Por que é tão importante a aparição de Nossa Senhora de Fátima? Porque a Virgem apareceu em Portugal a fim de prever toda a história dos séculos XX e XXI. Como Mãe, ela adverte os filhos de coração duro, indiferente, que pouco caso fazem das ofensas contra os Sagrados Corações. Maria apareceu para prever uma grande batalha cujo desenlace será o triunfo de seu Imaculado Coração.
Não nos enganemos. Onde na Bíblia se vê uma grande batalha capitaneada pela Virgem Santíssima? No Apocalipse: “Vi no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol”. Ora, terá sido por acaso que, no dia 13 de outubro de 1917, data da última aparição em Fátima, Nossa Senhora fez para milhares de testemunhas o milagre atmosférico do sol?
Digo atmosférico porque é evidente não ter sido astronômico. O sol, enquanto estrela, permaneceu quieto no seu lugar. No entanto, em Fátima e a vários quilômetros dali, ainda em Portugal, foi visto esse fenômeno extraordinário no céu. Viu-se o sol rodopiar como se fora precipitar-se na Terra. Houve antes disso uma chuva torrencial, mas eis que, de repente, os que lá estavam, todos encharcados, se viram de roupas secas!
Analisando racionalmente, houve sem dúvida um fenômeno milagroso e divino; mas isso não significa que tenha sido uma ocorrência astronômica. Nossa Senhora propiciou um milagre na atmosfera, de sorte que as pessoas da região vissem realmente o sol a dançar e quase a cair na Terra.
Os que estavam presentes realmente viram o sol dançar, e as roupas, antes encharcadas, de uma hora para outra ficaram realmente secas. Mas não se tratou de fenômeno astronômico, isto é, ocorrido no sol enquanto astro ou estrela. Nesse caso, o fenômeno teria sido visto não só em Fátima, mas no mundo inteiro. Além disso, se o sol efetivamente houvesse rodopiado em direção à Terra, o desastre astronômico seria de proporções cataclísmicas.
Não estou negando o milagre do sol, mas buscando explicá-lo racionalmente. Houve de fato um milagre. Não penso que tenha havido uma alucinação coletiva, mas sim um fenômeno atmosférico milagroso em virtude do qual o sol realmente parecia estar a dançar no céu.
“Vi no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol” e em dores de parto. Ela dá à luz um filho, levado para os céus, donde irá reger as nações. A Mãe, enquanto isso, vai para o deserto travar combate assistida pelo restante de sua descendência. O combate, obviamente, é contra o dragão, antiga serpente, combate este que estava previsto por Deus desde o princípio, logo após a queda dos primeiros pais: “Porei inimizade”, diz o Senhor ao diabo, “entre ti e a Mulher”.
O paralelo entre o Gênesis e o Apocalipse não poderia ser mais claro. Não há dúvidas de que se está realizando a profecia do Gênesis, isto é, a batalha travada entre a descendência da Mulher e a da serpente. Com efeito, isso que lemos na Bíblia aconteceu em Fátima e está acontecendo hoje: uma batalha entre a Mulher e a sua descendência. Ora, que nome se dá a uma mulher e seus filhos? Família.
Quando São João Paulo II criou o Pontifício Instituto para Estudos sobre Matrimônio e Família, o então presidente, Pe. Carlo Caffarra, depois criado cardeal de Bolonha, escreveu à Ir. Lúcia, freira no Carmelo de Coimbra, pedindo-lhe que falasse a Nossa Senhora e implorasse a intercessão dela pelo Instituto.
O padre escreveu sem esperança de resposta, mas a Irmã respondeu, e a carta hoje está nos arquivos históricos do Instituto. Lúcia respondeu-lhe o que hoje já é sabido de todos: a batalha final tem um terreno, e os dois exércitos já estão alinhados, um é o dos descendentes da serpente, o antigo dragão, o outro é o dos descendentes da Mulher, Nossa Senhora. Qual é o campo de batalha? A família, as nossas família, a sua família, a minha família.
Fazer essa novena é tomar posse dessas verdades divinas e dizer: “Minha Mãe, lutai conosco. Eu tomo verdadeira posse do teu chamado. Quero alistar-me no vosso exército!” Precisamos ser soldados de Nossa Senhora. Quanto mais pessoas se consagrarem a ela para alistar-se em seu exército, mais cedo se dará o triunfo de seu Imaculado Coração.
Que alegria ter sido chamado para essa batalha! Que alegria se, no meio dela, formos atingidos e feridos, pois um dia, no Céu, mostraremos nossas chagas gloriosas, e então diremos à Virgem: “Mãe, essas feridas eu as recebi lutando por vós e ao vosso lado, em defesa da fé e da família. Minha Mãe, que glória ter lutado ao vosso lado! que glória ter sido atingido pelas flechas do inimigo por combater ao vosso lado!” Que honra! Que glória, que galardão fazer parte de um tão sagrado e tão triunfante exército!
Nossa Senhora, em suas revelações em Fátima, deixou muitos pontos abertos, possíveis, condicionados: “Se os homens não ouvirem o meu apelo”, isto é, se não se converterem nem fizerem penitência. Uma coisa, porém, não tem se nem senão, condição ou talvez: no fim, ela há de triunfar, e nós sabemos qual dos exércitos há de vencer. Disso não há dúvida.
Por isso, neste primeiro sábado de maio, reparemos as ofensas cometidas contra o Imaculado Coração. Quem ainda não pratica a devoção dos cinco primeiros sábados tem hoje a chance de começar a praticá-la, pois estamos entrando nos meses maravilhosos em que, até outubro, Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos.
Vivamos intensamente esses dias, com o ardor de quem vê o invisível, toca o intangível e experimenta as realidades divinas que queremos devotamente celebrar.
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