Conforme temos dito, o Criador quer nos levar a experimentar uma felicidade sobrenatural, como participantes da natureza divina — como o ferro que é colocado em contato com o fogo. E o modelo máximo dessa relação, desse casamento do humano com o divino, é Jesus Cristo, em quem estão perfeitamente unidas estas duas naturezas, sem mistura nem confusão.
Mas esse projeto do Criador foi danificado pelo próprio homem. De fato, quando criou Adão e Eva, o Senhor infundiu neles a sua graça. Não se tratava de algo próprio da natureza humana, como são, por exemplo, os cabelos da nossa cabeça ou os membros do nosso corpo. Pernas e braços, “é digno e justo” que o homem os possua. Se Deus fizesse crescer uma perna nova no corpo de um perneta, é claro que isso seria um milagre; mas não seria uma graça no sentido mais próprio do termo, pois a perna é um elemento constitutivo da natureza humana, um bem devido a nós pelo simples fato de sermos homens. A graça de que falamos, no entanto, é um bem indevido a nós, algo verdadeiramente sobrenatural, dado “de graça”, não por justiça.
Adão e Eva, dizíamos, receberam de Deus essa graça de participar da natureza divina. Era esse o...



















