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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 12,24-26)

Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.

Celebramos hoje a Festa de São Lourenço, diácono e mártir. Talvez surpreenda alguns que a comemoração deste santo seja Festa, com Glória e tudo. No entanto, São Lourenço é um santo de imensa popularidade no rito romano, tanto, que a sua basílica foi incluída entre as sete igrejas frequentemente visitadas nas peregrinações à Roma. Trata-se ainda de um mártir fascinante.

Os diáconos eram aqueles que acompanhavam o bispo. O diaconato, mais até do que o presbiterado, sempre foi um ministério ligado ao bispo. Os presbíteros eram enviados a várias paróquias para assistir o bispo, muitas vezes já ancião; mas para que o bispo pudesse estar à disposição de todos, a Igreja se utilizava de diáconos. Nos Atos dos Apóstolos, vemos que é exatamente essa a natureza do diaconato. Os Apóstolos dizem: “Não convém que nós gastemos muito tempo servindo às mesas das viúvas e dos órfãos. Escolhamos sete homens virtuosos”. Assim, os apóstolos, ou seja, os bispos podem dedicar-se ao que é próprio do ministério episcopal.

Ora, o que é próprio do ministério episcopal? Meditar a Palavra de Deus, viver em oração e pregar as realidades contempladas. (É claro que também compete ao bispo oferecer o santo sacrifício eucarístico.) Sendo assim, os diáconos estão ligados historicamente às obras de caridade, ou seja, ao que nós chamaríamos hoje de “pastorais sociais” da Igreja. Por isso, São Lourenço tinha de cuidar dos pobres e das viúvas.

Durante uma perseguição, as autoridades romanas quiseram levar o Papa ao martírio. São Sisto II, foi martirizado, mas Lourenço, que cuidava dos bens da Igreja, foi retido, porque as autoridades queriam forçá-lo a entregar o tesouro da Igreja.

Indignado por não morrer junto com os seus companheiros, Lourenço dirige esta oração, verdadeira súplica, ao sumo Pontífice. Olhando para o Papa, que se dirigia para martírio, Lourenço diz coberto de lágrimas: “Aonde vais, pai? Nunca subistes ao altar sem a minha companhia”, pois todas as vezes que o Papa celebrava Missa, Lourenço estava com ele; “como é que agora, que vais oferecer em sacrifício tua própria vida, não me levas contigo?” Eis aí um diácono que soube erguer o cálice na Santa Missa junto com o seu Bispo.

Mas Lourenço iria, sim, unir-se ao Papa. Alguns dias depois, Lourenço entrega às autoridades romanas o verdadeiro tesouro da Igreja: os pobres, as viúvas, os coxos, os aleijados, os cegos. Os romanos, indignados, submetem-no à mais terrível e torturante morte, ser grelhado vivo. Ele, cheio dos dons do Espírito Santo, mostrando que, naquele momento, não era ele, mas Cristo quem nele vivia, suporta a tortura com o milagre da impassibilidade, ou seja, apesar de morrer torturado por amor a Cristo, teve força suficiente para dizer: “Este lado já está assado; podem virar”. Pode-nos parecer estranho, até incrível, que seja assim; mas são os dons do Espírito Santo, que fazem agir divinamente.

Rezemos e peçamos a São Lourenço que, de lá do Céu, nos abençoe e nos dê a graça de também oferecermos a nossa vida em sacrifício a Deus.

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