Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 9, 7-9)
Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.
No Evangelho de hoje, Herodes procura ver Jesus, mas com um olhar inquisidor e cheio de curiosidade, como quem deseja ver um “mágico” fazendo seus truques.
Essa atitude de Herodes evidencia um problema que está na alma de todos os seres humanos: a curiosidade doentia. São João, em sua Primeira Carta, diz que existem três coisas no mundo: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2, 16), as quais nos levam para o pecado. Na soberba da vida, temos uma visão distorcida sobre nós mesmos, achando-nos superiores aos outros. Na concupiscência da carne, há instintos que temos em comum com os animais, como a busca pelo conforto e pelo prazer. Entretanto, temos algo que os animais não possuem: a sede de conhecimento. Uma vez que fomos feitos para a Verdade, que é Deus, devemos não somente buscá-la, mas também amá-la, pois ela nos ilumina e nos aquece de tal forma que somos transformados por ela. Esse é o projeto do Senhor, e é para isso que Ele nos chama.
Infelizmente, ao mesmo tempo que somos chamados para o conhecimento da Verdade, acabamos nos deixando arrastar pela vã curiosidade. Então, ao invés de verdadeiramente dedicarmos a nossa vida à busca da Verdade, adequando-nos cada vez mais a ela, ficamos feito uma biruta, sem saber para que lado iremos. É exatamente assim que tantas vezes perdemos o tempo da nossa vida, buscando notícias bobas e fúteis em redes sociais como WhatsApp, Facebook e Instagram.
Dentro de nós, existe um Herodes, que sofre como escravo da concupiscência dos olhos; e o risco disso é que podemos ficar indiferentes à ação de Deus em nossas vidas. Como nos recorda Santo Agostinho: “Timeo Deum transeuntem”, “Eu tenho medo do Deus que passa”; medo do Senhor passar e não agarrarmos a oportunidade de mudar de vida e abraçar a Verdade.
Herodes, no julgamento de Cristo, estava com a Verdade diante dele, mas mesmo assim não foi capaz de reconhecê-la, porque estava perdido na sua “curiositas”, na sua concupiscência dos olhos. No entanto, nós, católicos, devemos enxergar que temos a Verdade tão antiga e tão nova em Cristo, o qual veio iluminar a nossa vida interior e aquecê-la, para podermos nos unir a Ele apaixonadamente.
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