O Vaticano divulgou neste sábado, 10 de maio, o brasão e o lema pontifícios de Leão XIV.

Tanto num quanto noutro fica claro: estamos realmente diante de um “filho de Santo Agostinho” — expressão que o próprio Papa usou, ao aparecer pela primeira vez na loggia central da Basílica de São Pedro.

Não era para menos, considerando que Robert Francis Prevost é religioso da Ordem de Santo Agostinho desde os 22 anos, e chegou mesmo a ser prior da Ordem de 2001 a 2013.

O brasão traz um escudo dividido diagonalmente em duas partes. Na superior, há um lírio branco sobre um fundo azul, aludindo claramente a Nossa Senhora, por quem Sua Santidade já demonstrou ter uma particular devoção. A inferior apresenta, num fundo claro, um coração ferido por uma flecha em cima de um livro: referência à conversão de Santo Agostinho, que dizia ao Senhor: Vulnerasti cor meum verbo tuo — “Feriste-me o coração com tua palavra”.

O lema do Papa é também tirado de Agostinho: In illo uno unum, e alude à nossa união com Cristo enquanto Cabeça da Igreja. A ideia é de que, “no único Cristo, somos um”, isto é, formamos um só corpo. (A frase está num sermão de Agostinho comentando o Salmo 127, “Felizes os que temem o Senhor”.)

O que pouca gente comentou é que, além de todas essas associações com o Doutor da Igreja, o Papa ainda o leva aonde quer que vá — e isto literalmente, antes mesmo de ser eleito Pontífice.

Sim, porque a cruz que Leão XIV traz sobre o peito — e que escolheu conservar como sucessor de São Pedro — abriga relíquias de Santo Agostinho, Santa Mônica e vários santos e beatos agostinianos.

O relicário foi dado como presente ao então bispo Prevost por ocasião de sua criação como cardeal, em 2023.

Para nós, católicos, as relíquias dos santos não são talismãs, mas penhor da glória futura. Afinal, nós cremos que, no fim dos tempos, os mortos ressuscitarão; e os santos terão novamente seus corpos, revestidos de imortalidade. 

Desde já, no entanto, seus restos mortais conservam algo deles — como o manto de Elias retinha parte de seu poder e autoridade (cf. 2Rs 2, 14); e como a sombra de São Pedro, tocada pelos doentes, já os curava (cf. At 5, 15).

Portanto, o pontificado de Leão XIV começa debaixo da proteção (bem concreta) de Santo Agostinho. Que este grande santo e Doutor da Igreja interceda por seu filho, agora Pontífice, e o ajude a conduzir bem, em segurança, a barca do Apóstolo São Pedro.