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Texto do episódio
03

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 4,31-37)

Naquele tempo, Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”
Jesus o ameaçou, dizendo: “Cala-te, e sai dele!” Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem”. E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.

No Evangelho de hoje, Jesus desce de Nazaré para Cafarnaum e prega na sinagoga em dia de sábado. O povo reage, vendo que a sua palavra tinha autoridade; no original grego, “o seu lógos [λόγος]”, ou palavra, “tinha exousía [ἐξουσία]”.

É interessante para nós, que estamos vivendo o mês da Bíblia, compreender exatamente isto: Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne; Ele é o próprio Logos que se fez carne. Ora, a palavra de Deus não é como a nossa. A nossa palavra explica, a de Deus faz.

Quando Deus disse “Faça-se a luz”, não significa que Deus deu uma ordem, e então os anjos foram acender a luz. Nada disso. Quando Deus diz: “Faça-se a luz”, o próprio pronunciar da palavra faz com que a coisa aconteça. Isso significa que a Palavra de Deus tem o poder de realizar as coisas.

Ora, quando Cristo, Palavra na qual tudo foi criado, se faz homem — igual a nós em tudo, exceto no pecado —, a própria Pessoa d’Ele é uma revelação divina, é uma palavra de Deus.

É exatamente isso que nos recorda a Constituição “Dei Verbum”: a Pessoa de Jesus é a revelação encarnada. Portanto, as suas palavras, os seus gestos e os próprios acontecimentos de sua vida são uma revelação de Deus para nós. Vemos no homem Jesus ao Deus que se fez carne, ao Deus que se revela e se torna conhecido por nós.

Quando refletimos a respeito de Deus e da sabedoria divina, usando apenas a razão humana, somos capazes de enxergar a grandeza de Deus e o quanto Ele é sábio, sublime e inatingível; mas, ao olharmos para Jesus, vemos não somente isso: vemos que Deus, que habita em luz inacessível, veio ao nosso encontro para se revelar a nós e, ao se revelar, Ele nos salva.

Esse é outro princípio importante que encontramos na “Dei Verbum”, ou seja, Deus quis se revelar em Jesus Cristo não porque Ele nos quisesse contar umas “novidades”, notícias ou pequenas fofocas. Não, pelo contrário. Deus, ao se revelar, nos salva e, salvando-nos, se revela. Isso é importante: Deus, no processo de salvação, ao salvar o ser humano, está revelando o seu próprio coração.

Assim compreendemos com mais profundidade o que está no Evangelho de hoje: Jesus tem uma palavra de autoridade, ou seja, na autoridade da palavra de Cristo nós vemos ao próprio Deus que se revela não somente para nos dar a conhecer o seu amor, mas para, ao se revelar, realizar a salvação. Por isso a Palavra de Cristo é capaz de expulsar os demônios, de nos livrar da maldade que nos acorrenta e de nos libertar.

O próprio nome “Jesus”, Yeshua, significa “Deus salva”. O nome de Jesus diz qual é a sua missão. Ele é a Palavra salvadora de Deus, Palavra que não somente explica, mas faz e realiza o prodígio da nossa salvação.

Que Cristo venha à nossa vida com a sua palavra salvadora, a fim de nos iluminar e tirar das trevas do pecado e da morte.

COMENTÁRIO

(Mc 1,23-28) V. 23. E estava na sinagoga deles… Como Lc (4,33), Mc designa onde ocorreu o episódio, a fim de comprovar o milagre não só em razão do lugar, dado importante para dar fé a qualquer relato, mas também por força da quantidade e da variedade de testemunhas, entre as quais havia bons e maus israelitas. Com efeito, o milagre teve lugar na sinagoga, onde todos os judeus costumavam se reunir (Jo 18,20), e foi realizado na presença de fariseus e escribas, inimigos de Cristo, que eram como que os chefes da sinagoga.

