Recomenda-se que este tríduo seja rezado três dias antes do dia 12 de dezembro, que é chamado o dia da aparição, porque a prodigiosa imagem da Virgem de Guadalupe apareceu nesse dia; portanto, ele deve começar no dia 9 de dezembro. Mas ele também pode ser feito em qualquer outra época do ano, sendo todos bons momentos para venerar a Virgem.
Coloque na parte mais decente da casa o quadro e a imagem da Santíssima Virgem de Guadalupe do México, mas, se não tiver nenhum dos dois, é possível usar qualquer outra imagem de Nossa Senhora.
Enfeite o quadro ou a imagem com flores e rosas, compensando a falta de flores naturais e verdadeiras com falsas e feitas à mão; acenda quantas velas puder. Ponham-se diante deste altar, de joelhos, com toda a sua família, e fazendo o sinal da cruz, recite as seguintes orações.
Dia I
Ato de Contrição. — Ó amantíssimo Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, a quem amo, em quem espero: sei que, sendo Vós meu Pai, não vos amei; sendo Vós meu Redentor, vos desprezei; sendo Vós meu Benfeitor, não vos retribuí. Sei que me esqueci de ser filho, de ser fiel e de ser grato. Sei que mereci por muitos títulos vossa ira e minha ruína. Mas agora confesso, meu Senhor, que pequei; pesa-me o fato de vos ter ofendido apenas porque sois Deus, porque sois sumamente bom e digno de ser amado. Proponho-me não vos ofender mais, só por causa de quem sois, só por causa de vossa bondade. Fazei, meu Deus, que eu vos ame sempre de todo o coração; minhas faltas não merecem esta felicidade, mas Vós, Senhor, eis que sois Pai, eis o vosso Sacratíssimo Sangue, eis o vosso Amor.
E vós, Santíssima Virgem de Guadalupe, nossa Mãe, Senhora e Advogada, vejo quanto vos desagradei ao ofender vosso amantíssimo Pai, Filho e Esposo; mas de agora em diante proponho não vos desagradar mais. Mostrai ao Pai Eterno que sois sua Filha, ao Espírito Santo que sois sua Esposa, e ao vosso Filho Santíssimo que sois sua Mãe e nossa Mãe, para que, por vossa intercessão, eu não seja mais infiel nem ingrato, mas um verdadeiro filho vosso e da Santíssima Trindade. Amém.
Meditação. — Deus não fez uma criatura mais excelente, nem mais amável, nem mais bela do que Maria; nem mais nobre, nem mais poderosa, nem menos necessitada de nós. E, no entanto, ela desce à terra em sua imagem de Guadalupe, convidando-me a ser seu filho e dizendo-se minha Mãe. Como não hei de tê-la por minha Mãe? Não se derrete o meu coração e não se consome de amor por ela?
Afeto. — Maria Santíssima, que amo eu, se não amo a vós? Haverá maior felicidade do que ter-vos por Mãe?
Fruto. — Quando assistir à Missa, ou diante desta santa imagem, retribua o favor da Santíssima Virgem, escolhendo-a por sua Mãe, e diga-lhe que deseja ser seu filho. Mas, para mostrar que não se envergonha disso e que se orgulha de mostrar que o é, sempre que encontrar uma das suas imagens, faça-lhe reverência.
