Já fui chamado de muitas coisas na vida: bom soldado, trabalhador confiável, empregado modelo e até de bom marido. São coisas fantásticas e admiráveis, mas insignificantes se comparadas ao meu título favorito: pai. O Senhor abençoou-nos a mim e à minha esposa com quatro criança incríveis, mas cuja educação implica muita responsabilidade.
Você provavelmente estará pensando que digo uma obviedade. Afinal, nós pais temos de alimentar, vestir e proteger nossa família. São grandes responsabilidades, e não deveriam ser minimizadas; mas há outra, ainda maior, que não está na lista. Como pais, também somos chamados a catequizar nossos filhos.
Catequizar é difícil. — Sejamos honestos: a Igreja está perdendo jovens aos montes. Ouvi por esses dias um episódio do podcast “Word on Fire” em que o bispo Robert Barron dizia que, para cada pessoa que entra na Igreja, outras seis a abandonam.
Por que alguém abandonaria a verdade? A resposta é bem simples: as pessoas abandonam a verdade porque não sabem o que ela é. As pessoas, em sua maioria, deixam a Igreja porque nunca lhes ensinaram no que ela acredita nem responderam às suas dúvidas.
Sempre há exceções, é claro, mas isso depende da catequese. Quando fui catequista, era comum escutar dos pais comentários como este: “Ensinar a fé é função sua. Não sei por onde começar”. O objetivo deste artigo é oferecer algumas orientações sobre isso.
1. Explique aos seus filhos o que é a Missa. — O primeiro passo na catequização das crianças é levá-las à Missa. Em meu primeiro ano como catequista, tive dezessete alunos, dos quais apenas seis iam à Missa todas as semanas. O Catecismo afirma que os pais são os primeiros mestres da fé, o que é reiterado diversas vezes também na Sagrada Escritura. Os filhos veem os pais como um exemplo, e se a Igreja não é importante para nós, é provável que não o será para eles.
Quando estiver na Missa, explique aos seus filhos o que está acontecendo. Mostre-lhes quantas referências à Sagrada Escritura há na Missa, explique por que o sacerdote diz aquelas palavras durante a consagração e em que medida a Missa antecipa o banquete nupcial do Cordeiro, que ocorre no Céu enquanto ela é celebrada aqui na terra. Não há “excessos” na Missa: tudo é importante. Quanto mais conhecimento tiverem as crianças, mais comprometidas serão com a fé.
Estamos passando por uma situação sem precedentes. Neste momento, a Missa pública está suspensa em grande parte das dioceses no mundo inteiro. Felizmente, muitos sacerdotes tomaram a iniciativa de transmitir suas Missas privadas. Isso é benéfico para todos nós, porque a Missa ainda está sendo celebrada. É possível encontrar muitas dessas celebrações no YouTube e noutros lugares, o que também nos dá a oportunidade de poder “pausar” a celebração para discutir seus diferentes aspectos.
2. Reze com seus filhos. — Nem sempre me saí bem nesse quesito. Eu fazia as objeções de sempre: “Já é tarde” ou “Estou muito ocupado”. Certa vez, disse boa-noite ao meu filho, e ele respondeu: “Eu queria que você rezasse comigo antes de dormir”. Aprendi algo muito importante naquela noite. Nossos filhos querem que rezemos com eles. Quando o fazemos, tornamo-nos um exemplo do que é a oração.
Ensinar os filhos a rezar é uma prioridade ou algo que você faz de forma passiva? Se for uma prioridade, então é provável que a oração também seja prioridade para eles. Quando todos vivemos uma vida de oração intensa, compreendemos com mais clareza o quanto Cristo nos ama.
Mas lembre-se de que é impossível estabelecer uma relação sólida sem diálogo. O mesmo acontece com a oração. Não há comunhão sem diálogo. A oração nos ajuda a reforçar nosso vínculo com Deus, e é urgente ensiná-lo aos nossos filhos. Podemos falar de oração até cansar, mas nada substitui o nosso exemplo concreto. É o nosso exemplo o que mais fala sobre a importância de rezar. É, portanto, à medida da nossa oração que crescerá nosso relacionamento com Deus e com nossos filhos.
Nesta época de instabilidade, pergunte aos seus filhos o que eles costumam pedir ao rezar. Assim, unido a eles, você poderá rezar diretamente por suas necessidades e preocupações, e também pelas de seus amigos. Se fizer isso, você se surpreenderá com o que pode aprender sobre a vida deles.
3. Leia a Sagrada Escritura com seus filhos. — Ler a Escritura com seus filhos pode parecer óbvio, mas temos de nos perguntar se o estamos fazendo bem. Quando digo ler a Sagrada Escritura, refiro-me a pegar a Bíblia e lê-la. Isso não quer dizer que bíblias ilustradas e para crianças não sirvam para nada; elas podem, sim, ser usadas, mas como recursos complementares.
Isso ajudará as crianças a desenvolver um profundo amor pela Sagrada Escritura, o que, por sua vez, levantará mais dúvidas a que poderemos responder. Isso revelará ainda o fundamento bíblico da fé católica e os ajudará a resistir às objeções anticatólicas que virão no futuro. Também é importante sermos honestos em nossas respostas. Se as crianças nos fizerem uma pergunta a que não sabemos responder, precisamos admiti-lo, fazer nossa pesquisa e voltar com a resposta.
Não há ocasião mais apropriada do que a atual para fortalecer nosso compromisso com a leitura da Sagrada Escritura. Isso substituirá parte do tempo que as crianças passam na frente da TV, enquanto as aulas estão suspensas. Ensine-lhes que as Escrituras são cartas de amor enviadas por Deus. Isso ressaltará o quanto elas são importantes para a nossa fé.
Conclusão. — Esses três itens são apenas algumas das muitas coisas que você pode fazer para educar seus filhos na fé nesta época estranha. Reserve um tempo e faça um plano. A fé não para, e nossa responsabilidade como pais é transmiti-la. Estamos sendo forçados a ir mais devagar, e isso é algo bom. Aproveitemos essa oportunidade para ensinar nossos filhos a respeito de Cristo e sua Igreja.
O que achou desse conteúdo?