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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6,51-58)

Naquele tempo, disse Jesus às multidões dos judeus: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. Os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”.

Celebramos hoje Corpus Christi, Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma solenidade em que está presente, de forma extraordinária, Santo Tomás de Aquino, porque foi ele quem compôs todo o Ofício e a liturgia da Missa, as partes próprias desta solenidade. Ele é o grande cantor da Eucaristia. Nós precisamos, nesta festa, renovar a nossa fé neste sacramento de amor.

Quando Nossa Senhora apareceu em Fátima, pediu que renovássemos verdadeiramente a nossa devoção pela Eucaristia, inclusive preparou sua aparição com a do Anjo, que ensinou as três crianças a adorar Jesus Sacramentado e a oferecer o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Cristo, presente nos sacrários do mundo inteiro, em reparação das ofensas a Jesus Eucarístico, pela conversão dos pecadores e em reparação das ofensas ao Imaculado Coração de Maria.

Mas como o nosso amor pela Eucaristia tem a capacidade de desfazer a desordem do mundo? Com o pecado, o mundo caiu em desordem. Nós pusemos o mundo de cabeça para baixo. Deus, que deve ser glorificado, está no alto dos Céus, mas nós o pusemos no lugar mais baixo e o expulsamos de nossas vidas. Agora, precisamos, com a graça e a ajuda de Deus, pôr ordem nas coisas. A Eucaristia é esse instrumento extraordinário de salvação. O sacramento da Eucaristia é um instrumento de Deus para fazer com que nós recebamos em nossas vidas as graças que Jesus mereceu no Calvário.

Apesar de termos usado a palavra “instrumento”, sabemos que a Eucaristia é o próprio Deus que se fez homem, escondido atrás do véu do sacramento. Acontece que Deus escolheu a humanidade de Cristo como instrumento próprio para a nossa salvação, e os sacramentos são, sim, instrumentos nas mãos do divino Mestre.

Façamos uma comparação, bebendo aqui da doutrina de Santo Tomás de Aquino. Poderíamos dizer que Deus, para nos salvar, se fez homem; então, nós temos um instrumento próprio. Imaginemos Jesus trabalhando na carpintaria. Ele, como instrumento próprio para trabalhar a madeira, tem as mãos, mas nem sempre Ele toca na madeira com as mãos, às vezes Ele a toca com o serrote, com o martelo, com o formão, com a plaina… Pois bem, esses vários instrumentos que servem de extensão para as mãos do Cristo são os sacramentos; a madeira somos nós, por isso precisamos ser trabalhados e transformados. Cristo já nos salvou; agora, a salvação precisa entrar em nossas vidas, e a forma mais íntima de isso acontecer, entre todos os instrumentos que Deus tem para tocar em nós, é a Eucaristia. Ela é o próprio Senhor dos sacramentos, Cristo que vem ao nosso encontro para nos alimentar, para ser refeição espiritual.

Renovemos hoje a nossa fé na presença de Cristo na Eucaristia. Ao comungarmos na Missa de hoje, vivamos com todo o fervor o mistério de saber que Ele está em nós. Nós iremos sair em procissão pelas ruas da cidade — sim, o sacerdote vai levar nas mãos o ostensório —, mas nós mesmos devemos ser ostensórios vivos, levando Cristo conosco para abençoar não apenas as ruas da nossa cidade, mas todos aqueles que encontrarmos, para que o mundo entre em contato com o instrumento de nossa salvação, que é o próprio Cristo.

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