O breve texto a seguir não é de autoria do Padre Paulo Ricardo; foi escrito pelo Monsenhor Stephen Rossetti, que exerce a função de exorcista na Arquidiocese de Washington, capital dos Estados Unidos. A tradução para a língua portuguesa é de nossa equipe.


Costuma ser muito difícil fazer um possesso ir à Missa. Quando encorajado, o energúmeno (a pessoa possuída) sente repulsa sobrenatural à Eucaristia. Catarina [N.T.: nome fictício] não foi exceção. Tivemos de literalmente arrastá-la para dentro da igreja. Mantê-la sentada durante toda a Missa, então, foi um calvário. Quase impossível.

Passados dois meses de exorcismos, ela sentia-se muito melhor, mas levá-la para a capela ainda era uma luta. Por fim, conseguimos agendar uma Missa particular para ela, o pai e um tio. Durante os três dias anteriores à Missa, houve nela manifestações [diabólicas] constantes. Furiosos, os demônios sabiam o que estava planejado. Tentaram sabotar o evento, manipulando a ela e a todos os outros, mas ninguém deu para trás.

“O Salvador”, por Juan de Juanes.

Chegado o dia, a família de Catarina, de modos não muito sutis, quase a arrastou para dentro da capela. Fizeram-na sentar entre dois parentes mais corpulentos, que a manteriam no lugar. Enfim começou a Missa. À medida que a celebração avançava, Catarina não parava de gritar: “Você está me matando!” Ela disse sentir dores no estômago e enjoo. Vomitou muitas vezes. Num balde que tínhamos por perto ela expelia uma espuma branca. À leitura do Evangelho, as reações foram violentas. (Confesso que mal pude me concentrar.) 

Então chegou a hora da Comunhão. Só uma ordem terminante do pai a fez abrir a boca. Ao me aproximar com a Hóstia sagrada, Catarina deu um grito: “Você está me queimando!” Eu coloquei a Hóstia em sua boca. Ela debatia-se tentando cuspir, mas o pai manteve-lhe a boca fechada. Mais tarde, Catarina disse que a Hóstia tinha gosto de “cinzas”. Terminada a Missa, ela voltou a si. Disse que os demônios se tinham ido (ao menos temporariamente), e ela estava em paz. Riu, brincou e sorriu.

Satanás, sem querer, acaba dando testemunho de tudo o que é santo. Ele se contorce quando aspergido com água benta; encolhe-se ao ver um crucifixo abençoado; grita por entrar em contato com a Eucaristia etc. Quanto a nós, também atestamos a santidade da Eucaristia. Ajoelhamo-nos diante da Hóstia reservada no tabernáculo; adoramos a presença de Jesus durante a adoração eucarística; na Missa, recebemos com grande reverência o Corpo e o Sangue de Cristo.

Como escreveu Santo Tomás, como somos abençoados por receber o “pão dos anjos” (panis angelicus)!

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