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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 8, 23-27)

Naquele tempo, Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia.
Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” Jesus respondeu: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. Os homens ficaram admirados e diziam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”

No Evangelho de hoje, Jesus é acordado pelos seus discípulos amedrontados e acalma a tempestade. Para se fazer uma boa aplicação espiritual deste Evangelho tão conhecido, vejamos o texto original grego. Primeiro, quando Jesus sobe no barco, e seus discípulos o seguem, o verbo usado é akoloutheo, ἀκολουθέω (é daqui que deriva a palavra “acólito”), indicando que eles não teriam entrado nessa barca, que é a Igreja, se não estivessem seguindo Jesus. Nós todos estamos na Santa Igreja Católica porque seguimos Jesus, e devemos agir com a mesma fidelidade, atenção e carinho de um pequeno acólito que segue o padre na Missa. Então, se Cristo sobe na barca, nós também subiremos.

No entanto, no versículo 24, aparece a frase “Kai idou seismos” (καὶ ἰδοὺ σεισμὸς), “E então, um movimento”, o qual se traduz como um abalo do mar que, como foi dito por São Mateus com muita clareza, realmente foi enorme diante da pequena barca onde os Apóstolos estavam. E o que aconteceu com a barca da Igreja? Kalyptesthai (καλύπτεσθαι), que quer dizer “esconder”. Portanto, a barca foi ocultada, escondida, pelas ondas enormes.

É interessante enxergarmos nessa passagem a semelhança com a nossa situação atual. Uma grande tempestade — a loucura do mundo moderno — assola a Igreja ao longo dos séculos, escondendo-a do olhar meramente carnal e até mesmo de quem está dentro da barca, de tal forma que nos perguntamos: “Onde se encontra a Igreja Católica?”. Além disso, quem está dentro da Igreja sofre com o fato de que Jesus está dormindo profundamente. 

Retornando para a história do Evangelho, os discípulos de Cristo o levantam, ēgeiran (ἤγειραν), e surge a pergunta: como os Apóstolos vão acordar Aquele que “não dorme e nem cochila, Ele que é o guarda de Israel”? E por que Jesus parece permitir que a sua Esposa sofra tanto? Eles dizem: “Kyrie sōson apollymetha”, “Senhor, salvai-nos! Nós estamos perecendo”, mas Jesus responde: “Deiloi” (δειλοί), covardes, temerosos; “oligopistoi” (ὀλιγόπιστοι), de pouca fé, e mostra todo o seu poder, ordenando ao vento e ao mar que se calem. Assim, acontece uma grande calmaria, que faz um curioso contraste com o cismo que antes havia abalado o mar, e os Apóstolos, admirados e sem ainda ter fé em Jesus, perguntam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”. 

Esse breve Evangelho, tão importante, deve ser aplicado em nossas vidas. Há momentos em que a Igreja é escondida pelas grandes ondas, e quem está dentro dela começa a duvidar de que Jesus esteja cuidando da sua barca. Então, Ele olha para nós e diz: “Covardes”, porque se Ele está no barco, tudo está bem, e se Ele escolhe dormir, é porque existe uma providência e, ao se levantar, virá a calmaria. O Livro do Apocalipse descreve as grandes perseguições da Igreja, mas quando Deus diz: “Basta”, elas cessam. E por que Ele não diz basta agora? Para que se manifeste a virtude dos bons e a vileza dos maus, pois as máscaras precisam cair. 

Portanto, peçamos hoje a coragem de enfrentar as tempestades que nos atormentam, mas que são uma grande providência na história da Igreja, para que prevaleçamos na fé em Cristo,  sabendo que Ele nunca nos abandona.

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