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Tolkien e a Imortalidade

A História de Númenor

Somente os cristãos sabem, por revelação divina, que a morte é um castigo. Deus tinha dado ao homem, no paraíso, o dom preternatural de não morrer. Como no mundo imaginário de Tolkien ainda não aconteceu a revelação cristã, a morte não é um castigo pela Queda, mas a consequência natural da biologia humana.

Na civilização de Númenor, construída por homens que foram presenteados com a longevidade, a tentativa de escapar da morte é perversa, por ser “não-natural”, e tola, porque a morte seria uma Dádiva de Deus, invejada até mesmo pelos elfos. A conclusão de Tolkien é que “a recompensa na terra é mais perigosa para os homens do que a punição”.

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Indicam-se abaixo, em forma de tópicos resumidos, os principais pontos abordados nesta quarta aula do curso Tolkien e a Imortalidade.

A “vida eterna” almejada pelos numenorianos, tal como se descreve na história da segunda era, consiste em uma imortalidade meramente terrena, e não na participação gloriosa da vida divina acalentada pela esperança cristã. Do mesmo modo, a imortalidade dos elfos, embora invejada pelos homens, não é uma imortalidade verdadeira, mas um fardo consistente em estar para sempre preso a este mundo. O desígnio original de Ilúvatar, na mitologia de Tolkien, não era a morte dos homens, mas a sua partida deste mundo, cujo destino, porém, não fora revelado; com efeito, o universo da Terra Média, vale lembrar, carece de uma “revelação divina” propriamente dita. Em sentido semelhante, para a doutrina cristã, Deus não criou o homem para a morte, senão que, ao pô-lo neste mundo, o elevou à ordem sobrenatural da graça. Foi por causa do pecado, livremente assumido por nossos primeiros pais, que a morte entrou no mundo a título de pena, ou seja, como privação do dom preternatural da imortalidade corporal que lhes fora inicialmente concedido. O homem, portanto,...
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