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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
12

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5,38-42)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”.

No Evangelho de hoje, Jesus continua o Sermão da Montanha. Ele nos ensina hoje o que devemos fazer para refrear a nossa ira, ou dimensão irascível. Na Antiguidade, a lei que foi dada era: “Olho por olho, dente por dente”; então, o único meio — digamos assim — para frear a ira das pessoas era a “vingança proporcionada”. Nós, porém, já podemos agir de outra forma.

Em primeiro lugar, vamos entender o que é a ira. Dentro de nós há um apetite concupiscível; são os nossos desejos diante de um bem fácil de ser alcançado. Por exemplo: há um prato de marmelada na sua frente e você quer comer aquele doce, então surge um desejo, do apetite concupiscível; mas, se por acaso alguém pegar essa marmelada e sair correndo, então é despertado nosso lado irascível.

O que é a ira? A ira é um desejo que encontrou dificuldade. Se você vê um bem, seja ele a marmelada, seja ele a santidade, seja ele o descanso, seja querer dormir um pouquinho mais hoje, seja o bem da família — não interessa o tamanho do bem —, e se você vê que há dificuldade em alcançá-lo, a reação passional — ou seja, dos seus sentimentos — é a ira, porque você queria, mas está sendo contrariado em seu desejo.

Ora, o único meio que há de não ficar se torturando o tempo todo, como cavalos de rédea curta segurando a raiva, é desejar o contrário do que se estava desejando.

Por exemplo, você pretendia não chegar atrasado, mas o trânsito está terrível; logo, você irá chegar atrasado de qualquer forma. Se você continuar desejando o impossível, que é chegar na hora; irá apenas se irritar à toa.

O que fazer então? Mudar o desejo. Agora que já está atrasado, queira de fato estar atrasado — não porque seja bom se atrasar —, mas porque poderá dizer: “Jesus, eu te ofereço a humilhação de chegar atrasado, porque tu te humilhastes por mim na Cruz”.

Quando se muda o desejo, a ira desaparece e vem a mansidão. Ser manso não quer dizer ser um “palerma”, alguém que não reage a nada. O que acontece é o seguinte: nós temos dentro de nós, às vezes, certo justicialismo: “Tudo tem de ser ‘2 + 2 = 4’, do jeitinho que eu planejei, do jeitinho que eu quis”. Isso torna a vida um inferno — a sua vida, a vida da sua família e a vida das pessoas com as quais você convive.

Jesus nos ensina a contrariar os nossos caprichos e desejos. Jesus nos ensina a dizer: “Alguém bateu no seu rosto? Dê a outra face. Alguém lhe tirou o manto? Dê a túnica também”. Trata-se de reagir, com aceitação e mansidão, às coisas que já não têm conserto. Por que você quer vingança? “A mim cabe a vingança”, diz Deus na Carta de São Paulo aos Romanos, capítulo 12.

Aprendamos, pois, a vencer o mal com o bem, o que não quer dizer que vamos aceitar passivamente todas as maldades e misérias. Não é isso! Significa simplesmente que nós, diante de injustiças que não têm conserto, iremos parar de nos torturar inutilmente, a fim de abraçar a Cruz, oferecendo e transformando a dor em amor. Desse modo, alcançaremos a mansidão.

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