Primeira Aparição. — Na manhã de sábado, dia 9 de dezembro, um índio chamado Juan Diego caminhava pelas encostas de uma montanha voltada para o oeste, a uma légua de distância da Corte Imperial do México, quando, ao chegar ao seu cume, ouviu uma música muito harmoniosa. Surpreendido pela melodia, parou, ergueu os olhos e viu naquela elevação a Imperatriz do Céu, dentro de uma nuvem branca resplandecente (como hoje é justamente venerada em seu Santuário no México), a qual começou a falar-lhe assim: “Juan, meu filho, aonde vais?” Ele respondeu que ia à sua paróquia de Santiago, para assistir à instrução e à Missa cantada em honra à Virgem. A Senhora continuou: “Tu sabes, filho, que eu sou a Virgem Maria, aquela cuja Missa vais ouvir, a Mãe do verdadeiro Deus, cuja doutrina vais aprender e rezar. É minha vontade que neste lugar se construa um templo para mim, no qual me mostrarei como Mãe piedosa para ti, para teu povo, para meus devotos e para todos os que me procuram para serem auxiliados em suas necessidades. Vai ter com o bispo e dize-lhe, em meu nome, o que viste e que é minha vontade que me seja dedicado um templo aqui. Como sinal de gratidão, recompensar-te-ei com benefícios por este serviço.” Juan Diego ouviu isso e ficou confuso. Obediente, partiu logo para o México e apresentou sua mensagem ao Ilustríssimo Senhor Dom Frei Juan de Zumárraga, esplendor da Ordem Seráfica, natural de Durango, na Biscaia (sua pátria), então bispo e pouco depois primeiro arcebispo do México. Mas ele não deu outra resposta senão dispensar o índio sem ela.
Oração. — Ó clementíssimo Pai eterno, Deus e Senhor do universo, que quisestes ser imitado por vossa Santíssima Filha, enviando sua imagem ao mundo por amor dos homens, para remédio de todas as nossas necessidades, nós vos agradecemos por tão singular benefício; e diante de vós, Soberana Senhora, na companhia dos anjos, arcanjos e tronos, prostramo-nos, envolvidos pelo amor com que viestes para nos amparar e para declarar quanto desejais ser tida e reconhecida como Mãe e quanto desejais que recorramos a vós como filhos. Somos indignos de sê-lo, ó Senhora, mas, se apesar de tudo vosso amor assim o quer, nós vos consideramos como Mãe, vos amamos como Mãe, e como Mãe vos suplicamos que nos alcanceis de Deus os bens desta vida e da outra.
(Aqui se rezam três Ave-Marias e três Glória ao Pai em honra da Santíssima Trindade. Depois, saúda-se do seguinte modo a Nossa Senhora:
Ave Filia Dei Patris: Ave Mater Dei Filii: Ave Sponsa Spiritus Sancti: Ave Templum Sanctissimæ Trinitatis. Amen. — Ave Filha de Deus Pai! Ave Mãe de Deus Filho! Ave Esposa do Espírito Santo! Ave Templo da Santíssima Trindade! Amém.)
Piedosíssima Virgem Maria, já que vós mesma dizeis que vindes socorrer aqueles que recorrem a vós em suas necessidades, não desprezeis as minhas preces quando imploro vosso auxílio, e abri as entranhas da vossa misericórdia às minhas súplicas, para que eu obtenha o que desejo e peço, se for para maior glória de Deus, vossa honra e meu benefício. (Aqui, em silêncio e com grande confiança, cada um faça seu pedido à Santíssima Virgem e depois prossiga.) Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, nossa Mãe e Senhora, que, sendo o Templo da Santíssima Trindade, viestes procurar entre os homens um templo onde colocar vossa imagem, para que seja luz dos cegos, saúde dos enfermos, ressurreição dos mortos, socorro dos pobres, liberdade dos escravos, consolação dos aflitos, refúgio dos perseguidos, alegria dos atribulados, refúgio universal de todos e fonte perene de benefícios, fazei-nos lembrar que somos templos vivos de Deus; lembrai ao Pai Eterno que somos imagens do Filho e do Espírito Santo. Lembrai ao vosso Filho que somos imagens do Pai e do Espírito Santo. Lembrai ao Espírito Santo que somos imagens do Pai e do Filho, para que não permitam que nos tornemos semelhantes ao demônio, mas restaurem e aperfeiçoem a imagem que criaram, aperfeiçoando-a nos justos e renovando-a nos pecadores. E vós, minha Mãe, do sol da vossa santa imagem, enviai um raio de luz, para que aqui se faça conhecer a grandeza que é ser templo e imagem de Deus, para que a conservemos sempre imaculada e nunca deixemos de ser vossos filhos e filhos de Deus. Amém.
