Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 20, 1-16a)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: “O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’. E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!’ Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. Porém, cada um deles também recebeu uma moeda de prata. Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: ‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’. Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
Celebramos hoje, com grande alegria, a memória de São Bernardo de Claraval, conhecido como Doutor Melífluo por causa dos seus escritos, que exalavam tanta doçura que pareciam jorrar mel. Ele também é considerado um Padre da Igreja tardio — apesar de ser do século XII — devido ao seu estilo cativante que levava as pessoas para Deus.
Bernardo nasceu em uma família nobre e foi educado no conhecimento básico da época, o Trivium e o Quadrivium. Ele se destacava bastante nos estudos, mostrando que era uma pessoa intelectualmente preparada. Contudo, com a morte de sua mãe, Bernardo começou a pensar e a lutar internamente, querendo se dedicar mais a Deus. Tinha constantemente grandes lutas para manter a castidade na sua juventude, como mostra o episódio em que ele se jogou na água fria, gélida, durante o inverno para vencer as tentações.
Já progredido no seu amor a Cristo, ele resolveu entrar em um mosteiro, mas não naqueles que eram mais ricos e cheios de tradição na época, como os Beneditinos e o Mosteiro da Federação de Cluny, e sim no Mosteiro de Cîteaux, uma abadia cisterciense, que buscava uma vivência mais rigorosa da Regra de São Bento.
Esse mosteiro estava para fechar as portas, tão poucas eram as vocações devido à peste, que causou a morte de muitos monges, e o fato de a reforma não ser muito conhecida. Bernardo, entretanto, decidiu entrar naquela austeridade e pobreza.
Seus familiares, ao saberem da decisão dele, opuseram-se fortemente e foram ao mosteiro para arrancá-lo dali. No entanto, algo prodigioso aconteceu: Bernardo não somente convenceu sua família e seus amigos de que ele deveria permanecer no mosteiro, mas também conseguiu fazer com que seus quatro irmãos de sangue e vinte e cinco amigos entrassem na abadia para se dedicar a Deus. Logo, a partir desse testemunho grandioso, começaram a surgir muitas vocações, com a vontade de unir-se a Deus e estar com Ele.
Essa é a realidade do amor de Cristo, que não somente atrai a alma daquele que se vê cativado por esse amor, mas também se difunde espalhando-se para outras pessoas. É difícil fazer uma síntese da grande vida de São Bernardo, cheia de feitos heroicos e grandiosos, mas é maravilhoso recordarmos que um jovem de apenas 22 anos fez com que mais de 700 pessoas se entusiasmassem e se apaixonassem por Cristo a tal ponto que, após sua morte, haviam sido fundadas 360 abadias da Ordem Cisterciense. Esta, que Bernardo encontrou moribunda, quase fechando, na sua morte estava florescente, cheia de homens que realmente queriam se entregar a Deus.
São Bernardo é verdadeiramente um modelo para nós. Peçamos, portanto, a sua intercessão, para que ele nos ajude a voltarmos para Cristo, apaixonando-nos cada vez mais por Ele, e contagiarmos a outros com esse amor, levando todos para o caminho da santidade.




























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