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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 16, 15-20)

Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.

Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.

De acordo com a doutrina católica [1], o segundo evangelho é obra de S. Marcos e como tal é reconhecido e venerado desde os primeiros séculos do cristianismo. Nos livros do Novo Testamento, se menciona com frequência um certo discípulo dos Apóstolos, chamado ora João (cf. At 13, 5.13), ora João Marcos (cf. At 12, 12.25; 15, 37ss), ora simplesmente Marcos (cf. At 15, 39; Col 4, 10; Fil 24; 2Tm 4, 11), o qual também é descrito como amigo e companheiro de Paulo em suas viagens apostólicas. A Tradição, sobretudo por boca de Papias (cf. Eusébio de Cesaréia, Hist. Ecl. III 39, 15), a ele se refere e permite identificá-lo com o “filho” cujas saudações transmite S. Pedro, já em Roma, a várias comunidades cristãs (cf. 1Pd 5, 13). É sentença comum que todas essas passagens se referem a uma única pessoa, designada com um dúplice nome, hebraico e latino: Yohanan Markos. Na época de Cristo, com efeito, o prenome romano Marcus já se havia vulgarizado em seu equivalente grego, Μάρκος, e é bastante provável que o evangelista cuja festa celebramos hoje fosse de cultura helênico-judaica.

Do pouco que a seu respeito nos chegou dos tempos apostólicos, sabemos que S. Marcos era filho de certa Maria, a cuja casa Pedro se dirigiu após escapar do cárcere e na qual muitos fiéis costumavam reunir-se para rezar (cf. At 12, 12). Parece, portanto, ter nascido em uma família de posses, o que lhe permitiu ser instruído em grego desde pequeno. Além disso, era primo do levita Barnabé (cf. Col 4, 10; At 4, 36) e, a julgar por alguns escritos do séc. IV, talvez ele mesmo tenha exercido o levirato. Seja como for, é certo que Marcos acompanhou S. Paulo de Jerusalém a Antioquia (cf. At 12, 25), onde lhe serviu de auxiliar (cf. At 13, 5b). No entanto, por algum motivo que os Atos silenciam, não quis seguir o Apóstolo até Perge, na Panfília, senão que decidiu retornar a Jerusalém (cf. At 13, 13), razão por que Paulo não o admitiu mais como companheiro de ministério (cf. At 15, 38). Por volta dos anos 49 ou 50, viajou com Barnabé a Chipre e, pouco tempo depois da primeira prisão de Paulo, reconciliou-se com o Apóstolo e voltou a ajudá-lo a pregar o Evangelho (cf. Col 4, 10; 2Tm 4, 11).

Também o vemos ao lado de S. Pedro, príncipe dos Apóstolos, em cuja epístola aos cristãos do Ponto, da Galícia e de outras regiões lemos o seguinte: “A igreja escolhida de Babilônia” (ou seja, de Roma) “saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho” (lt. filius meus, gr. ὁ υἱός μου), isto é, “aquele a quem muito quero”, “meu auxiliar no apostolado” ou “que foi batizado por mim”. Estas palavras de Pedro parecem confirmar o constante testemunho da Tradição de que Marcos foi discípulo, intérprete e tradutor do primeiro Papa, cuja doutrina tratou de compilar e transmitir o mais fielmente possível a todos os que haviam de ler o seu evangelho, escrito em cores tão vivas e reais que apenas uma testemunha ocular e apaixonada como S. Pedro seria capaz de descrever. De fato, uma das características mais chamativas do segundo evangelho são as descrições psicológicas de Cristo, tão humanas e ao mesmo tempo tão divinas: sua tristeza, sua alegria, sua angústia, sua compaixão etc. — Recorramos hoje à intercessão deste santo evangelista e peçamos-lhe que nos alcance de Cristo, a quem tanto serviu com obras, palavras e escritos, a graça de sermos também nós fiéis transmissores da fé católica e apostólica.

Referências

  1. Cf. H. Simón, Prælectiones Biblicæ. Novum Testamentum. 7.ª ed., de integro retractata a G. G. Dorado, Taurini: Marietti, 1955, vol. 1, pp. 51-62, nn. 43-50.
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