Dia II
Ato de Contrição. — Ó amantíssimo Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, a quem amo, em quem espero: sei que, sendo Vós meu Pai, não vos amei; sendo Vós meu Redentor, vos desprezei; sendo Vós meu Benfeitor, não vos retribuí. Sei que me esqueci de ser filho, de ser fiel e de ser grato. Sei que mereci por muitos títulos vossa ira e minha ruína. Mas agora confesso, meu Senhor, que pequei; pesa-me o fato de vos ter ofendido apenas porque sois Deus, porque sois sumamente bom e digno de ser amado. Proponho-me não vos ofender mais, só por causa de quem sois, só por causa de vossa bondade. Fazei, meu Deus, que eu vos ame sempre de todo o coração; minhas faltas não merecem esta felicidade, mas Vós, Senhor, eis que sois Pai, eis o vosso Sacratíssimo Sangue, eis o vosso Amor.
E vós, Santíssima Virgem de Guadalupe, nossa Mãe, Senhora e Advogada, vejo quanto vos desagradei ao ofender vosso amantíssimo Pai, Filho e Esposo; mas de agora em diante proponho não vos desagradar mais. Mostrai ao Pai Eterno que sois sua Filha, ao Espírito Santo que sois sua Esposa, e ao vosso Filho Santíssimo que sois sua Mãe e nossa Mãe, para que, por vossa intercessão, eu não seja mais infiel nem ingrato, mas um verdadeiro filho vosso e da Santíssima Trindade. Amém.
Meditação. — Maria Santíssima, por ser Rainha e Senhora de todo o mundo, é Imperatriz do Céu, e tão humilde, que até em seu rosto quis que aparecesse a humildade de seu coração. Ela ama tanto os pobres e os humildes, que se serve deles, deixando de lado os poderosos. E eu, porventura terei coração para ser orgulhoso e desprezar os meus próximos e os pobres?
Afeto. — Ó Maria Santíssima, tão humilde sois vós, e eu tão vaidoso e tão desdenhoso dos pobres!
Fruto. — Tenha horror a procurar ser melhor que os outros, e não trate ninguém com ânsia de superioridade, pois esses são os verdadeiros sinais do orgulho. Sofra hoje com humildade qualquer desprezo por sua pessoa, pois aquele que se humilha no mundo será exaltado na presença de Deus.
Segunda Aparição. — Ainda no sábado, depois do meio-dia, Juan Diego voltou para casa e, no mesmo local da manhã, encontrou a Senhora, que aguardava sua resposta. Estava muito abatido e angustiado por não ter obtido frutos em sua missão e disse à Senhora que (como ele já imaginava) não se haviam dado às suas palavras nem crédito nem fé; rogou-lhe que não fizesse caso de sua própria pessoa, mas que se valesse de alguma figura de autoridade. A Virgem respondeu-lhe com grande ternura e agrado: “Agradeço-te, filho Juan, por teu cuidado e tua obediência; mas fica sabendo que, embora tenha muitos a quem confiar este negócio, é melhor que sejas tu, e não outra pessoa, a realizá-lo. Esta é a minha vontade; ordeno-te que o faças. Esta é a minha vontade, segundo a qual te ordeno que amanhã voltes ao bispo e lhe digas que te envio a ele uma segunda vez com a mesma missão. Vai e faze o que te ordeno, e eu te serei grata por esta diligência.” Juan Diego obedeceu e, com a bênção da Senhora, foi para casa.
Oração. — Ó amantíssimo Redentor nosso, Filho Unigênito do Pai e verdadeiro Filho da Virgem Maria, agradecemo-vos que a vossa Santíssima Mãe vos tenha imitado, vindo como Vós ao mundo por amor dos homens; e que Vós quisésseis (para que a semelhança fosse mais perfeita) que, assim como vos servistes de pessoas rudes e humildes para provar vossa fé, assim também vossa Santíssima Mãe se servisse de um índio rude e pobre para dar crédito às suas palavras. Alegramo-nos convosco na companhia das potestades, principados e dominações, humilíssima Senhora de Guadalupe, que em vossa própria imagem dais a conhecer quanto a vossa humildade vos exaltou até acima dos Soberanos Espíritos do Céu. E nós louvamos a dignidade de que gozais e a altura a que vos vemos exaltada; e pedimo-vos a verdadeira humildade, com a qual, sabendo que nada somos, e que tudo devemos a Deus e a vós, imitemos vossa humildade e a do vosso Santíssimo Filho, para sermos exaltados na glória do Paraíso. Amém.
