Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 10, 1-10)
Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
É com grande alegria que celebramos hoje a memória de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em recordação das aparições da Virgem SS. aos três pastorinhos na cova da Iria, em 1917. Além de extraordinária por si só, a mensagem de Fátima se harmoniza perfeitamente com um dos Evangelhos que hoje se podem proclamar: o do Bom Pastor. Que pastor é bom, diz Cristo, Senhor nosso, senão aquele que dá a vida por suas ovelhas? E a quem Jesus quis dar a conhecer sua própria Mãe, trazendo oportunos conselhos, senão a três pequenos pastores, para que, pelo exemplo deles, aprendêssemos todos que podemos, em qualquer condição de vida em que nos achemos, participar do seu próprio pastoreio e da eficácia da sua entrega? Os três pastorinhos de Fátima, com efeito, mostraram com seus sacrifícios, com a sua resposta afirmativa à pergunta da Virgem: “Quereis entregar-vos a Deus?”, que, fossem embora crianças de corpo, eram grandes e verdadeiros pastores em alma. Com jejuns, mortificações e orações — três armas que cristão nenhum pode afirmar não ter à disposição —, deram eles, num sentido muito literal, a própria vida pela conversão dos pecadores, ovelhas tresmalhadas que erram longe do redil de Cristo e que este tanto deseja reconduzir ao seu rebanho. Este amor heróico e este espírito verdadeiramente pastoril se vê, talvez com maior clareza, no exemplo de S. Jacinta Marto, que aceitou a proposta de Nossa Senhora de permanecer ainda um tempo mais neste mundo, sofrendo dores que muitos varões crescidos não suportariam e com uma paciência superior à de muitas mães de família, a fim de conseguir a salvação de ainda mais pecadores. Com estes exemplos diante dos olhos, deve crescer em nós a fé e a esperança de que, por maiores que sejam as catástrofes que se abatem sobre o mundo — e não são poucas as dos nossos tempos —, temos ao alcance da mão o remédio para o pior mal que pode abater-se sobre as almas: a condenação eterna. Unindo hoje o nosso sim ao sim que deram os três pastorinhos à pergunta da Virgem, tomemos muito a sério o nosso dever de reparar, com boas obras, as ofensas cometidas contra Deus e associar, com mortificações voluntárias, os nossos pobres sofrimentos à eficácia poderosíssima da Paixão de Cristo, que com três horas de dor redimiu toda a história humana. E para que estas reflexões não se murchem depois de nos aquecerem o coração, acrescentemos-lhe algum propósito firme de introduzir em nossa rotina alguma mortificação ou prática de piedade: um ou dois dias de jejum por semana, rezar o Rosário de joelhos, renunciar ao uso excessivo de mídias sociais, limitando-o aos finais de semana, fazer uma visita diária ao SS. Sacramento, em reparação das profanações com que tantos o ofendem, pensando poder feri-lo, etc., etc.
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