Vicente nasceu em Roma, um dos dez filhos, cinco dos quais morreram na infância, de um piedoso casal dedicado à venda de alimentos. Vicente sempre foi grato aos pais pela excelente educação religiosa que recebera na infância, chegando a escrever uma comovente memória da mãe, na qual descreve a vida virtuosa que ela levou em circunstâncias difíceis e como ocorreu sua santa morte.
Vicente Pallotti decidiu tornar-se padre aos 15 anos e ordenou-se aos 23. Pouco antes da ordenação, começou a escrever um diário espiritual, que manteve até a morte. A obra retrata claramente as atividades, a vida de oração, as resoluções e esperanças deste grande santo. Dois meses após ser ordenado, Vicente prestou o exame final na Universidade Romana, recebeu o grau de Doutor em Teologia e Filosofia e foi premiado com o título de Professor de Grego, Filosofia e Artes. Ensinou Teologia durante dez anos antes de dedicar-se à direção espiritual e ao apostolado. Serviu como diretor espiritual de vários colégios e seminários em Roma e fundou três congregações religiosas: os Padres Palotinos, as Irmãs do Apostolado Católico e os Irmãos Missionários Palotinos. Suas atividades caritativas incluíam assistência espiritual aos soldados, especialmente aos doentes. Ele assistiu prisioneiros condenados em suas últimas horas, fundou vários colégios missionários e um grande orfanato, recolhendo fundos para missões, reorganizando guildas para homens de diferentes ofícios e fundando oficinas para jovens. Durante a epidemia de cólera de 1837, trabalhou entre os doentes e formou organizações de socorro para assistir os enfermos e seus dependentes. Por causa destas e de outras conquistas, Vicente tornou-se conhecido entre a população romana como um segundo São Filipe Neri.
A iconografia o retrata com uma pequena caixa de relíquias ornamentada com uma imagem da Virgem Maria e do Menino Jesus. Isso se deve ao antigo costume de beijar a mão ao padre, seja para cumprimentá-lo, seja para despedir-se. Vicente não gostava desse costume, mas, como achasse difícil evitá-lo, mandou fazer um estojo estampado com uma imagem da Mãe Santíssima e, por fora, da Mãe e do Filho juntos. Era esse pequeno estojo o que ele oferecia, em vez da mão, para o habitual beijo de reverência.
Durante o tempo em que trabalhou com seminaristas, São Vicente conheceu em profundidade e dirigiu espiritualmente muitos homens que, mais tarde, se destacaram em todo o mundo como clérigos dedicados e santos. Conheceu São Gaspar de Búfalo, a Bem-aventurada Anna Maria Taigi, Pauline Jaricot, da Sociedade de Propagação da Fé (cuja beatificação será em maio de 2022), e a Venerável Elizabeth Sanna.
Vicente morreu em 22 de Janeiro de 1850, data que ele mesmo havia previsto. Durante três dias, milhares de pessoas tocaram, com medalhas e rosários, o corpo do humilde padre, pois estavam convencidas de que um dia ele seria oficialmente reconhecido como santo.
Muito cuidado e formalidade foram observados no sepultamento. Uma cápsula de chumbo contendo documentos oficiais foi posta perto do corpo, vestido de paramentos sacerdotais. O corpo foi colocado em três caixões, o primeiro de madeira, o segundo de zinco e o terceiro de madeira maciça, todos cuidadosamente selados. Foi enterrado sob o piso do segundo altar à esquerda na igreja de São Salvador em Onda. Uma pedra de mármore com seu nome inscrito marca o local do sepultamento.
Muitas pessoas de integridade inquestionável declararam que, no período de um mês após a morte do santo, uma doce fragrância permaneceu no quarto em que ele morreu, apesar de manter-se uma janela aberta [i].
O primeiro passo oficial para a canonização de Vicente foi dado dois anos após sua morte. Em 22 de março de 1906, na presença de delegados da Sagrada Congregação dos Ritos, o corpo foi exumado e encontrado intacto, embora estivesse um pouco seco. Ficou exposto até 10 de abril, quando foi envolto em panos de linho e colocado num caixão de madeira maciça forrado com zinco. Ao redor do corpo se puseram feixes de algodão e de lã, na tentativa de protegê-lo da umidade. Esse caixão foi colocado em outro de zinco, o qual foi selado e enterrado numa sepultura na parede da igreja. O jazigo foi posteriormente ornamentado com mármore.
A segunda exumação aconteceu em 2 de dezembro de 1949, algumas semanas antes da sua beatificação. Desmontado o sepulcro e retirado o caixão, encontrou-se o corpo seco, parcialmente envelhecido mas em excelente estado de conservação. Limparam-no com álcool e formaldeído e o cobriram de bálsamo. Em 21 de janeiro de 1950, um dia antes da beatificação, o corpo foi vestido com paramentos sacerdotais: no rosto puseram uma máscara de prata, feita a partir dos moldes da máscara mortuária original, e em suas mãos, coberturas semelhantes, feitas a partir do molde das mãos. O corpo do santo foi posto num esquife de cristal e bronze sob o altar-mor da igreja de São Salvador em Onda, onde ainda repousa.
No centésimo aniversário de sua morte, o Papa Pio XII beatificou Vicente Pallotti. E o Papa João XXIII conduziu a cerimônia solene de sua canonização em 20 de janeiro de 1963.
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