(Aqui se rezam três Ave-Marias e três Glória ao Pai em honra da Santíssima Trindade. Depois, saúda-se do seguinte modo a Nossa Senhora:
Ave Filia Dei Patris: Ave Mater Dei Filii: Ave Sponsa Spiritus Sancti: Ave Templum Sanctissimæ Trinitatis. Amen. — Ave Filha de Deus Pai! Ave Mãe de Deus Filho! Ave Esposa do Espírito Santo! Ave Templo da Santíssima Trindade! Amém.)
Piedosíssima Virgem Maria, já que vós mesma dizeis que vindes socorrer aqueles que recorrem a vós em suas necessidades, não desprezeis as minhas preces quando imploro vosso auxílio, e abri as entranhas da vossa misericórdia às minhas súplicas, para que eu obtenha o que desejo e peço, se for para maior glória de Deus, vossa honra e meu benefício. (Aqui, em silêncio e com grande confiança, cada um faça seu pedido à Santíssima Virgem e depois prossiga.) Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, nossa Mãe e Senhora, que, sendo o Templo da Santíssima Trindade, viestes procurar entre os homens um templo onde colocar vossa imagem, para que seja luz dos cegos, saúde dos enfermos, ressurreição dos mortos, socorro dos pobres, liberdade dos escravos, consolação dos aflitos, refúgio dos perseguidos, alegria dos atribulados, refúgio universal de todos e fonte perene de benefícios, fazei-nos lembrar que somos templos vivos de Deus; lembrai ao Pai Eterno que somos imagens do Filho e do Espírito Santo. Lembrai ao vosso Filho que somos imagens do Pai e do Espírito Santo. Lembrai ao Espírito Santo que somos imagens do Pai e do Filho, para que não permitam que nos tornemos semelhantes ao demônio, mas restaurem e aperfeiçoem a imagem que criaram, aperfeiçoando-a nos justos e renovando-a nos pecadores. E vós, minha Mãe, do sol da vossa santa imagem, enviai um raio de luz, para que aqui se faça conhecer a grandeza que é ser templo e imagem de Deus, para que a conservemos sempre imaculada e nunca deixemos de ser vossos filhos e filhos de Deus. Amém.
Dia III
Ato de Contrição. — Ó amantíssimo Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, a quem amo, em quem espero: sei que, sendo Vós meu Pai, não vos amei; sendo Vós meu Redentor, vos desprezei; sendo Vós meu Benfeitor, não vos retribuí. Sei que me esqueci de ser filho, de ser fiel e de ser grato. Sei que mereci por muitos títulos vossa ira e minha ruína. Mas agora confesso, meu Senhor, que pequei; pesa-me o fato de vos ter ofendido apenas porque sois Deus, porque sois sumamente bom e digno de ser amado. Proponho-me não vos ofender mais, só por causa de quem sois, só por causa de vossa bondade. Fazei, meu Deus, que eu vos ame sempre de todo o coração; minhas faltas não merecem esta felicidade, mas Vós, Senhor, eis que sois Pai, eis o vosso Sacratíssimo Sangue, eis o vosso Amor.
E vós, Santíssima Virgem de Guadalupe, nossa Mãe, Senhora e Advogada, vejo quanto vos desagradei ao ofender vosso amantíssimo Pai, Filho e Esposo; mas de agora em diante proponho não vos desagradar mais. Mostrai ao Pai Eterno que sois sua Filha, ao Espírito Santo que sois sua Esposa, e ao vosso Filho Santíssimo que sois sua Mãe e nossa Mãe, para que, por vossa intercessão, eu não seja mais infiel nem ingrato, mas um verdadeiro filho vosso e da Santíssima Trindade. Amém.
