Em fevereiro do ano passado, algumas ativistas do movimento feminista Femen, famosas por suas exibições internacionais desnudas, decidiram “comemorar" a renúncia do Papa Bento XVI invadindo a Catedral de Notre Dame, em Paris, com inscrições no corpo que diziam: “ Pope no more - Papa não mais" e “Pope Game Over". Além dos transtornos causados pela invasão do templo e pelo ultraje ao sentimento religioso dos católicos presentes, as militantes teriam danificado três sinos da igreja com bastões de madeira, segundo informações das agências internacionais.
Notícias recentes reportam que as feministas foram “absolvidas por ato na Notre Dame". A Justiça penal da França não só decidiu “inocentar nove ativistas do movimento feminista Femen", como “condenou três vigias da catedral que haviam tentado interromper a ação das militantes a multas que vão de 300 euros a 1 mil euros (...) por violência contra as militantes"!
Não, você não leu errado. É isso mesmo. As ativistas invadiram Notre Dame e saíram… impunes. Ao contrário, os vigias “malvados", que não deixaram que as militantes “expressassem o seu pensamento", foram condenados pelo tribunal a pagar multas.
Mas, o absurdo não para por aí. A Justiça francesa “considerou que não havia provas suficientes de que as ativistas haviam danificado o sino" da igreja! Ou seja, não tem problema nenhum em invadir a catedral, gritar e insultar a religião católica… contanto que os sinos da igreja permaneçam intactos. Está liberado entrar em templos religiosos e fazer o escarcéu… contanto que não se danifique nenhum móvel ou objeto do local. “Se alguém jura pelo Santuário, não vale; mas se alguém jura pelo ouro do Santuário, então vale!" (Mt 23, 16), decretam os fariseus do século XXI.
Os jornalistas que falam sobre a absolvição das jovens do Femen também estão obcecados com os sinos. “No julgamento, as militantes do Femen contestaram ter danificado o sino, alegando que haviam coberto os bastões de madeira com feltro" - “O advogado dos representantes da Notre Dame, por sua vez, disse que a proteção se descolou e que as ativistas tocaram o sino com um bastão sem proteção" - “A Justiça considerou que não havia provas suficientes de que as ativistas haviam danificado o sino". Ora, quem é que pode se preocupar com um sino, ainda que de ouro, quando o santuário está sendo profanado? “Insensatos e cegos! Que é mais importante, o ouro ou o Santuário que santifica o ouro?" (Mt 23, 17).
Mas, em uma cultura materialista, as pessoas não são capazes de enxergar nada além do que captam os seus sentidos. Veem o ouro, mas já não conseguem contemplar a beleza do santuário. O edifício da igreja já não é nada mais do que cimento e tijolos. Non est Deus (Sl 53, 1): não há Deus, nem nada sagrado e transcendente pelo qual viver.
O bárbaro da modernidade já não é capaz de elevar-se… esforça-se por esquecer que seus antepassados faziam o sinal da cruz ao passar em frente a uma capela; trabalhavam duro para conseguir o pão de cada dia para os seus filhos; e iam à Missa todos os domingos, pois tinham consciência de que, se o Senhor não construísse as suas casas e cuidassem de suas cidades, em vão trabalhariam os construtores e vigiariam as sentinelas (cf. Sl 126, 1). Então, para não mais lembrar que a Europa um dia foi cristã, eles, com uma impiedade animalesca, precisam pôr abaixo tudo o que lhes lembra este passado glorioso, quando os homens, justamente por adorarem a Deus, eram homens de verdade, de corpo e de alma.
Inna Schevchenko, uma das fundadoras do Femen, comemorou a sentença da Corte francesa. “É um bom exemplo para os outros países. Isso nos encoraja a continuarmos com nossa ação. Temos orgulho de saber que a blasfêmia é um direito e que não seremos condenadas por isso", afirmou.
O tempora, o mores! Para esta triste época, em que a impunidade é encorajada, o ateísmo é acolhido como “religião oficial" do Estado e a blasfêmia não só é praticada, como transformada em “direito", não resta senão suplicar a Cristo que suscite nos corações dos cristãos o amor a Deus e o empenho de, mais uma vez, salvar o Ocidente da barbárie.
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