Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10, 38-42)
Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!" O Senhor, porém, lhe respondeu: "Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitadas por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada."
O Evangelho de hoje nos apresenta o conhecido episódio das irmãs Marta e Maria, amigas do Senhor. Santa Teresinha do Menino Jesus, pequenina exegeta, numa carta dirigida ao então seminarista e, anos mais tarde, padre Bellière, nos oferece suas luzes para penetramos este curto mas profundo relato evangélico. O pe. Bellière, com efeito, lamentara-se de haver perdido tanto tempo no caminho espiritual e de haver-se convertido já tarde, com dezoito anos; Santa Teresinha, portanto, procura consolá-lo e, para isso, faz-lhe uma bela leitura desta página de São Lucas. Seguindo os passos da exegese tradicional, que identifica Maria Madalena tanto com a pecadora que enxugara os pés de Cristo quanto com Maria de Betânia, irmã de Marta, Santa Teresinha chega à seguinte conclusão: a santa ousadia de Maria Madalena, que levou uma vida de pecado assim como outros tantos santos amados por Deus, condu-la aos pés do Senhor, que não apenas lhe perdoa os pecados como também lhe concede o dom da contemplação.
Santa Teresinha percebe, pois, que este encontro com Cristo não tem somente algo de negativo, a remissão das culpas; possui, por outro lado, um aspecto positivo — o dom de amar cada vez mais a Deus. Nisto consiste, de modo radical, o método espiritual de Santa Teresinha do Menino Jesus, inspirada por São João da Cruz, cuja doutrina lança raízes na sólida e fértil teologia tomista: é o amor que nos aperfeiçoa, que nos faz crescer de graça em graça, que nos guia pelo caminho do crescimento espiritual. Trata-se de algo acessível a todas as almas, quer ativas, quer contemplativas. Pois todo homem, na situação concreta em que Deus o pôs, é chamado a ser santo, a "subir o Monte Carmelo" pela pequena via do amor a Cristo em todas as coisas e circunstâncias da vida. Com o auxílio desta pequena grande santa, o Evangelho de hoje nos exorta a fazer de Jesus Cristo o nosso único necessário, para que Ele se digne corresponder ao nosso frágil mas sincero amor e nos dê a graça de O amarmos sempre mais.
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