Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 10, 16-20)
Naquele tempo, disse Jesus aos apóstolos: “Envio-vos como ovelhas para o meio dos lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas suas sinagogas. Por minha causa, sereis levado à presença de governadores e reis, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar nem com o que dizer, porque nessa altura vos será sugerido o que deveis dizer; porque não sereis vós a falar, mas é o Espírito do vosso Pai que falará por vós”.
Embora não pertença ao calendário nem da Igreja universal nem de Brasil ou Portugal, a memória que celebramos hoje, ano jubilar do acontecimento, é a dos primeiros mártires franciscanos, mortos em Marrocos no dia 16 de janeiro de 1220, há exatos oito séculos. Foram cinco os coroados com essa glória, por tantos santos desejada: Berardo, Pedro, Otão, Acúrsio e Adjuto, todos eles discípulos de S. Francisco de Assis, que fundara havia pouco tempo a sua Ordem. Enviados a pregar o Evangelho à Espanha, então sob domínio muçulmano, os cincos se dirigiram primeiro a Sevilha, em cuja mesquita proclamaram em plena festividade islâmica o nome de Cristo. Presos e condenados, foram no entanto liberados em seguida, embarcando sem demora para o Marrocos, onde tornaram a ser presos por causa de sua pregação. Ali, foram cruelmente torturados e, por ordem do miramolim da cidade, finalmente condenados à morte por decapitação. A notícia do martírio dos irmãos de S. Francisco surpreendeu tanto a cristandade que ninguém menos do que Fernando de Bulhões decidiu tomar o hábito franciscano, com o qual se tornaria o nosso conhecidíssimo S. Antônio de Lisboa. Que a memória desses santos mártires acenda em nós o mesmo amor a Cristo que os urgiu a meter-se entre os grandes inimigos da fé cristã, sem outro propósito que não o de os converter à verdade e conduzir ao céu que, em seu erro e perfídia, temerariamente se arriscam a perder os que rejeitam entrar por sua única porta.
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