Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 25-30)
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Celebramos hoje, com grande alegria, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Em primeiro lugar, é importante notarmos o que nós realmente celebramos nesta Solenidade. A palavra “coração” nos fala de amor, mas neste caso estamos falando de uma realidade bem específica: o amor de Jesus, que se fez homem e ganhou um Coração humano ardente de amor divino. E é com ele que nós somos amados.
É certo que a Santíssima Trindade sempre nos amou, mas Deus quis nos amar também neste mundo. E a diferença está no fato de que agora Deus nos ama com um Coração humano, submetendo-se ao sofrimento. Deus viu o homem padecer e se compadeceu fazendo-se homem, sofrendo por nós de tal forma que, nas revelações privadas de Jesus à Santa Margarida Maria Alacoque — que deram origem à Solenidade que hoje celebramos —, Jesus mostra o seu Coração padecido pela ingratidão de não ter sido amado de volta.
Essa queixa de Jesus aconteceu no século XVII, ou seja, há dezessete séculos Ele havia se encarnado, pregado o Evangelho, morrido por nós na Cruz, ressuscitado, subido aos céus e derramado o seu Espírito Santo para que nós, corações humanos duros, tivéssemos um coração novo e pudéssemos amá-lo de volta. Entretanto, embora Jesus tivesse encontrado pessoas que o amavam e davam o seu sangue por Ele — uma vez que a multidão dos santos é como uma belíssima constelação de estrelas que iluminam o céu e irradiam a sua luz sobre a terra — tudo parecia pertencer a um passado distante, pois a Igreja passou por um período em que a mentalidade pagã começou a se espalhar dentro dela: o fenômeno do Renascimento (que, no fundo, significou um renascimento do paganismo). Desse modo, a Igreja começou a sofrer com uma civilização européia que tinha sido cristã e que agora, cada vez mais, era pagã, mas ainda não tinha se dado conta. Católicos, religiosos, religiosas, padres, bispos, papas; todos foram vivendo uma vida cada vez menos em sintonia com o cristianismo.
Jesus, então, apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray-le-Monial, e disse a ela que seu Coração sofria não tanto pelas ofensas que os ateus e pagãos faziam contra Ele, mas sobretudo por aqueles que eram a Ele consagrados pelo Batismo, pelos votos religiosos, pela ordenação sacerdotal e episcopal, mas o ofendiam e não correspondiam ao seu amor. Logo, a Igreja, acolhendo essa revelação privada e vendo nela uma Verdade, instituiu a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
Não é obrigatório acreditarmos que Jesus apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, mas é obrigatório crermos que Deus nos amou com o Coração humano de Cristo, e que este sofreu por nossos pecados de ingratidão, de falta de fé, de impiedade, de sacrilégio, de falta de amor… Essa é a fé católica, e Jesus não precisava aparecer para a santa freira para dizer isso: bastaria meditarmos na Verdade revelada por Cristo à Igreja há dois mil anos.
Assim, a Igreja, como que acordada de um torpor, usa essa revelação privada de Santa Margarida como instrumento para recordar a revelação pública do amor de Cristo, uma Alma humana que nos amou com um amor divino de forma infinita e perfeita. Portanto, celebrar a o Sagrado Coração de Jesus é nos arrependermos, batermos no peito e ouvirmos o convite de amor que Ele dirige a nós.
O que achou desse conteúdo?
Sou apaixonado pela Arte! Tenho vários livros mostrando as obras produzidas pela humanidade ao longo dos séculos. A partir da Renascença, a Arte no Ocidente Cristão, começou a se paganizar! Principalmente nas estátuas, mostrando "deuses" pagãos! Vivendo trechos da mitologia greco-romana! A arquitetura também se paganizou! Não sabia que a Igreja Católica também tinha sofrido com esta doença!!!!
Estimado Padre! Que o infinito amor do Pai continue fortalecendo sua vida e seu sacerdócio por meio do qual o Coração Imaculado de Jesus vai tocando e reformando o coração de todos nós.