A origem dos “dons do Espírito Santo" é retirada das próprias Sagradas Escrituras: “Um broto vai surgir do tronco seco de Jessé, das velhas raízes, um ramo brotará. Sobre ele há de pousar o espírito do Senhor, espírito de sabedoria e compreensão, espírito de prudência e valentia, espírito de conhecimento e temor do Senhor" (Is 11, 1-3). No texto original hebraico, a palavra “piedade" é a mesma de que vem o dom do “temor do Senhor".
O temor do Senhor, diz o salmista, é “o princípio da sabedoria" (Sl 110, 10). Este dom, no entanto, não se trata do temor mundano, o “respeito humano" que geralmente guia a conduta dos pecadores, nem do temor servil, que aqueles que se convertem têm no início de sua caminhada, deixando de pecar por medo das penas do inferno. É, antes, um medo de ofender a Deus com o pecado. Quem ama de fato o Senhor teme perder a Sua amizade. Além disso, treme diante de Sua majestade e de Sua grandeza. Quando, na oração, começa perceber o abismo que existe entre si e o Criador, envereda pela senda do temor.
Esse mesmo temor – que se pode chamar filial, pelo fato de o próprio Filho de Deus o possuir em Sua humanidade – manifesta-se também no dom da piedade, que consiste em uma devoção para com o Pai, uma devoção que se dispõe a passar pelo “vale escuro" (Sl 23, 4) sem desistir d'Ele.
Estes dois dons são, então, “dois lados da mesma moeda": unem o temor filial que sabe adorar ao coração dócil que sabe confiar, mesmo em meio à tempestade e à provação.
Peçamos a Deus, neste dia, que nos faça passar rapidamente pela via purgativa e sopre em nós o Espírito, a fim de compreendermos a gravidade do pecado e a grandeza da majestade e do amor de Deus, aos quais devemos corresponder.
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