Todo Papa, como chefe visível da Santa Igreja, deve ser um profundo devoto de Nossa Senhora. Não pode haver “vigário de Cristo na terra” (como é chamado o Santo Padre) que não seja também filho de Maria. 

Por isso, a expressão “Papa mariano” devia ser até mesmo uma redundância. 

O lema pontifício de João Paulo II, por exemplo, era uma declaração à Virgem: Totus tuus, isto é, “Sou todo teu, Maria”. E Francisco quis que seus restos mortais repousassem na Basílica de Santa Maria Maior. Exemplos similares poderiam levantar-se de praticamente todos os outros sucessores de São Pedro.

Mas, em tão poucos dias de pontificado, certos sinais ao redor do Papa Leão XIV deveriam chamar ainda mais a nossa atenção.

Comecemos com o dia 8 de maio, na tarde de sua eleição, quando o novo Pontífice foi apresentado aos fiéis desde a sacada da Basílica de São Pedro. Já naquele instante, lembrando uma devoção mariana bastante popular e difundida na Itália, disse o Papa:

Hoje é o dia da súplica a Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. A nossa Mãe, Maria, quer sempre caminhar conosco, estar perto, ajudar-nos com a sua intercessão e o seu amor. Gostaria, por isso, de rezar convosco. Rezemos juntos por esta nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo e peçamos a Maria, nossa Mãe, esta graça especial.

Seguiu-se então uma Ave Maria recitada por todos ali reunidos.

Dois dias depois, Leão XIV foi à pequena cidade de Genazzano, nos arredores de Roma, e visitou o santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira da Ordem de Santo Agostinho, à qual ele pertence. A escritora Cristina Siccardi explica a importância da devoção: 

No século XV, este local sagrado mariano tornou-se destino de peregrinações porque, segundo a tradição, uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus se destacou milagrosamente de uma parede da Catedral de Santo Estêvão, em Scutari, na Albânia, durante o cerco dos otomanos, para se colocar no atual santuário de Genazzano. 

Ali, portanto, em seu primeiro sábado como Papa, Leão XIV deixou um ramalhete e fez uma oração ante a Virgem do Bom Conselho.

Além disso, existe também o que não foi dito, mas transparece de alguma forma em outros lugares. 

Em seu brasão, por exemplo, na parte superior do escudo, Maria Santíssima marca presença sob a forma de um imponente lírio branco, disposto sobre um fundo azul. E em seu nome como Papa fica latente a homenagem a um dos maiores promotores do Santo Rosário no mundo contemporâneo: Leão XIII, o último Leão antes do Papa Prevost, famoso por redigir não uma nem duas, mas dezenas de encíclicas sobre o Terço mariano.

Por tudo isso — e tanto mais, que ainda vamos descobrir ao longo deste pontificado —, Leão XIV não é somente “filho de Santo Agostinho”, mas também filho dileto de Nossa Senhora.

Que ela o assista sempre, do Céu, com sua bênção maternal!