Como vimos nas últimas aulas, o estudo da Bíblia supõe naquele que vai lê-la a existência da fé divina, cujo motivo sobrenatural — como também já explicamos — não é nem a razão nem testemunhos humanos, mas a autoridade de Deus, autor da Revelação, que não pode enganar-se nem nos enganar. O problema que aqui se nos depara, porém, consiste em saber de que maneira podemos obter este meio tão necessário à correta inteligência das Escrituras. A este respeito pois é preciso ter presente que a fé cristã é, antes de mais, um dom gratuito de Deus que, embora não possa ser merecido, pode no entanto ser impetrado por quem, de coração humilde e sincero, o pede ao Senhor. É Ele mesmo, na verdade, que por sua graça suscita em nós o desejo de crer e, deste modo, nos dispõe a desejar e receber aquilo que somente Ele nos pode dar. Ora, que a fé, princípio da justificação, seja necessária para ler com fruto as Escrituras é coisa que se depreende facilmente daquelas palavras: "A fé é a substância das coisas que se esperam, argumento do que não se vê" (Hb 11, 1).
Lida pelos reformadores do séc. XVI em chave subjetivista, esta definição que o autor da Carta aos Hebreus nos apresenta é às...