— … um homem num espírito imundo, i.e. sob o poder de um espírito imundo (ἐν πνεύματι ἀϰαϑάρτῳ). Trata-se de um hebraísmo preservado em gr. pelo evangelista, frequente também em lt. (e.g., esse in armis = lit. ‘estar em armas’, i.e. ‘armado’). Chama-se ao demônio espírito imundo (ἀϰαϑάρος, impuro) porque repugna maximamente à santidade de Deus. — Mt escreve que, como Jesus percorresse a Galileia pregando o Evangelho, e a fama de seus milagres se espalhasse por toda a Síria (4,23s), traziam-lhe para os curar, aonde quer que fosse, todos os doentes e possessos. Por isso dizem alguns autores que o endemoniado de que fala Mc foi um daqueles que, segundo Mt, lhe eram apresentados, o qual não teria ido, só, à sinagoga, mas levado por parentes ou amigos. É provável, mas incerto.

E ele clamou, dizendo… Mc e Lc narram o mesmo porque, segundo Maldonado, não quiseram omitir um detalhe importante, a fim de indicar que o testemunho do demônio a respeito de Cristo não foi obscuro nem dissimulado, mas tão claro e tão distinto, que o espírito chegou a vociferar (ἀνέϰραξεν = gritou; Lc acrescenta: φωνῇ μεγάλῃ = em voz alta), para que o ouvissem quantos estavam na sinagoga. Não se sabe ao certo, porém, se ele clamou antes ou depois de Cristo mandá-lo sair; ou porque sentiu dores maiores que antes, devido à presença de Jesus, como parece dizer Crisóstomo; ou porque, tendo-o reconhecido, começou a temer que Ele também o expulsaria, como vinha fazendo a outros demônios. É mais provável que, aguilhoado por algum tormento espiritual, o demônio tenha clamado ao ver que teria de sair do homem.

V. 24. Que há entre nós e ti, ó Jesus Nazareno?, ou: “Por que vieste intrometer-te em nossas coisas?” [1]. Fala um só na pessoa dos demônios em geral, indicando que Cristo declarara guerra ao inferno inteiro, ou em nome de todos os que estavam naquele homem; é verossímil, com efeito, que nele houvesse muitos espíritos maus, como no caso de Madalena (Lc 8,2) e de outros possessos (cf., e.g., Mc 5,9; Lc 8,30). O espírito chama a Cristo pelo nome e o gentílico, Jesus Nazareno, para demonstrar o que dirá em seguida: Sei quem és etc., i.e. que o conhece bem. — Vieste (antes do tempo, em alguns códices lt.) nos perder, i.e. (a) destruir nosso reino não só em Cafarnaum, mas em todo o mundo; (b) tirar de nós o poder que temos sobre os homens; ou (c) mandar-nos para o inferno. A terceira leitura é mais provável, porque tanto Mc quanto Lc usam o verbo ἀπολέσαι (lt. perdere), e em Lc (8,31) os demônios rogam a Cristo que não os mande para o abismo, mas lhes permita entrar nos porcos. Há quem interprete essas palavras em sentido interrogativo (“vieste para nos perder?”) por paralelismo com a cláusula anterior (Lc 4,34). 

Sei quem és, o Santo de Deus (ὁ ἅγιος τοῦ Θεοῦ), i.e. homem de especial santidade, consagrado a Deus de modo singular. “Por si só, esse título não contém uma profissão da divindade de Jesus” (Knabenbauer); mas não há dúvida de que os demônios o utilizaram em sentido messiânico, visto que logo depois (Mc 3,12) chamarão abertamente a Jesus Filho de Deus. — Na esteira de Eutímio e Teofilacto, Maldonado pensa que as palavras do demônio contêm, de fato, uma declaração da divindade de Jesus, o que seria confirmado pela uso de ὁ ἅγιος, com art. definido = ‘aquele santo determinado’. Nesse sentido, Jesus não seria santo como o foram os profetas, mas como o é o próprio Deus, i.e. santo por antonomásia. Com efeito, os hebreus costumavam chamar a Deus santo de modo absoluto, sem nenhum acréscimo (cf., e.g., Is 1,4; 31,1; 37,23; 40,25; Dn 4,10.20). À objeção de que o demônio diz o santo de Deus, e não santo Deus, responde Maldonado que a primeira expressão equivaleria a santo Filho de Deus, que é essencialmente santo como o Pai (Lc 1,35).

