No último dia de nossa novena, falaremos dos dons mais elevados do Espírito: a inteligência e a sabedoria.
Estes dons estão ligados ao fato de que nós, pela fé, ainda temos um conhecimento limitado de Deus. É a inteligência que nos dá a conhecer mais profundamente os mistérios da fé, diferentemente da ciência, que, como vimos, nos ajuda a perscrutar as realidades naturais. É possível perceber a sua ação quando, por moção da graça, em um momento específico de oração ou de escuta da Palavra de Deus, as realidades eternas de algum modo se abrem ante nossos olhos, fazendo-nos contemplar a grandeza do Amor.
É importante destacar que, neste mundo, a compreensão dos mistérios da fé está voltada justamente para o Amor. Quanto mais conhecemos a Deus, mais podemos amá-Lo. Quando, pela visão beatífica, contemplarmo-Lo face a face, conheceremos completamente, como somos conhecidos (cf. 1 Cor 13, 12), e esse conhecimento nos divinizará de tal modo que nosso amor estará totalmente em sintonia com o amor divino. Por isso, diversamente do que acontece aqui, no Céu, a faculdade de nossa inteligência será superior à da vontade.
Para aperfeiçoar a virtude da caridade, é necessário o dom da sabedoria. Do latim sapere, tem que ver com “saborear". Assim, por este dom, somos capazes de “sentir o gosto" das coisas divinas. Entramos de tal modo no conhecimento dos mistérios de Deus que ele, de algum modo, se torna operativo no amor.
Por isso, quando acontecem tragédias e crises na vida das pessoas, o sábio é capaz de enxergar nessas situações a mão providente do Senhor. Trata-se do sopro divino que transforma as tribulações em ocasiões extraordinárias para amar a Deus... e abraçar a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Com efeito, diz o Apóstolo, “nós (...) proclamamos Cristo crucificado, (...) loucura para os pagãos" (1 Cor 1, 23). O caminho da Cruz não é a exceção, mas a regra. Os santos, mesmo sentindo o drama do sofrimento – afinal, o próprio Cristo suou sangue no Monte das Oliveiras (cf. Lc 22, 44) –, conformavam-se à vontade de Deus, pois, pela sabedoria, eram capazes de enxergar nela o Seu amor e a Sua bondade.
Também nós somos chamados a seguir as pegadas dos santos, fortalecendo a nossa amizade com Deus, mais valiosa que todo o mundo natural. Para tanto, urge pedirmos ao Espírito Santo as graças atuais necessárias para amá-Lo e servi-Lo de todo o coração. Ao fim da caminhada, cremos poder repetir com o Apóstolo: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20).
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