O professor canadense Jordan Peterson, autor de “12 Regras para a Vida” (recém lançado no Brasil), veio a público recentemente para fazer um alerta aos pais, cujos filhos estão sofrendo “lavagem cerebral” para aceitar “noções assassinas” em universidades ideologicamente controladas.

Ainda que não se dê conta, você está financiando algumas pessoas perigosas”, ele diz em um vídeo criado pelo canal PragerU [1]. “Elas estão doutrinando jovens mentes em todo o Ocidente com sua ideologia carregada de ressentimento.”

Para o professor de psicologia, que é PhD e leciona desde 1998 na Universidade de Toronto, está em curso uma maquinação de professores universitários determinados a minar a civilização ocidental tal como a conhecemos.

Eles consideram nossa civilização “corrupta, opressiva e patriarcal”. “Se você for um pagador de impostos ou estiver pagando pelo diploma universitário de seu filho, você está sustentando essa gangue de niilistas”, ele alerta. “Você está apoiando ideólogos que declaram que toda verdade é subjetiva, que todas as diferenças sexuais são socialmente construídas, e que o imperialismo ocidental é a única fonte de todos os problemas do Terceiro Mundo.”

Jordan Peterson atribui ainda a ideologias do meio acadêmico a culpa por gangues que violentamente silenciam palestrantes em campi universitários — fato recorrente também no Brasil —, polícias de linguagem que defendem novos pronomes transgêneros e reitores que se esforçam por erradicar a discriminação “onde ela é pouca ou sequer existe”.

O problema começou nos anos 1960 e 1970 quando jovens radicais se tornaram os professores que hoje lecionam. Agora os estudantes se esforçam não para educarem a si próprios, mas para se tornarem acólitos de seus mentores. Como Peterson observa, agora seria possível obter um diploma em literatura inglesa sem ler o trabalho de William Shakespeare, simplesmente por ele estar “morto” e ser um “homem branco”.

“Para entender e confrontar os pós-modernistas, as ideias pelas quais eles se orientam devem ser claramente identificadas”, diz Peterson.

Primeiro, elas incluem uma tríade de jargões: “diversidade”, “igualdade” e “inclusão”. Diversidade não se aplica a opiniões, mas a “etnia, raça e identidade sexual”. Igualdade não é mais sobre conceder igual oportunidade às pessoas, mas sim “igualdade de resultados”. Inclusão, por sua vez, é sinônimo de cotas públicas. “Todos os direitos clássicos do Ocidente deveriam ser tidos por secundários em comparação com esses novos valores”, ele explica. A liberdade de expressão é particularmente desprezada.

Em segundo lugar, as ideologias também se opõem ao livre mercado [2]. “Elas não admitirão que o capitalismo elevou centenas de milhões de pessoas, fazendo com que tivessem pela primeira vez na história a oportunidade de prover comida, moradia, vestimentas, transportes e até entretenimento e viagens”, disse Peterson. Graças a esse sistema, hoje até muitas pessoas que consideramos pobres são capazes de satisfazer suas necessidades básicas, mas o mesmo não é possível dizer de países socialistas como a Venezuela.

Em terceiro lugar, eles são a favor de políticas de identidade. Desconsiderando que cada indivíduo é uma pessoa única, eles vêem um homem ou uma mulher simplesmente como um “modelo” de sua raça, de seu sexo, de sua preferência sexual ou, de modo ainda mais limitado, como uma vítima ou um opressor. “Ideias de vitimização só o que fazem é justificar o uso de poder e produzir conflitos entre grupos”, diz Peterson.

Os valores pós-modernistas tiveram início em Karl Marx, cujas teorias político-econômicas fizeram várias economias fracassar e dezenas de milhões de pessoas perecer. “Nós lutamos por décadas na Guerra Fria para frear o avanço dessas noções assassinas”, ele diz, “mas elas estão de volta disfarçadas de políticas de identidade”.

Ao invés de serem depositadas na lata de lixo da história, as ideias de Marx são mantidas bem vivas por instituições que deveriam estar transmitindo as riquezas do Ocidente a todas as gerações, ele conclui em seu vídeo. “A menos que demos um basta nisso, o pós-modernismo fará com os Estados Unidos, assim como com todo o mundo ocidental, o que já fez com suas universidades.”

Notas

  1. Prager University”, ou PragerU, é uma iniciativa do apresentador norte-americano Dennis Prager. Criada para confrontar a hegemonia de esquerda nas universidades estadunidenses, essa organização produz um provocador “ensaio digital” por semana.
  2. A crítica de Jordan Peterson no vídeo acima está em perfeita consonância com o que São João Paulo II ensinou em sua encíclica Centesimus Annus, respondendo se seria o capitalismo “a estrada do verdadeiro progresso econômico e civil”: “Se por capitalismo”, ele explicou, “se indica um sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da consequente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana no setor da economia, a resposta é certamente positiva, embora talvez fosse mais apropriado falar de ‘economia de empresa’, ou de ‘economia de mercado’, ou simplesmente de ‘economia livre’. Mas se por capitalismo se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético e religioso, então a resposta é sem dúvida negativa” (n. 42). A essa opinião subscrevemos integralmente, como é possível verificar num episódio do programa “Ao vivo com Padre Paulo Ricardo” (Nota da Equipe CNP).

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