Meditação. — Maria Santíssima é a Mãe do Amor. Por ninguém tem maior estima que por Ele, nem nada melhor lhe pode ser oferecido. Por isso, quis que sua sagrada imagem fosse cercada por raios de sol e descesse em uma nuvem de fogo, manifestando-se assim inflamada pelo amor ao próximo e a Deus. Por isso, não hesitou em deixar que Juan Diego acudisse primeiro às necessidades de seu tio, em vez de cumprir a missão que lhe tinha confiado. E eu, será que posso odiar o meu próximo? Fazer-me surdo às suas necessidades?
Afeto. — Que delicadeza seria a minha, Senhora, se não amasse o que vós amais? Quero amar o meu próximo, mesmo que não tivesse outra razão para amá-lo senão o fato de vós o amardes.
Fruto. — Do próximo fale somente o bem. Dê esmolas e, de hoje em diante, olhe para os mais pobres com compaixão. Não os despreze e, se não puder ajudá-los, despeça-se deles com boas maneiras.
Terceira Aparição. — No domingo, 10 de dezembro, Juan Diego, depois de ter assistido à Missa e à instrução em sua paróquia, dirigiu-se ao palácio do bispo, a quem, depois de ter esperado muito tempo na antecâmara, voltou a manifestar, não sem lágrimas, o desejo da Santíssima Virgem. O bispo, curioso e solícito, respondeu-lhe que, como suas próprias palavras não bastavam num assunto tão sério, devia tentar obter da Senhora algum sinal que confirmasse a vontade dela. O índio prometeu pedi-lo e partiu imediatamente; mas, por ordem do bispo, foi seguido por dois de seus parentes mais fiéis, que, sem serem vistos por Juan, observavam todos os passos e ações dele (que alguns chamavam “estratagemas dos índios”). Juan foi observado até chegar à montanha, onde, sem ser visto pelos que o seguiam, subiu ao cume, onde o esperava Maria Santíssima. Prostrou-se a seus pés e, contando-lhe sua missão, pediu-lhe o sinal necessário. A Senhora respondeu: “Juan, meu filho, amanhã voltarás a ver-me, e eu te darei um sinal que bastará para tornar certa minha missão e para dar crédito às tuas palavras, de modo que serás recebido e despedido com aplausos e admiração. E pensa que este teu trabalho não ficará sem recompensa, pelo que a minha gratidão não será esquecida. Aqui te espero amanhã, não te esqueças de mim.” Juan Diego despediu-se com muita afabilidade e delicadeza e regressou a casa cheio de alegria. Aí encontrou seu tio, chamado Juan Bernardino, doente com uma febre maligna, em risco de vida, e por isso, ocupado no dia seguinte, 11 de dezembro, à procura de médicos e remédios, não foi ver a Senhora, como ela lhe tinha ordenado.
Oração. — Ó amabilíssimo Espírito Santo, centro do amor eterno e Esposo da Virgem Maria, que quisestes ser imitado pela Virgem de Guadalupe, descendo numa nuvem flamejante, que por toda a parte derrama chamas e pequenas línguas de fogo, para manifestar vosso desejo de que os homens se inflamem no vosso amor e no de Maria, nós vos agradecemos tão grande amor; e na companhia das virtudes, dos querubins e dos serafins, alegramo-nos com vosso Santíssimo Esposo. E vós, dulcíssima Senhora, já que nos dissestes a todos, na pessoa do humilde Juan, que nos lembrássemos de vós, fazei de vossas amáveis palavras línguas de fogo, as quais, falando ao coração, o iluminem para vos conhecer e o inflamem para vos amar, a fim de que ele se inflame, se abrase e se consuma no vosso amor, de modo que, fazendo vossa vontade, façamos e realizemos só aquilo que vós nos inspirardes e quiserdes de nós. Amém.
(Aqui se rezam três Ave-Marias e três Glória ao Pai em honra da Santíssima Trindade. Depois, saúda-se do seguinte modo a Nossa Senhora:
Ave Filia Dei Patris: Ave Mater Dei Filii: Ave Sponsa Spiritus Sancti: Ave Templum Sanctissimæ Trinitatis. Amen. — Ave Filha de Deus Pai! Ave Mãe de Deus Filho! Ave Esposa do Espírito Santo! Ave Templo da Santíssima Trindade! Amém.)
