Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 22, 14-20)
Quando chegou a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos e disse: “Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer. Pois eu vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus”. Então Jesus tomou um cálice, deu graças e disse: “Tomai este cálice e reparti entre vós; pois eu vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. A seguir, Jesus tomou um pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim”. Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós”.
A Igreja nos concede hoje, quinta-feira dentro da Oitava do S. Coração, a faculdade de celebrarmos devotamente o Coração Eucarístico de Jesus, fazendo especial memória dos três grandes dons que o divino Coração de Nosso Senhor entregou à Igreja: a si mesmo, no sacramento da Eucaristia; a sua Mãe SS., proclamada no Calvário como Mãe de todos os fiéis; e a participação no seu poder sacerdotal, dada aos padres de todos os tempos e lugares (cf. Pio XII, Encíclica “Haurietis aquas”, de 15 mai. 1956, n. 34). E não é por acaso que sejam estes, e não outros, os mais apreciados dons de Jesus Cristo. Foi, com efeito, na Última Ceia e no Calvário, que constituem um único e mesmo sacrifício e o ponto alto de toda a vida de Cristo, que Ele teve presentes ao seu amorosíssimo Coração estas três realidades tão sagradas: primeiro, o seu Corpo sacratíssimo, entregue sob a aparência de pão no cenáculo e na realidade pungente de suas chagas no Calvário; segundo, a amizade reconfortante dos primeiros sacerdotes ordenados: no cenáculo, com todos reunidos; no Calvário, apenas com S. João; por fim, a Virgem SS., que foi decerto não somente uma presença, mas um pensamento constante de Nosso Senhor em todas as suas atividades, sobretudo nesta que foi o cume de sua missão: o sacrifício redentor da Cruz, antecipado sacramentalmente horas antes na Última Ceia. Dessa forma, “ao dom incruento de si mesmo sob as espécies do pão e do vinho, Jesus Cristo, nosso Salvador quis unir, como testemunho da sua caridade íntima e infinita, o sacrifício cruento da cruz” (Pio XII, op. cit., n. 38), ao qual quis assistisse o discípulo amado, S. João, o único a ter permanecido constante na fé, a cujas mãos entregaria no mesmo ato a Virgem bendita, como sinal do amor particular que ela, daquela hora em diante, iria devotar a todos os sacerdotes da Igreja. Que a memória desse supremo desígnio de amor, com o qual Jesus quis tornar-nos patente o vínculo estreitíssimo entre os dons da Eucaristia, do sacerdócio e da Virgem Maria, nos anime a rezar ainda mais pela santificação dos sacerdotes, para que eles, reclinando-se confiadamente no peito de Cristo, sejam sempre dignos ministros dos santos mistérios e fiéis devotos de Nossa Senhora, em cujo Coração Imaculado terão sempre um lugar especial e insubstituível.
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