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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Antes de responder à pergunta é preciso fazer um distinção entre 'tradição' e 'Tradição", pois ambas existem no contexto católico.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que a Tradição é uma das duas modalidades distintas de transmissão da Palavra de Deus ao longo dos séculos, sendo a outra, a Sagrada Escritura. Ele diz:

Quanto à Sagrada Tradição, ela 'transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito da verdade, eles, por sua pregação, fielmente a conservem, exponham e difundam'. (CIC 81)

Assim, os fatos necessários para a fé pertencem à Tradição. Outros fatos, pertencentes à Sagrada Escritura, mas que não mudam a fé, esses pertencem à tradição. Os reis magos, por exemplo, se existiram ou não, é irrelevante para a fé, portanto, pertencem à tradição. Já a virgindade de Nossa Senhora é um fato relevante, assim, pertence à Tradição.

A Constituição Dogmática Dei Verbum que versa sobre a Revelação Divina ajuda a compreendem com mais clareza a que se refere a Tradição:

E assim, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão contínua, até à consumação dos tempos. Por isso, os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida duma vez para sempre (cfr. Jud. 3)(4). Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos, abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé; e assim a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita. (8)

Esta tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo (5). Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Isto é, a Igreja, no decurso dos séculos, tende contìnuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus.

Afirmações dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante. Mediante a mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura entende-se nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante; e assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo - por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza (cfr. Col. 3,16)."

Portanto, o católico, diante da tradição com 't' minúsculo, pode e deve investigar, usando para tanto, os recursos racionais, das ciências históricas, da arqueologia etc. Já diante dos fatos constantes na Tradição, o católico deve aceitá-la com a obediência da fé, pois ela não requer argumentos, faz parte do patrimônio sagrado (depositum fidei) e é necessária para alicerçar o edifício da fé católica.

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