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O que somos: joio ou trigo?

Se Cristo é o Messias prometido por Deus e anunciado pelos profetas, como é possível que ainda haja tanto mal no mundo? Se a Igreja é realmente o Reino de Deus na terra, como entender que dentro dela existam tantos pecados?

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13, 24-30)

Naquele tempo, Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ O dono respondeu: ‘Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro’”.

Pensavam os judeus que, com a vinda do Messias, teriam fim todas as consequências do pecado: os homens viveriam em paz, o reino de Israel triunfaria de uma vez para sempre de seus inimigos e já não existiria mais sofrimento na terra. Esta interpretação, que confunde em uma só a primeira e a segunda vinda de Cristo, foi uma das razões por que muitos israelitas se negaram a crer em Nosso Senhor: se Ele, com efeito, era mesmo o Messias, não poderia nunca ter sucumbido a seus perseguidores nem ser morto à vista de todos numa cruz. Nós porém, iluminados por melhor luz, sabemos que Jesus é de fato o Cristo anunciado pelos profetas, e que a sua primeira vinda não implica o fim definitivo dos males deste mundo, porque isto está reservado para o seu retorno glorioso no Fim dos Tempos, quando enfim virão à luz novos céus e nova terra. Enquanto isso, o que tem lugar na história é a chamada economia sacramental, ou seja, o tempo em que a Igreja milita na terra, pregando às inteligências o Evangelho e confortando as vontades com os sacramentos. E, por estar presente em um mundo onde impera o mal, também a Igreja de Cristo tem de lutar contra os poderes das trevas. Jesus mesmo o quis dar a entender por meio da parábola do trigo e do joio. O trigo simboliza o fruto de santidade e justiça que há no seu Reino, ao passo que o joio indica tudo o que o maligno, por suas mentiras e tentações, semeia entre os fiéis: pecados, heresias, cismas, escândalos, infidelidades, tudo o que, numa palavra, encobre e sufoca o trigo. Também Jesus precisou opor-se fortemente aos semeadores de cizânia, isto é, aos escribas fariseus, que no meio da pregação do Evangelho semeavam discórdia, desconfiança e calúnias, dizendo que o Senhor contrariava a Lei mosaica, transgredia o sábado, comia com pecadores e prostitutas, tinha parte com demônio e em nome dele expulsava os espíritos malignos, e desta forma arrancavam do coração dos israelitas a boa semente da fé que a tanto custo Jesus havia semeado [1]. Hoje, são muitos os que, dentro e fora da Igreja, desprezam a doutrina e disciplina evangélicas, servindo assim como semenetes podres na mão do homo inimicus, isto é, do diabo. Mas não tenhamos medo: assim como Cristo venceu o mundo por sua cruz gloriosa, assim também o podemos vencer todos os dias, se formos fiéis ao que o Senhor nos ensina e ordena, se nos servirmos dos meios que Ele deixou para sermos trigo bom, se continuarmos a pedir-lhe, incansáveis na esperança, que volte o quanto antes: “Vinde, Senhor Jesus!”

Referências

  1. Cf. Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, p. 224.
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