Piedosíssima Virgem Maria, já que vós mesma dizeis que vindes socorrer aqueles que recorrem a vós em suas necessidades, não desprezeis as minhas preces quando imploro vosso auxílio, e abri as entranhas da vossa misericórdia às minhas súplicas, para que eu obtenha o que desejo e peço, se for para maior glória de Deus, vossa honra e meu benefício. (Aqui, em silêncio e com grande confiança, cada um faça seu pedido à Santíssima Virgem e depois prossiga.) Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, nossa Mãe e Senhora, que, sendo o Templo da Santíssima Trindade, viestes procurar entre os homens um templo onde colocar vossa imagem, para que seja luz dos cegos, saúde dos enfermos, ressurreição dos mortos, socorro dos pobres, liberdade dos escravos, consolação dos aflitos, refúgio dos perseguidos, alegria dos atribulados, refúgio universal de todos e fonte perene de benefícios, fazei-nos lembrar que somos templos vivos de Deus; lembrai ao Pai Eterno que somos imagens do Filho e do Espírito Santo. Lembrai ao vosso Filho que somos imagens do Pai e do Espírito Santo. Lembrai ao Espírito Santo que somos imagens do Pai e do Filho, para que não permitam que nos tornemos semelhantes ao demônio, mas restaurem e aperfeiçoem a imagem que criaram, aperfeiçoando-a nos justos e renovando-a nos pecadores. E vós, minha Mãe, do sol da vossa santa imagem, enviai um raio de luz, para que aqui se faça conhecer a grandeza que é ser templo e imagem de Deus, para que a conservemos sempre imaculada e nunca deixemos de ser vossos filhos e filhos de Deus. Amém.
Dia da Aparição
Ato de Contrição. — Ó amantíssimo Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, a quem amo, em quem espero: sei que, sendo Vós meu Pai, não vos amei; sendo Vós meu Redentor, vos desprezei; sendo Vós meu Benfeitor, não vos retribuí. Sei que me esqueci de ser filho, de ser fiel e de ser grato. Sei que mereci por muitos títulos vossa ira e minha ruína. Mas agora confesso, meu Senhor, que pequei; pesa-me o fato de vos ter ofendido apenas porque sois Deus, porque sois sumamente bom e digno de ser amado. Proponho-me não vos ofender mais, só por causa de quem sois, só por causa de vossa bondade. Fazei, meu Deus, que eu vos ame sempre de todo o coração; minhas faltas não merecem esta felicidade, mas Vós, Senhor, eis que sois Pai, eis o vosso Sacratíssimo Sangue, eis o vosso Amor.
E vós, Santíssima Virgem de Guadalupe, nossa Mãe, Senhora e Advogada, vejo quanto vos desagradei ao ofender vosso amantíssimo Pai, Filho e Esposo; mas de agora em diante proponho não vos desagradar mais. Mostrai ao Pai Eterno que sois sua Filha, ao Espírito Santo que sois sua Esposa, e ao vosso Filho Santíssimo que sois sua Mãe e nossa Mãe, para que, por vossa intercessão, eu não seja mais infiel nem ingrato, mas um verdadeiro filho vosso e da Santíssima Trindade. Amém.
Relato do Milagre. — Finalmente é chegado o dia 12 de dezembro de 1531, glorioso para o Céu, venturoso para o mundo e o mais feliz para as Américas. Neste dia, quando Juan caminhava à procura de um confessor para seu tio, a Senhora encontrou-o no sopé da montanha, no mesmo local de onde saíra e onde ainda hoje existe uma fonte de água. Confuso, Juan atirou-se a seus pés, desculpando-se pelo descuido, pois estava servindo seu tio. A Senhora aceitou o pedido de desculpas e, garantindo-lhe que o tio estava vivo, disse-lhe: “Não te preocupes com o risco que corre teu tio, se tens a mim por tua mãe. Certifica-te de que Juan Bernardino está, a partir deste momento, completamente são.” E, dando alguns passos até o local onde foi construída a primeira ermida, ordenou-lhe que fosse ao topo da montanha, onde a tinha visto de novo, e que pegasse as rosas e flores que lá visse, colocasse-as em seu manto ou tilma e lhas trouxesse.
