É de fé católica que os livros que compõem as SS. Escrituras são divinamente inspirados e, por isso, têm a Deus mesmo por autor principal. Isto não significa, porém, que nos tenham sido transmitidos por simples ditado, ao modo das assim chamadas "psicografias", nem que, portanto, os autores humanos — também denominados hagiógrafos — tenham pouca ou nenhuma participação na composição dos textos santos. Conciliando extremos à primeira vista incompatíveis, a fé católica nos ensina que, apesar de ser antes e sobretudo Palavra de Deus, a Bíblia não deixa de ser também produto da ação de homens reais e concretos, que cooperaram ativa e efetivamente para que à Igreja estivessem sempre abertos os tesouros das divinas Letras. A inspiração bíblica, com efeito, ao mesmo tempo que permite a Deus ser o autor principal das Escrituras, não exclui "a paternidade do autor humano"; lido pois à luz da Tradição apostólica, o "livro sagrado é obra de Deus e do hagiógrafo, de maneira que o livro todo", com cada um de suas partes, "procede tanto de Deus quanto do autor humano" [1].
Ora, sucede com a inspiração das Escrituras algo análogo ao mistério da Encarnação. De fato, assim como o...