Se dermos muita corda ao diabo, ele se enforcará. Essa afirmação é verdadeira, mas não é toda a verdade. O problema é que ele enforcará você primeiro. O diabo enforca os seus próprios discípulos, o que já é trágico o suficiente, mas ele também enforca os inocentes. Devemos ter em mente essas reflexões atemporais e exortativas ao observarmos como a cultura da morte no Ocidente em decadência está entrando em colapso devido ao seu excesso de hedonismo.
Tomemos o exemplo da Islândia como um microcosmo representativo do que está acontecendo em muitos dos maiores países da Europa. Como ocorre na maioria dos países europeus que estão em colapso e decadência, a Islândia está imitando os nazistas na eugenia a fim de exterminar os “inaptos”. O país se orgulha particularmente da sua “solução final” para o problema das crianças com síndrome de Down, que consiste num programa de extermínio sistemático. Cerca de 85% das grávidas fazem exames pré-natais e quase 100% delas optam por matar o seu filho se ele for diagnosticado com síndrome de Down. Apenas duas crianças com síndrome de Down nascem na Islândia a cada ano.
O que devemos pensar de uma cultura em que quase todas as mães optam por matar o seu próprio bebê se a criança no útero for deficiente? Será essa cultura mais “inapta” para sobreviver do que as próprias crianças que ela devora? A última pergunta está sendo respondida diante dos nossos olhos, enquanto testemunhamos o suicídio da cultura da morte na Islândia.

Até pouco tempo atrás, ao contrário do que ocorria na maioria dos países europeus, a taxa de natalidade na Islândia estava em níveis de reposição. Nos últimos anos, porém, à medida que os islandeses aderiram à decadência ocidental, a taxa de natalidade caiu para 1,56 filhos por mulher em idade fértil. Ao mesmo tempo que a própria população da Islândia perdeu a vontade de viver, ou de trazer novas vidas ao mundo, o déficit está sendo suprido pela chegada de imigrantes em números tão altos que os islandeses se tornarão, dentro de três ou quatro décadas, uma minoria étnica em seu próprio país.
A raiz do problema, em termos políticos e econômicos, é o abandono da soberania nacional pela Islândia em 1994, quando optou por ser absorvida pela crescente e inchada União Europeia. Ao aceitar seu status de membro relativamente impotente da UE, o país se colocou à mercê das diretrizes predatórias do império maligno. De forma irônica e patética, a Islândia nem sequer obteve a adesão plena à UE em troca da sua submissão, mas foi autorizada a aderir ao impotente Espaço Econômico Europeu, à margem do expansionismo do império. O país abdicou de sua liberdade nacional sem sequer ter conseguido a dignidade de aderir ao império. Tornou-se um mero domínio.
Sem vontade moral ou política para desobedecer aos seus senhores adotivos, o povo da Islândia assistiu passivamente enquanto o país aceitava ondas e ondas de imigrantes. Tendo escolhido tornar-se uma colônia, hoje a Islândia está sendo colonizada a ponto de sua população nativa estar destinada a tornar-se uma minoria étnica.
Como já foi dito, a Islândia não é um caso isolado, uma anomalia idiossincrática, mas um microcosmo representativo do que ocorre no Ocidente em decadência como um todo e na União Europeia em particular. Todas as nações que adotaram a cultura da morte estão no mesmo caminho suicida.
Voltando ao culto do infanticídio e ao extermínio dos inaptos, a Islândia pode ser o pior caso de adesão total à “solução final” do aborto, mas a situação não é muito melhor em outros lugares. Na Europa como um todo, 92% das mães optam por “interromper” a gravidez de crianças com síndrome de Down, enquanto no Reino Unido esse número é de 90%. A situação é ligeiramente melhor nos Estados Unidos, onde mais de dois terços das mulheres optam por matar os seus filhos em vez de lhes dar a vida, embora alguns estudos indiquem que até 90% das mulheres americanas fazem essa escolha nefasta.

Na França, um vídeo pró-vida foi proibido pelo governo porque mostra crianças e adultos com síndrome de Down falando alegremente de suas vidas felizes. A imagem de crianças sorridentes foi considerada ofensiva porque poderia “perturbar a consciência” daqueles que optam por exterminar seus próprios filhos com síndrome de Down. Volto a perguntar: o que devemos pensar de uma cultura em que o governo incentiva as mulheres a matar seus próprios filhos “inaptos”, mas não permite nada que “perturbe suas consciências”?
A conclusão a que devemos chegar sobre essa cultura é que ela é, por si só, incapaz de sobreviver. A cultura da morte escolheu fazer um pacto com o diabo e enfrentará as consequências inevitáveis dessa escolha. Os discípulos do diabo, tendo sucumbido à tentação de destruir os seus próprios filhos, sucumbiram à tentação de destruir a si mesmos.
Não será tudo isso um tanto deprimente?
De forma alguma. Isso apenas mostra que a cultura da vida não precisa destruir a cultura da morte, porque ela mesma está em processo de autodestruição. Por outro lado, aqueles que seguem Jesus Cristo precisam simplesmente fazer o que Ele ordena. Precisamos ser fecundos e multiplicar-nos. Precisamos amar o Senhor, nosso Deus. Precisamos amar o nosso próximo. E sim, precisamos amar também os nossos inimigos.
Precisamos rezar por aqueles que aderiram à cultura da morte. Temos de dar testemunho da bondade, da verdade e da beleza da presença de Cristo no meio das trevas. E devemos seguir o grande mandamento de Cristo: ir e ensinar todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

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