Juan foi e viu aquele pico espinhoso coroado de rosas e flores, tão frescas e perfumadas que cada flor era uma maravilha. Surpreendido por ver aquela montanha, que nunca antes nem depois tinha sido abundante em nada a não ser abrolhos e espinhos, transformar-se num jardim, com timidez e com a mão a latejar, pegou as flores e as rosas que conseguiu enfiar na barra de seu manto e levou-as reverentemente à Senhora. A Soberana Rainha tomou-as em suas santas mãos e, colocando-as de novo no manto de João, disse: “Estas flores e rosas são o sinal que deves levar ao bispo, a quem dirás tudo o que viste em meu nome, e que estes são os sinais para que ele faça imediatamente o que eu lhe ordeno.” Ao mesmo tempo, avisou-o para não as mostrar a mais ninguém antes de as mostrar ao bispo.
Juan assim o fez: embora, depois de chegar ao palácio episcopal, a curiosidade dos parentes e dos pajens, movidos pelo perfume das rosas, o incitasse a mostrá-las, eles não o conseguiram, enquanto não as mostrou ao prelado, a quem relatou todo o acontecimento em nome da Senhora. E como, ao abrir a tilma para retirar as rosas, uma parte da pintura ficou descoberta, Juan, surpreendido, deixou cair a tilma: ao fazê-lo, caíram as rosas e apareceu a maravilhosa imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, tal como agora é venerada em seu Santuário, decorridos quase quinhentos anos, pintada na tilma ou manto do indígena Juan, mas não com outras cores senão as das próprias rosas, cujas folhas claras se entrelaçavam na mesma tilma ou manto.
O bispo, o índio e todos os que estavam presentes ficaram absorvidos por tão grande prodígio, até que, prostrados e chorando, se puseram a venerar a imagem sagrada. O bispo tirou a tilma dos ombros de Juan e guardou-a em seu oratório. No dia seguinte, na companhia do próprio Juan Diego e de muitas pessoas de autoridade, foi reconhecer, venerar e assinalar todos os lugares que a Rainha celeste tinha santificado com sua presença; e quando chegou Juan Bernardino, tio de Juan Diego, assegurou ele que a Senhora lhe tinha aparecido ao mesmo tempo que ao seu sobrinho, e, devolvendo-lhe a saúde, avisou-o para que comunicasse o prodígio quando fosse chamado pelo bispo (o que não tardaria a acontecer). E como testemunho da veracidade [do que dissera], fez uma descrição singular da imagem, antes de a ter visto.
Meditação. — Maria Santíssima vem do Céu para se entregar inteiramente a nós; e nós, não nos entregaremos inteiramente a Maria? O homem confia sua saúde a um médico, sua causa a um advogado, suas ambições a outro homem. E nós teremos dificuldade de confiar a Maria todas as nossas coisas, quando ela nos garante seu poder e proteção? Não estarão nossos interesses sem dúvida mais seguros nas mãos dela que nas nossas?
Afeto. — Em quem hei de confiar, se não confiar em vós? Ó Maria, haverá maior fortuna do que ter-vos por minha protetora e deixar-me governar por vós?
Fruto. — Vá a uma Igreja e faça a Maria Santíssima uma entrega total de si e de todas as suas coisas, propondo-se a não realizar nenhum trabalho antes de a consultar e pedindo-lhe seu favor, certo de que com a proteção dela tudo correrá bem.
