Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 6, 7-15)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus.
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes".
Ao ensinar-nos no Evangelho da Missa a Oração do Senhor, Jesus Cristo nos recorda que somos filhos de Deus sob um dúplice título. De fato, ainda que muitas religiões possam invocar a Deus como "Pai", para manifestar sua grandeza e poder, apenas o Cristianismo o pode fazer com a profundidade e o sentido devidos. Em primeiro lugar, tornamo-nos filhos de Deus porque Ele próprio quis, elevando-nos da nossa condição de servos do Criador, adotar-nos nAquele que é por natureza o seu Filho único; ora, se fomos feitos filhos adotivos do Altíssimo, recebemos por isso mesmo o direito de co-herdeiros, com Cristo, da glória celeste (cf. Rm 8, 17). A alegria de sermos filhos de Deus se deve, em segundo lugar, ao fato de Ele nos ter feito nascer para a vida da graça; em virtude do Batismo, somos incorporados ao Corpo Místico dAquele a quem o Pai gera desde toda a eternidade. Esta primeira invocação da Oração dominical, dotada de uma riqueza que reflexão nenhuma poderá esgotar, ao mesmo tempo em que nos revela Deus como Pai, revela-nos a nós mesmos como predestinados pela misericórdia divina à adoção de filhos seus (cf. CIC 2783).
Não menos rica é a expressão que se segue ao doce nome de Pai: nosso. Ora, quando chamamos Deus de "nosso", não exprimimos, evidentemente, uma relação de posse exclusiva; antes, pelo contrário, reconhecendo que todos a Ele pertencem e estão sob o seu império, dirigimos-lhes essas duas consoladoras palavras — "Pai nosso!" — para incluirmos em nossa prece todos quantos levamos no coração, amigos e inimigos: "se rezamos verdadeiramente ao 'Nosso Pai'", diz o Catecismo, "saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos no liberta" (CIC 2792) do egoísmo e dos nossos interesses mesquinhos. Ora, se bem que nem todos estejam abertos à graça dessa bendita filiação, nós, se queremos ser fieis à nossa vocação de batizados, não podemos deixar de rezar também em favor daqueles por quem foi entregue o Filho muito amado do Pai. O amor de Deus é sem fronteiras; a nossa oração", portanto, "também deve sê-lo" (CIC 2793). Por este motivo, sintamo-nos hoje motivados a, com olhos postos na imensidão da caridade divina, rezar pela unidade da sua santa e inconsútil Igreja Romana e pela conversão dos que vivem afastados deste único Redil de salvação.
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