“Santo Anello”? Quem é ele? 

Na verdade, Santo Anello não é uma pessoa, mas uma coisa: o “santo anel” que São José deu a Maria no dia do casamento

Sim, você leu direito. O anel de casamento que São José deu a Maria existe ainda hoje. Ele está em um relicário de ouro e prata na Catedral de São Lourenço em Perúgia, Itália. Muitas pessoas que vão em peregrinação a Assis, no mesmo país, não sabem que bem perto dali (menos de 30 km) se encontra esta relíquia.

O Santo Anello está em Perúgia desde o século XIX. Até chegar lá, ficou guardado em vários lugares da Itália [1]. Até há pouco tempo, a existência do anel era ignorada por muitas pessoas fora de Perúgia. Nem mesmo alguns santos souberam dele. 

Graças às visões místicas da Beata Ana Catarina Emmerich, pessoas de todo o mundo agora conhecem o Santo Anello e o lugar exato em que se encontra. Curiosamente, a própria bem-aventurada nunca viu em pessoa a relíquia, mas apenas em visões místicas, sem saber em que lugar se achava. Informações sobre a localização precisa do anel só vieram à tona depois da morte da vidente. 

Eis como se deu. 

Teria sido em 29 de julho e 3 de agosto de 1821 que a Beata Ana Catarina recebeu visões do Santo Anello. Antes disso, a bem-aventurada não fazia ideia de que o anel dado por São José a Maria ainda existia. Nas palavras da vidente: 

29 de julho de 1821: Vi o anel de casamento da Santíssima Virgem; não é de prata nem de ouro, nem de qualquer outro metal; é de cor negra e iridescente; não é um anel fino e estreito, mas grosso e com pelo menos um dedo de largura. Vi-o sem dificuldades, mas era como se ele estivesse coberto com pequenos triângulos equiláteros dentro dos quais havia letras. No interior havia uma superfície lisa, com algo gravado. Vi-o mantido sob vários cadeados em uma bela igreja. Pessoas devotas prestes a se casar levavam suas alianças de casamento para tocar nele.

3 de agosto de 1821: Nos últimos dias tenho visto muito da história do anel de casamento de Maria, mas, por conta das perturbações e da dor, não consigo mais fazer um relato coerente da coisa. Hoje vi uma festa numa igreja da Itália onde se encontra o anel. Pareceu-me estar pendurado numa espécie de ostensório que havia em cima do tabernáculo. Havia lá um grande altar, ricamente decorado; era possível vê-lo ao fundo em meio a muitos trabalhos em prata. Vi muitas alianças sendo colocadas junto ao relicário. Durante o festival, vi Maria e José aparecendo em vestes nupciais, um de cada lado do anel, como se José o estivesse colocando no dedo da Santíssima Virgem. Ao mesmo tempo, vi o anel brilhando e como que em movimento.
Os Esponsais da Virgem, por Jean-Baptiste Wicar.

De acordo com as visões, a bem-aventurada Ana Catarina sabia que a aliança da Sagrada Família se encontrava numa igreja da Itália, mas ela nunca soube de que igreja ou cidade se tratava — e morreu sem descobri-lo. Poucos anos depois de sua morte, começaram a procurar os lugares dos diversos objetos relatados pela beata em suas visões. Por incrível que pareça, o anel foi descoberto! Ele estava na Catedral de São Lourenço, em Perúgia, Itália, guardado num belo relicário, muito parecido com um ostensório, exatamente como afirmara a vidente alemã. O anel estava ali havia já bastante tempo, mas quase ninguém fora da Itália sabia dele. A descrição do anel feita pela vidente também se mostrou verossímil. Ele é iridescente e de cor preta, de um âmbar ou amarelo escuro. Às vezes, quando entra muito sol na catedral, o anel pode parecer branco como leite.

Um aspecto fascinante das visões da Beata Emmerich relatadas acima são as datas: 29 de julho e 3 de agosto. A vidente não o sabia, mas elas coincidem com a época em que os peregrinos costumam visitar a catedral de Perúgia em caminho para Assis, a fim de celebrar a festa dos Santos Anjos da Porciúncula (2 de agosto). O final de julho e o início de agosto veem grupos numerosos a venerar o anel. Casais e noivos são autorizados a encostar as alianças no Santo Anello para receber uma bênção em seu matrimônio. Aparentemente, a Beata Ana Catarina Emmerich o testemunhou em suas visões! 

Hoje, peregrinos do mundo inteiro viajam a Perúgia para ver e venerar a relíquia. O Bem-aventurado Papa Pio IX venerou o anel em 10 de maio de 1857, durante uma visita a Perúgia, e também celebrou Missa na catedral da cidade.

Referências

  • Traduzido por nossa equipe de: Donald Calloway, Consecration to St. Joseph: The Wonders of Our Spiritual Father. Stockbridge: Marian Press, 2019, pp. 136-138.

Notas

  1. “Segundo uma piedosa tradição, o Santo Anello foi comprado por um joalheiro de um judeu, mercador de pedras preciosas, em Chiusi, na Itália, por volta do século XI. A princípio, o comerciante duvidou das afirmações de que era a aliança de casamento dos santos pais de Jesus, até que teve uma visão de seu filho, recentemente falecido, atestando sua autenticidade. Após essa visão milagrosa, o joalheiro teria doado o anel para a igreja local. Em Chiusi, ele permaneceu sob os cuidados das irmãs de um convento por mais de trezentos anos, até ser roubado por um padre e levado para a cidade de Perúgia” (George Ryan, Holy Ring: Could This Be the Actual Wedding Ring of Joseph & Mary?, in: uCatholic).

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