Fomos todos hoje surpreendidos pela trágica morte de Diogo Jota, jogador do Liverpool, um dos maiores clubes de futebol do mundo, e da seleção portuguesa, recém campeã de um importante torneio europeu.
Tudo nessa morte consterna: o ter sido ela repentina (um acidente de carro), a juventude das vítimas (junto de Diogo estava seu irmão, André Silva, também futebolista), os filhos que ficam (Diogo tinha três), a mãe que chora de uma feita a partida de seus dois meninos.
O mundo comoveu-se. Amigos e rivais cantaram em um só coro o mesmo lamento, o mesmo hino fúnebre, a mesma saudade.
Num momento desses, sabemos, não há palavras de consolo. Mas a morte — o memento mori — tem o condão de nos tirar do estupor do dia a dia e nos colocar circunspectos, meditativos. Meditemos então.
A morte de Diogo Jota lembrou-me o diálogo entre Sólon, sábio ateniense, e o rei Creso da Lídia. Sólon estava em suas andanças pelo mundo, investigando as leis e os costumes dos povos. Chegando ao famoso palácio de Creso, onde o receberam com toda pompa, ele foi levado pelo próprio rei, um dos homens mais ricos do mundo, à sala do tesouro. Ali, diante da fortuna real, o monarca perguntou capciosamente ao forasteiro, conhecedor de todas as gentes, quem era a pessoa mais feliz do mundo.
Sólon, amigo da verdade, não deixou-se bajular e disse que fora um Telo de Atenas, homem de vida simples e pacata, sem grandes luxos ou grandes privações, que assistiu ao crescimento dos filhos e netos, e morreu heroicamente, já velho, em defesa de sua cidade. Creso repetiu a pergunta, a ver se garantia pelo menos o segundo lugar dentre os mais afortunados, mas o sábio lhe disse que, depois de Telo, os mais felizes foram Cléobis e Bíton, irmãos trabalhadores e competentes atletas que morreram num gesto de autossacrifício. A mãe era sacerdotisa e precisava ir ao templo. Como os bois não chegassem para puxar-lhe o carro, os jovens se colocaram sob a canga e arrastaram-no eles próprios até o destino, a quilômetros de distância. Na porta do templo, morreram estafados.
Diante da fúria do rei, duplamente esnobado pelo estrangeiro, Sólon explicou que não poderia considerar nenhum homem feliz antes de sua morte, porque a vida é toda feita de vicissitudes, de mudanças repentinas que podem nos levar alternadamente da glória à miséria, da miséria à glória.
Desse ponto de vista, um ponto de vista pagão, podíamos dizer que Diogo Jota foi feliz. Quis ser jogador de futebol, e o foi. E dos bons, de jogar na melhor das ligas, num dos times mais tradicionais e vitoriosos. Também quis ter filhos, e os teve. Quis casar, e casou-se com uma bela jovem, que o amava. Quando partiu, estava no topo. Ora, o mundo inteiro consternou-se com sua morte. E quantas mortes geram consternação mundial? Um grego ou um romano diriam: cumpriu-se o fatum, o destino. E este atleta, este homem morreu feliz.
Acontece que os gregos, como Sólon, não conheciam a felicidade do Céu. Não lhes ocorria a perspectiva de suportar os sofrimentos da terra para depois receber o consolo celeste, vivendo uma vida divina, contemplando a Deus face a face. Ora, desde a perspectiva do Céu, infinitamente mais alta, a glória terrena se relativiza, perde seu brilho, esmaece. É um bem, é desejável, mas não contenta, não torna feliz.
Podemos então olhar esta morte desde dois patamares: daqui debaixo, do mundo, choramos a tragédia e lamentamos profundamente a partida de alguém que, malgrado a nossa tristeza, realizou-se. Do ponto de vista da eternidade, cabem também as lágrimas e os lamentos, mas, principalmente a pergunta: e sua alma?
Diogo Jota casou-se há onze dias, com a mãe de seus filhos. Que a Providência lhe tenha preparado para a última hora; que ele tenha recebido os sacramentos e se mantido até o fim em estado de graça. E que a misericórdia de Deus o alcance. Porque, aos olhos do Altíssimo, o verdadeiro destino do homem, a sua plena felicidade, é a vida no Céu.
Que o Senhor conforte a família.
O que achou desse conteúdo?
Da morte repentina e inesperada, livrai-nos Senhor! Aos dois irmãos, que Deus os guarde no infinito Bem!
Da morte repentina e inesperada,livrai-nos Senhor.
Deus o tenha
Amém!
Amém 🙏✨
Que descanse em paz!
Que nossa Senhora nos ajude a ser fiel ao seu filho e chegarar-mos ao céu!
E no fim, tudo que o importa é se estamos em amizade com Deus ou não.
Que a agitação do mundo não nos deixe esquecer do que verdadeiramente importa.
Linda reflexão!
Como disse o querido Papa Leão: “A verdadeira morte é a da alma: esta sim, devemos temer!”
Amém!
Amém 🙏🏼
Que Deus nos dê a graça de estarmos unidos a ele quando ele nos chamar.🙏🏻🌹
E nós estamos preparados para a última hora? Obrigada Padre pelas suas palavras.
👏🏻👏🏻👏🏻
Muito bom, glória a Deus