V. 25. Mas Jesus o ameaçou, objurgou, repreendeu imperando e dizendo: Cala-te… A expressão em gr. (φιμώϑητι = ‘põe freio na boca’, ‘ata a língua!’) denota desprezo. Cristo não quer ser preconizado por demônios, já porque recusasse tê-los por testemunhas, já porque não quisesse dar motivo ao povo para pensar que tinha familiaridade com espíritos imundos, já porque não tivesse chegado ainda o tempo de se manifestar publicamente como o Filho de Deus. — E sai desse homem!, quer dizer, não quero a glória que me atribuis, o que quero é saias do homem. Eu não busco a minha glória; há quem tome cuidado dela, e quem fará justiça (Jo 8,50), quero libertar o homem de tua tirania, por isso levarei comigo os cativos (Sl 67,19). 

V. 26s. Então o espírito imundo, agitando-o violentamente (Lc: depois de o ter lançado por terra no meio de todos), e dando um grande grito, saiu dele, no que se põem em evidência a malícia de quem é expulso e a potência de quem o expulsa, pois o demônio não fez mal algum ao homem (Lc). Os presentes, por sua vez, diziam atônitos uns aos outros: Doutrina nova! (segundo o texto gr.), i.e. um novo método de ensino! Com autoridade (gr. ϰατ’ ἐξουσίαν, lt. in potestate) manda até aos espíritos imundos etc. Outros leem assim o texto gr.: Doutrina nova com autoridade, manda até os espíritos imundos etc.

V. 28. E divulgou-se logo a sua fama por toda a terra da Galileia, a saber: por todas as regiões que se incluem na Galileia; para outros intérpretes, ‘pelas regiões vizinhas da Galileia’, e.g. a Síria (Mt 4,23).

Notas

  1. Maldonado argumenta que a pergunta do demônio não significa: Que há de comum ou semelhante entre nós, i.e. não tem o sentido do que Paulo escreve em 2Cor 6,14s: Que união pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que sociedade entre a luz e as trevas? Que concórdia entre Cristo e Belial? De fato, se o houvesse dito, o demônio tornaria ainda mais grave sua culpa, ao reconhecer não ter nada de bom em comum com Cristo. Tampouco significa: Que temos a ver contigo, porque tinham muito a ver com ele, enquanto criaturas suas, o que parecem confessar ao chamá-lo o Santo de Deus, i.e. verdadeiro Deus. A pergunta do demônio, portanto, só pode significar aqui: Que te fizemos de mal?, ou: Por que fazes guerra contra nós? Por que nos atormentas? Afligimos, não a ti, que és o Santo de Deus, mas os pecadores, a quem, como se fossem direito nosso, tentamos levar para o inferno! Também nós costumamos falar assim, quando um amigo ou desconhecido se intromete em alguma discussão nossa, mas a favor da outra parte: “O que você tem a ver com isso?”, o que equivale a dizer: “Saia daqui e deixe-me cuidar dos meus próprios assuntos!” Neste mesmo sentido disse Davi aos filhos de Sarvia: Que importa a mim e a vós, filhos de Sarvia? (2Sm 16,10), i.e. “Que vos fiz de mal para que sempre me frustreis os planos?” Confirmam esta interpretação as palavras que seguem: Sei quem és, o Santo de Deus, como se dissesse: “Não maquinamos nada contra ti, pois sabemos que não és do número dos homens pecadores, os únicos sobre os quais temos direito”.

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