A oração do Santo Anjo, já amplamente conhecida, merece ser recomendada mais do que qualquer outra. Não obstante, será proveitoso conhecer também as principais orações em honra dos santos Anjos, para recitá-las em suas festividades.

1. Oração de S. Anselmo de Cantuária. — Ó Espírito angélico, a cujos próvidos cuidados entregou-me Deus, Nosso Senhor, rogo-vos que sempre queirais guardar-me e proteger-me, assistir-me e defender-me de todo assalto do demônio, quer eu esteja acordado, quer dormindo. Oh! sim, assisti-me noite e dia, a todo momento; estai sempre ao meu lado onde quer que eu me ache. Afastai para longe de mim todas as tentações de Satanás e obtende-me do misericordiosíssimo Juiz e Senhor nosso, que vos constituiu meu guarda e a vós me confiou, a graça, que de todo desmerecem os meus atos, de permanecer imune de toda culpa em minha vida. E se, por infelicidade, eu me encaminhar para a estrada do vício, reconduzi-me pela senda da virtude ao meu divino Redentor.

Quando me virdes oprimido pelo peso das angústias, fazei-me experimentar a ajuda de Deus onipotente. Peço-vos também que me reveleis, se for possível, o termo dos meus dias, e que não permitais que a minha alma, quando se desprender do corpo, seja aterrorizada pelos espíritos malignos, ou seja objeto de escárnio para eles, ou deles seja presa desesperada. Não, não me abandoneis jamais, até que me tenhais conduzido ao Céu, para gozar da vista do meu Criador e ser eternamente feliz em companhia de todos os santos. Que eu possa atingir tal felicidade mediante a vossa assistência e os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

2. Oração de S. Sofrônio, Patriarca de Jerusalém. — É a vossa benignidade que rogo e imploro, ó bons e imaculados Anjos e Arcanjos! A vosso poder recorro, ó intemeratos espíritos! Obtende-me que pura seja a minha vida; inabalável, a minha esperança; ilibados, os meus costumes; perfeito e livre de toda ofensa, o meu amor para com Deus e para com o próximo. Ah! tomai-me pela mão, conduzi-me, guiai-me por aqueles caminhos que são aceitos por Deus e salutares para mim.

3. Protesto de S. Carlos Borromeu ao santo Anjo da Guarda, em preparação para a morte. — Em nome da SS. Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu, infeliz e miserável pecador, protesto em vossa presença, ó Anjo Santo de Deus, que quero absolutamente morrer na Igreja Católica, Apostólica e Romana, na qual morreram todos os santos que até agora existiram e fora da qual não há salvação. Assisti-me na hora da morte e fazei-me vencer o demônio, inimigo meu e vosso.

Protesto ainda, ó santo Anjo, que estou sob a vossa guarda e proteção: que quero partir desta vida com grande confiança em vosso socorro e com firme esperança na misericórdia do meu Deus. Desbaratai naquele último momento os inimigos de minha salvação; recebei a minha alma quando ela se separar do meu corpo; e depois da minha morte fazei que me seja propício Jesus Cristo, meu Salvador.

Protesto igualmente, ó santíssimo protetor meu, que com o mais vivo afeto desejo participar dos merecimentos de Jesus Cristo, Nosso Senhor, e que espero obter a remissão dos meus pecados, por virtude de sua Morte e Paixão. Detesto todo o mal que cometi em pensamentos, em obras e em palavras. A todos os meus inimigos perdôo, e quero morrer no amplexo da santa Cruz, para mostrar que ponho toda a minha esperança na Paixão do Salvador.

Protesto outrossim, ó amigo meu fidelíssimo, que me abandono aos vossos cuidados e afetuosa caridade no grande passo de minha morte, e que, embora seja verdade que desejo ir logo para o Céu, estou entretanto pronto para apagar com o sofrimento a enormidade de meus pecados; estou pronto para suportar qualquer gênero de castigo que a divina justiça achar conveniente impor-me, ainda que sejam as mais atrozes penas do Purgatório. Assim, também estou pronto para abandonar os meus parentes, os meus amigos, o meu próprio corpo e tudo aquilo que tenho de mais caro, a fim de mais depressa poder ir gozar da presença do meu Deus e provar-lhe o quanto me pesa tê-lo ofendido.

