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Texto do episódio
02

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 17, 1-11a)

Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste.

Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.

Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus, e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram, e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste.

Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. Já não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.

Continuamos nossa novena de preparação para o dia de Pentecostes. Nossa Mãe bendita, a Virgem Maria, junto com os Apóstolos reunidos no Cenáculo, pede a vinda do Espírito Santo, e nós, Igreja, a Esposa, como diz o Livro do Apocalipse, dizemos: “Vem!” O Espírito Santo vem, e vem para nos trazer o Esposo, Jesus Cristo. Reflitamos agora a respeito do dom de Deus que nos foi dado pela Lei no Antigo Testamento. Quando enfim chegar o Domingo de Pentecostes, a liturgia nos vai recordar nos Atos dos Apóstolos, que, ao narrar o derramamento do Espírito Santo, S. Lucas dirá assim: “Quando chegou o dia de Pentecostes…”. É interessante que o dia de Pentecostes já existia antes do dia de Pentecostes, ou seja, antes da vinda do Espírito Santo já havia um dia de Pentecostes. Mas o que se celebrava nesse dia? Era a Lei, ou seja, o fato de que Moisés recebeu a Lei no Monte Sinai cinquenta dias depois da saída do Egito. Sabemos que o povo de Israel saiu do Egito na Páscoa, atravessou o Mar Vermelho, andou  por aquele deserto até o pé do Monte Sinai e lá, ao pé do Monte, o povo acampou. Moisés então subiu e lá em cima recebeu a Lei, os Dez Mandamentos. Dizem as SS. Escrituras que Moisés os recebeu pelo ministério dos anjos. A Lei, é evidente, veio de Deus, mas por intermédio dos anjos. Pois bem, o povo de Israel durante séculos celebrou esse acontecimento com a festa de Pentecostes. Sim, o povo alegrava-se por ter recebido uma Lei! Nós, que somos uma sociedade, por assim dizer, revolucionária e um pouco “anarquista”, nunca faríamos uma festa por termos uma lei! No entanto, sem a Lei de Deus, que seria de nós? Estaríamos no caos completo, naquela mesma violência fratricida de Caim, na situação em que ficaram os nossos primeiros pais depois de serem expulsos do paraíso. Mas Deus compadeceu-se do povo e deu-lhes uma Lei para amansar o coração humano, uma Lei, noutras palavras, para preparar o homem para receber um dia o Espírito Santo. Nós precisamos obedecer à Lei de Deus, que nos proporciona a preparação adequada para a vida do Espírito Santo. Ontem falamos da fé de Abraão, fé que vem do Espírito Santo; hoje, estamos falando da Lei de Moisés, Lei que também vem do Espírito Santo, pois é assim que começa a vida de conversão. Se temos um amigo pagão, uma pessoa afastada de Deus, qual é a primeira coisa que devemos fazer? Ajudá-la a ter fé, a fé de Abraão. Mas, depois que ela se abriu à fé, o que resta fazer? Ensinar o que é pecado, o que ele tem de abandonar, que tipo de vida ela precisa ter, ou seja, quais são os seus ídolos, as desordens, os pecados, as impurezas, as violências, os roubos, as mentiras, o adultério, as drogas, o álcool excessivo, a corrupção, seja o que for. Essa pessoa, a partir de agora, tem de viver uma vida conforme a fé recebida. E Deus é tão bom, que Ele mesmo nos revela o que nos faz mal. É importante ter no coração o seguinte: o pecado foi revelado por Deus. Pecado não é o que nós achamos ou “sentimos” que é pecado. Não é preciso sentir nada. Basta saber: Deus nos disse o que é que nos faz mal. Temos de ser como criancinhas diante dele. Quem é pai ou mãe sabe disso: “Filho, não pode isso, é feio!”, “Ah, mas por quê?”, “Não interessa. Não pode. Quando você crescer, vai entender. Agora confie no papai, confie na mamãe. Estou dizendo que faz mal para você”. E o filho, se é virtuoso, confia. Assim deve ser nossa atitude para com Deus. Se queremos converter-nos, o primeiro passo é comportar-nos como cristãos. Larguemos de vez o pecado. Talvez não entendamos tudo por ora, mas não é preciso entender tudo de uma vez. Confiemos. Comecemos já a viver de paciência, de pureza, de obediência. Fazendo isso, veremos como o Espírito Santo irá preparar o nosso coração para que possamos finalmente ser batizados ou então nos confessar direto. Mas há que começar já! Não esperemos! Os pecados mortais, temos de largá-los todos, de uma vez e para sempre. É o Espírito Santo quem nos convida a fazer isso, é Ele quem nos deu a fé como deu a Abraão e é Ele quem nos dá agora a Lei como deu a Moisés. Depois que Jesus subiu aos céus, chegou o dia de Pentecostes, o dia da Lei, e o Espírito Santo foi derramado sobre os Apóstolos e Nossa Senhora para que nós, séculos mais tarde, recebêssemos em nosso coração uma nova lei — a lei do amor, a lei da caridade divina, um amor superior a qualquer capacidade humana. Aqui vemos outro ponto, tão belo e elevado. Sim, temos fé e, uma vez que a temos, aprendemos o que é pecado, deixamos a vida velha para trás e, se formos obedientes, batizando-nos ou confessando-nos, Deus fará um Pentecostes em nosso próprio coração! Por quê? Porque quando somos batizados ou recebemos a absolvição, recebemos o Espírito Santo com o dom da caridade, aquele amor com o qual Deus mesmo se ama. É uma chama de amor que se acende em nosso coração para amarmos a Cristo com o amor com que Ele mesmo nos amou. Que beleza é poder preparar a solenidade de Pentecostes aceitando a Lei que vem de Deus no Antigo Testamento, para poder receber com melhores disposições a nova lei derramada em nossos corações em Pentecostes pelo Espírito Santo de amor. Se ainda precisamos dar o passo de largar os pecados mortais, coragem, vamos lá! Deus nos chama e nos está oferecendo agora o seu Espírito Santo, isto é, uma graça atual para que abracemos com firmeza e decisão a vida que somos chamados a viver.

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