Para que nós, mulheres, aceitemos o nosso papel específico na santificação do sacerdócio, temos de estar dispostas a abandonar a postura antagônica que muitas vezes assumimos frente aos homens. Muitos danos foram causados na dinâmica entre homens e mulheres por causa das formas radicais de feminismo, que procuram opor homens e mulheres numa interminável luta por poder. Isso serviu para criar uma fratura em todo tipo de relação entre homens e mulheres, inclusive entre sacerdotes e mulheres.
O sacerdócio precisa da influência de mulheres santas, mas essa influência não deve vir de uma posição de poder que tantas tentam alcançar exigindo a ordenação de mulheres ao sacerdócio e ao diaconato permanente, assim como de outros papéis de liderança leiga no seio da Igreja. (É um caso irônico, já que as mulheres dominam a maior parte das posições de liderança nas paróquias e nas dioceses.)
Se o principal objetivo de uma mulher é ter um lugar de autoridade na hierarquia quando defende a igualdade, então ela não compreende a natureza do sacerdócio nem o seu chamado para servir a Cristo como mulher na Igreja. Qualquer movimento, da parte de homens e mulheres, que não busque na Igreja mais do que o poder vinculado ao sacerdócio está separado do sacerdócio instituído por Cristo na Última Ceia.
Quando Nosso Senhor instituiu o sacerdócio, mostrou aos Apóstolos que ser um de seus sacerdotes significa ser um homem de serviço e entrega radical. Significa abandonar o desejo de poder, honra e status no mundo, a fim de assumir o lugar mais baixo na cruz. Eles não devem pretender dominar o mundo ou a Igreja. Em vez disso, devem seguir o caminho do Servo Sofredor, que se esvazia a si mesmo por amor ao Pai para a salvação do mundo. Isso quer dizer que qualquer argumento pela igualdade entre os sexos centrado na ordenação de mulheres e em dar mais poder a elas no seio da Igreja está nas antípodas daquilo e de Quem o sacerdócio representa.
A resposta a como as mulheres podem, especificamente, ajudar a renovar o sacerdócio requer um distanciamento do desejo por controle sobre os homens e de uma “igualdade” falsa e mundana, e a adoção de uma visão de mundo sobrenatural. Nós, mulheres, somos chamadas por nossos dons femininos singulares a ajudar na santificação dos sacerdotes. É um papel essencial, mas que está muito em baixa por causa das constantes disputas de poder que ocorrem até nas menores paróquias.
A outra disparidade crítica entre mulheres de fé e sacerdotes é o fato de que todos os relacionamentos em nossa cultura foram reduzidos ao sexo. Isso quer dizer que a autêntica complementaridade entre homem e mulher, um dom de Deus, foi perdida. Essa complementaridade não diz respeito apenas ao amor romântico e ao casamento; inclui também amizades e laços familiares, ambos em nível material e espiritual.
Sim, homens e mulheres devem ser mais prudentes em seus relacionamentos por causa da atração natural que sentem um pelo outro. Mas isso não quer dizer, de modo algum, que homens e mulheres sejam incapazes de expressar uma caridade autêntica e santa. Significa apenas que é necessário um esforço mais profundo, assim como uma vigilância constante. Não podemos nos esquecer de que o maligno está sempre à espreita. Se houver uma falta de maturidade espiritual em um dos lados, a relação não dará certo e poderá ser uma fonte de perigo espiritual para ambos os lados. Isso quer dizer, simplesmente, que a dedicação à santidade e ao progresso espiritual deve estar acima de todo o resto — e esse é um bom conselho, inclusive para uma cultura saudável. O que não devemos fazer de modo algum é estabelecer uma divisão rígida entre homens e mulheres, evitando qualquer amizade ou cooperação, por causa de um puritanismo equivocado e temeroso.
Nosso maior exemplo sobre o papel das mulheres e o sacerdócio vem de Nossa Senhora. Ela é o exemplo por excelência para nós. Ela é Rainha e Mãe de todos os sacerdotes, e é por meio do seu exemplo que mulheres e sacerdotes podem adquirir uma compreensão mais clara de como as mulheres podem ajudá-los a crescer em santidade, sobretudo em tempos de crise.
Essa dimensão mariana se vê principalmente na maternidade espiritual dos sacerdotes. Naturalmente, esse papel remonta a Nossa Senhora, que se tornou Mãe de todos os sacerdotes quando o seu Filho, moribundo na cruz, lhe entregou São João. Ao longo de toda a história da Igreja, essa foi uma missão que muitas mulheres — leigas e religiosas — receberam de Cristo por meio de Nossa Senhora.
Na década passada, houve um movimento ainda maior de promoção da maternidade espiritual dos sacerdotes na Igreja. A Congregação para o Clero publicou em 2007 um documento sobre a necessidade da maternidade espiritual e da adoração eucarística para a santificação dos sacerdotes. É um chamado que tem início no segredo do coração, mas que pode se manifestar de diversas formas segundo a vontade particular de Deus para cada mulher.