Oração. — Ó poderosíssima, santíssima e amantíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo! Prostrados humildemente em vossa divina presença, e acompanhados por toda a corte celeste e por sua Soberana Rainha, damos-vos infinitas graças por nos terdes dado, em vossa milagrosa imagem de Guadalupe, tão grande sinal do vosso poder, tão clara prova da vossa sabedoria e tão autêntica prova do vosso amor. Quiséramos, se possível fosse, vosso poder, para ter com o que retribuir vosso benefício. Quiséramos vosso conhecimento, para poder ao menos conhecê-lo. E quiséramos vosso amor, para corresponder com o amor que vos é devido. Mas Vós já conheceis nossa fraqueza, nossa ignorância e nosso nada, e por isso ajudai-nos com vossa graça, para que possamos conhecer e amar aquela que é o objeto predileto do vosso amor, que nos destes para que seja servida e amada por nós, a fim de que, contemplando-a e amando-a, possamos contemplar-vos e amar-vos na glória, ó Santíssima Trindade. Amém.
(Aqui se recitam nove Ave-Marias, pedindo aos nove coros dos anjos que nos ajudem a dar graças à Santíssima Trindade; diz-se três vezes o Glória ao Pai em honra da Santíssima Trindade; e faz-se a saudação à Virgem com as palavras habituais:
Ave Filia Dei Patris: Ave Mater Dei Filii: Ave Sponsa Spiritus Sancti: Ave Templum Sanctissimæ Trinitatis. Amen. — Ave Filha de Deus Pai! Ave Mãe de Deus Filho! Ave Esposa do Espírito Santo! Ave Templo da Santíssima Trindade! Amém.
Conclui-se com a recitação do Terço e a Ladainha da Santíssima Virgem.)
Oração final a Nossa Senhora. — Sereníssima Imperatriz do Céu, Mãe do Filho Unigênito do Pai Eterno, Sacrário do Espírito Santo, Puríssima Virgem Maria, cheia de graça e bendita acima de todas as mulheres, venero humildemente vosso ventre benditíssimo, que envolveu e nos trouxe o fruto da vida, por meio do qual adveio o remédio e a bênção para todas as criaturas racionais. A vós, nossa Protetora, recorrem os pecadores como à sua Medianeira. Ó Rainha bendita, exaltada acima de todos os santos e acima de todos os coros dos anjos, porque depois do vosso amantíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, possuís o trono da glória eterna! Ó Lua claríssima, que iluminais as trevas da noite escura da nossa ignorância! Ó Mãe misericordiosíssima e consoladora de todos nós! Quem vos invocou e não encontrou em vós o socorro? Quem, na vossa mediação, esperou ser escarnecido? Voltai para nós esses vossos olhos misericordiosos e humildes, como as piscinas de Hesebon, onde nunca faltava água para refrescar os vivos; assim nas fontes divinas dos vossos olhos nunca faltem misericórdia e compaixão para com as nossas misérias. Inclinai, ó Mãe graciosa, os ouvidos vivos de vossa misericórdia às nossas fervorosas súplicas. Lembrai-vos, ó gloriosa Mãe de Deus, do que Deus disse e fez por vós. Vós sois aquela Virgem bela e piedosa, representada em Rebeca, que deu água não só ao servo de Abraão, quando este a pediu, mas também aos seus camelos. Vós, Virgem Santíssima, favoreceis não só os justos, que são aqueles que vivem segundo a lei divina, mas também os pecadores, que, como os camelos, estão sobrecarregados com o peso dos seus maus desejos, e aos quais, por vossa intercessão, é comunicada a água do deserto. Vós sois a amada rainha Ester, por cujo pedido o grande rei Assuero concedeu a vida aos que estavam condenados à morte, pois vós, igualmente bela e clara aos olhos do Rei Altíssimo, conseguis a vida eterna para muitos que mereciam a condenação eterna por seus pecados. Vós sois a sábia Abigail, que impede a vingança que Davi procurava praticar contra o seu marido Nabal. Vós, como Judite, sois a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra de todo o povo cristão. Vós sois a Senhora mais excelente, a santa, a gloriosa, a alegria dos anjos. Iluminai e avivai nosso entendimento com vosso piedoso olhar, para que conheçamos vossos favores e até onde chega vosso poder, para a glória de vós mesma e de vosso Filho Santíssimo, que com o Pai e o Espírito Santo reina na glória por toda a eternidade. Amém.
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