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Tolkien e a Imortalidade

Máquina e Magia

O Anel, como o próprio Tolkien fez questão de esclarecer, não é uma alegoria do poder atômico nem uma referência aos conflitos bélicos do século passado. O grande tema de “O Senhor dos Anéis”, no fundo, é a questão da morte e imortalidade.

Mas, para entendermos o que Tolkien quer dizer com isso, precisamos saber primeiro o que ele entende por “máquina” e o que isso tem a ver com a mentalidade mágica e gnóstica que tomou conta do mundo moderno.

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Indicam-se abaixo, em forma de tópicos resumidos, os principais pontos abordados nesta primeira aula do curso Tolkien e a Imortalidade.

Na carta 186, endereçada a Joanna De Bortadano, Tolkien afirma que o verdadeiro tema de sua trilogia não são as crises políticas e bélicas por que passou a Europa no século passado, mas o problema da morte e imortalidade. Intimamente associado a este problema, está o fato de a Terra Média ser um mundo marcado pelo pecado e, portanto, pela consequência do pecado: a morte. Neste horizonte, Tolkien concebeu, ao lado dos homens, fadados a morrer, uma raça — os elfos — destinada a viver para sempre em um mundo com as misérias próprias da nossa realidade. A mortalidade dos homens e a imortalidade dos elfos, concebidas em um universo decaído e marcado pelo pecado, permitem realçar que a morte física, de acordo com a fé cristã, não tem um caráter exclusivamente penal e negativo, mas também positivo e, em certo sentido, “libertador”. Prova disso é o fato de os próprios elfos, como Tolkien adverte na carta 212, verem a morte humana não só como castigo, mas sobretudo como um dom divino. Essa visão remete-se, por sua vez, à ideia cristã de que, sendo...
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