Dados os ataques ao sacerdócio e os escândalos atuais, é cada vez mais necessário que os sacerdotes saibam que essas mulheres estão presentes em seu meio, lutando espiritualmente por eles na oração, oferecendo sacrifícios e reparações e encorajando-os — como fez Nossa Senhora em Caná —, a fim de ajudá-los no caminho da santidade.
Os sacerdotes precisam saber que há mulheres dedicadas a ajudá-los em seu ministério sacerdotal e que não procuram ter controle ou poder sobre eles. Há muitos sacerdotes que pensam estar sozinhos, e é por isso que o Espírito Santo têm tornado públicas algumas mães espirituais, enquanto outras permanecem escondidas. A própria Igreja afirmou que esse chamado é essencial, embora ainda seja muito incompreendido.
Independentemente de como ele se manifeste na vida de uma mulher, esse chamado é, acima de tudo, uma vocação mariana. Trata-se de amar os sacerdotes com o Imaculado Coração de Maria, ou seja, com um amor desinteressado que busca o bem supremo, isto é, sua santificação. Ser mãe espiritual significa morrer para si, como ocorre na maternidade natural. A missão de uma mãe espiritual se resume a trabalhar na ordem sobrenatural para que os sacerdotes cheguem a ser santos. Isso quer dizer que lutas por poder ou afetos desordenados não têm lugar aqui. De fato, não podemos desejar o bem de outra pessoa se formos escravos do nosso próprio ego, do desejo de controle ou se cairmos em tentação.
A verdadeira maternidade espiritual também complementa a paternidade espiritual, na medida em que ajuda a desenvolver as duas vocações. Sacerdotes — assim como maridos e pais — precisam das mulheres para crescer em sua paternidade espiritual. Por isso é essencial que os sacerdotes sejam marianos, senão correrão o risco de cair num celibato desordenado ou ficarão alheios às necessidades das mulheres que estão sob os seus cuidados. A feminilidade autêntica, que está enraizada na caridade e em uma identidade mariana, ajuda a conduzir os sacerdotes mais profundamente ao Sagrado Coração de Jesus por meio do Imaculado Coração de Maria. Esse é o caminho para uma santidade mais elevada.
As mulheres podem ridicularizar essa função, mas isso equivale a assumir uma mentalidade mundana. Todo poder espiritual exercido por santas ao longo dos séculos — incluindo a mais recente favorita de todos nessa época de escândalos: Santa Catarina de Siena — vinha de sua disposição para travar, primeiro, batalhas espirituais. Santa Catarina foi uma mulher de profunda oração, jejum, sacrifício, mortificação e reparação. Foi por causa dessa vida íntima com Deus plena de amor que ela foi capaz de ajudar a sacerdotes, bispos e Papas. Ela não estava interessada no poder e na honra do mundo. Por isso Deus a chamou para realizar grandes missões. Deus não chama quem anda à procura de poder mundano em postos de influência. Não podemos servir a dois senhores.
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Parece que Deus me deu uma (talvez duas) graça de luz sobre o tema. É consolador para o sexo feminino, que nenhuma crise no clero foi, é ou será culpa nossa. Em certo sentido, é um alívio muito grande. Lendo a passagens das obras de Teresa sobre sentir tal vocação, como a de baixo, agora, sinto uma leveza. Os argumentos nunca me convenceram, são todos insuficientes, quando não falsos, decidi aceitar apenas por pura obediência e abnegação. Há muita necessidade, ou melhor, é "desesperadamente" necessária a Fé no Amor de Deus para O amar, depois, nos sacrifícios. É necessária também para não fazer surgir/evitar ou aumentar os transtornos psicológicos (e somáticos). Como o amor tende ao absoluto, quer o bem do ser amado a todo custo, a própria custa, até o sacrifício total consumado, e como o amor é extático, a complacência pelo bem do amado lhe será mais doce e alegre do que o próprio bem, tal felicidade compensa aquilo que é sacrificado. Estou tentando ser otimista.
Apenas tentando, pois ainda me parece (juízo prático) o catolicismo a religião da dor, da humilhação, da agonia, do sangue, do abatimento, da tristeza mais enfadonha e da morte.
Daqui a menos de um mês irei fazer 25 anos, e estou muito triste com isso. Me lembro desta citação de Santa Teresa do Menino Jesus: "Feliz de morrer aos 24 anos, porque antes desta idade não se é geralmente ordenado padre. Então Deus, chamando-me a si, poupa-me o desgosto de ter vivido sem o ter sido, e sem a esperança de o ser algum dia". Apenas me deixem chorar. 🥲 Eu não queria poder e honra nenhuma perante os homens, mas apenas fazer Jesus ganhar a vida em minhas mãos. 🌕🤏 Mesmo que eu viva um hipotético chamado à Maternidade Espiritual, que é uma vocação mariana, ainda é desolador, pois a Virgem Maria gerou Jesus na Sua Natureza Humana, Ela Lhe deu a vida. Mas a santidade é "um morrer antes de cabalmente morrer", não ter vontade própria, viver para o Querer de Deus. Amar a Deus até o desprezo/esquecimento de si.