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Os discípulos de Emaús e o amor de Deus

O Cristo devia sofrer para entrar na sua glória: nele, o sofrimento se torna instrumento de salvação e porta de entrada para as alegrias do Reino dos Céus. É isso que o Ressuscitado mostra para os discípulos de Emaús.

Texto do episódio
747

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 
(Lc 24, 13-35)

Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.

Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: “Que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”

Ele perguntou: “Que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.

Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.

Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía.

Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.

Meditamos hoje a respeito da famosíssima aparição de Nosso Senhor aos discípulos de Emaús. Jesus caminha com dois discípulos: um chama-se Cleófas, e o outro é anônimo, como se estivesse nos representando. Eles vão tristes pelo caminho porque o Mestre está morto, e esperavam que Cristo libertasse Israel.

É importante nós compreendermos que a esperança do povo do Antigo Testamento era verdadeira, pois Deus havia prometido um libertador. No entanto, eles não haviam compreendido ainda a profundidade e a grandeza dessa libertação. Esperava-se uma libertação política e circunstancial, mas Jesus veio para salvar o mundo inteiro. 

Aqui surge a pergunta que, até hoje, é o escândalo do povo judeu: como é possível que o Messias tenha vindo se as coisas continuam como estão? Como é possível que o libertador tenha vindo se as pessoas continuam passando por problemas, como a morte, as doenças e as guerras? Jesus, então, no seu diálogo com os dois discípulos, dá a chave de leitura para adentrarmos no mistério do Antigo Testamento: a Cruz de Cristo. 

Jesus explica que o Messias devia sofrer para entrar na sua glória, assim como nós, que para nos salvarmos e gozarmos da felicidade no Céu precisamos passar pelos sofrimentos desta vida. Cristo poderia ter salvo o mundo em um passe de mágica, mas não quis assim. Ele, na Cruz, revela-se como Deus que é amor; amor este que se esconde em uma dor trágica e incompreensível.

Ouvindo essa explicação, o coração dos discípulos de Emaús começou a arder, pois eles compreenderam o mistério de que, na aparente derrota de Cristo na Cruz, havia uma vitória extraordinária. 

No Aleluia da Páscoa, cantamos não somente a vitória de Jesus sobre a morte biológica, mas também o triunfo de Cristo na própria Sexta-feira Santa, em que Satanás e o pecado foram derrotados através do enorme sofrimento de Nosso Senhor na Cruz.

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