. Hb 12, 7)? Não há dúvida de que “nenhuma correção parece alegrar” no momento em que a sofremos; mas depois, se soubermos aproveitá-la com ânimo firme e sereno, conscientes de que Deus castiga a quem ama como a um filho, ela “produz um fruto de paz e de justiça” (Hb 12, 11). Que o nosso coração não desfaleça nas provações que Ele nos envia; antes, pelo contrário, vejamos nelas uma grande oportunidade de crescermos moral e espiritualmente, porque é assim que Deus nos exercita nas virtudes cristãs e nos faz capazes de passar pela porta estreita que leva à salvação. Contemos também com o auxílio dos santos e mártires do céu, que passaram por tudo o que passamos, e até por mais difíceis circunstâncias, e, apoiados na graça de Cristo, foram achados dignos e fiéis até o fim.
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