Declaro finalmente, ó Anjo sapientíssimo e vigilantíssimo de minha alma, que vos constituo procurador da minha última vontade e executor deste meu ato testamentário. Dizei a Jesus, meu Salvador, no momento de minha morte, o que talvez já não poderei dizer: que creio em tudo aquilo que crê e ensina a Santa Igreja; que detesto os meus pecados, porque lhe desagradam; que os deposito todos no seu misericordiosíssimo Coração e que de sua infinita bondade espero o perdão deles; que de boa vontade morro, porque assim Ele o quer, e abandono minha alma e minha salvação em suas mãos; que o amo sobre todas as criaturas e por toda a eternidade o quero amar. Amém.

“Abraão e os três anjos”, de Juan Antonio de Frías y Escalante.

4. Oração de S. Luíz Gonzaga. — Ó santos e puros Anjos, ó vós, verdadeiramente bem-aventurados, que continuamente assistis na divina presença e com tão grande júbilo estais contemplando a face daquele celeste Salomão, por quem fostes cumulados de tanta sabedoria, feitos dignos de tanta glória e ornados de tantas prerrogativas! Vós, brilhantes estrelas, que com tal felicidade resplandeceis nesse bem-aventurado Céu, infundi, eu vos peço, em minha alma as vossas bem-aventuradas inspirações. Conservai sem máculas a minha vida; firme, a minha esperança; sem culpa, os meus costumes; inteiro, o meu amor para com Deus e para com o próximo.

Rogo-vos, Anjos bem-aventurados, que com vossa ajuda vos digneis conduzir-me na estrada real da humildade, pela qual vós caminhastes primeiro, para que, depois desta vida, eu mereça ver juntamente convosco a bem-aventurada face do Pai eterno, e ser contado em vosso número também, no lugar de uma daquelas estrelas que, por sua soberba, caíram do Céu.

5. Orações de S. Afonso Maria de Ligório

I. — Ó santo Anjo de minha guarda, quantas vezes com os meus pecados não vos obriguei a cobrir a face! Rogo-vos que me perdoeis e que por eles obtenhais o perdão junto de Deus, enquanto, de minha parte, proponho jamais desgostar a Deus ou a vós com as minhas faltas. Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém

II. — Quanto vos agradeço, ó Anjo de minha guarda, pelas luzes que me haveis concedido! Quem me dera vos houvesse sempre obedecido! Ai, continuai a iluminar-me, repreendei-me em minhas quedas e não me abandoneis até o último momento de minha vida. Santo Anjo do Senhor...

III. — Agradeço-vos, ó príncipe do Paraíso, Anjo meu, pois por tantos anos me assististes! Tenho-me esquecido de vós, mas não vos esquecestes de mim. Quem sabe o quanto me resta de viagem para entrar na eternidade. Ah, anjo de minha guarda, guiai-me pelo caminho do Céu e não deixeis de me assistir enquanto não me virdes eterno companheiro vosso no Reino bem-aventurado. Santo Anjo do Senhor

6. Oração de S. Pedro Canísio. — À vossa tutela me recomendo, ó santo Anjo, pois à vossa guarda me confiou a divina bondade. Sou cego, guiai-me; sou ignorante, instruí-me; sou fraco, confortai-me; sou pequeno, protegei-me; sou um caminhante extraviado, reconduzi-me à estrada real; sou preguiçoso, despertai-me; sou lento, estimulai-me a progredir no bem. E, sobretudo, fazei que aquela extrema e perigosa luta, que eu terei de sustentar contra os demônios em minha morte, tenha termo feliz, para que, passando a ser companheiro vosso no Céu, possa cantar alegremente o hino da vitória: “Laqueus contritus est, et nos liberati sumus — Rompeu-se-nos o laço e livres dali nos fomos”.

7. Oração de S. João Berchmans. — Anjo santo, amado de Deus, que por divina disposição tomastes-me sob a vossa bem-aventurada guarda desde o primeiro instante de minha vida, jamais cesseis de defender-me, de iluminar-me, de reger-me. Venero-vos como padroeiro, amo-vos como guarda, submeto-me à vossa direção e todo me dou a vós, para ser por vós governado. Peço-vos, portanto, e vos suplico pelo amor de Jesus Cristo, que, por mais que eu tenha sido ingrato para convosco e surdo a vossos avisos, não me queirais por isso abandonar; mas que vos digneis reconduzir-me ao reto caminho quando eu estiver transviado; ensinar-me na ignorância; levantar-me quando caído; consolar-me quando aflito; sustentar-me no perigo, até que me introduzais no Céu a gozar convosco a eterna felicidade. Assim seja.

Referências

  • Orações extraídas de: Pe. Augusto Ferretti, Os Santos Anjos da Guarda (trad. e adapt. de R. Vellozo). Taubaté: SCJ, 1945, pp. 187-193. Nas páginas em questão, o autor também indica as fontes de onde extraiu algumas dessas belas orações.

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